Henry
A ruiva ao meu lado foca seu olhar nas ruas iluminadas de Nova York, enquanto um pequeno sorriso está esboçado em seu rosto. O silêncio está instalado entre nós dois.
Fazem alguns minutos que saímos do apartamento da Flora, e a felicidade não deixa de me consumir. Saber que serei tio novamente me deixa feliz demais.
— O que tanto você pensa? — pergunto ao não aguentar mais o silêncio. Olho para cima, vendo o sinal vermelho.
Scarlett parece se dispersar dos seus pensamentos, e seu olhar se foca em mim, sem deixar o seu sorriso desaparecer.
Aparentemente, ela também está feliz.
— Em nada específico — responde calma. — Só estou completamente feliz pela Flora, gosto de ver ela feliz.
Sorri de canto.
— Eu também gosto. Acho admirável a família que ela está criando.
— É admirável mesmo — concorda ela. — Acho que é o sonho de todo mundo.
— Nem de todos — desvio o olhar, olhando para o carro que parou ao lado do meu.
— Não é o seu? — ela pergunta, aparentemente surpresa.
Solto um pequeno riso antes de responder.
— O amor não é para mim, Scarlett. Acabei percebendo isso faz algum tempo, a estou começando a me conformar com isso — digo. Essas palavras saem amargas da minha boca, porque nem eu não gostaria de acreditar nisso, mas infelizmente, ou felizmente, estou começando a levar isso a jus.
— O amor é para todos, Henrique — ela retruca, calmamente. — Apenas temos que aproveita-lo, e esperar com que ele aconteça.
— Será mesmo? — troco um pequeno olhar com ela, retomando o rumo pela estrada já que o sinal voltou a ficar verde.
— Eu não sou exemplo para falar de relacionamentos, isso é verdade. O que eu passei não desejo para ninguém, mas bem no fundo, acredito que o amor ainda é para todos. O amor é algo tão leve, tão aconchegante, tão simples, tão natural, tão inesperado que todas as pessoas devem, e têm, o direito de conhecê-lo. Alguma vez na vida as pessoas devem se sentir amadas; acolhidas; confortadas, do jeito mais puro e embriagante de todos. Por que mesmo que o amor seja dopador, sem um pingo de amor a gente não vive, isso é algo praticamente impossível de acontecer.
Suas palavras me tocam em cheio, e sou a obrigado a segurar o volante com mais força. No fundo eu sei que ela tem completa razão. Todo mundo perece amar e ser amado pelo menos uma vez na vida, e falando assim parece fácil isso acontecer, mas nem sempre é.
— Mas e as decepções amorosas, o que elas tem de bom? — sou racional, fazendo a ruiva demorar alguns segundos antes de retomar o fôlego para me responder.
— Nada na vida é fácil, e mesmo com poucas experiências, sei que o amor também não. Temos que lutar contra ele, não deixar ele nos derrubar, e nem fazê-lo deixar todos nós desacreditarmos desse sentimento.
A cada fala ela parece me tocar ainda mais.
— Nem tudo é tão fácil como parece, Scarlett — ainda reluto.
— E realmente não é, Henrique. Mas se você não se libertar, não tentar vencer seus medos, seus traumas, decepções e suas barreiras, nada acontecerá. — responde por fim, me deixando sem palavras.
Por que ela tinha que ser tão incrível ao ponto de me deixar ficar sem palavras diversas vezes? Isso não só foi uma explicação do amor para mim, mas ao mesmo tempo pareceu que ela estava falando aquelas palavras para ela.
Scarlett, mais do que uma vez já me disse que está tentando vencer seus traumas e tentar esquecer tudo de ruim que aconteceu na sua vida, e isso só faz com eu a ache ainda mais incrível.
Essa mulher não deveria, mas está entrando cada dia mais dentro de mim... do meu coração.
Por sorte, depois de ficar dirigindo mais alguns minutos em total silêncio chego em frente ao seu prédio, e desligo o carro, esperando algo acontecer.
— Alguém já quebrou seu coração? — ela pergunta retomando o assunto, me fazendo retorcer o lábio.
— Não, eu nunca sequer namorei — sou sincero, e nem ao mínimo olho para ela.
— Então porque tem como exemplo o amor assim?
Suspiro, vendo que esse assunto ainda vai render muito. Ao sentir seus dedos pequenos e delicados tocarem meu braço, viro meu rosto para encara-la.
Ela não tem um sorriso no rosto, e muito menos uma expressão de brava. Seu rosto demostra calma, alegando que ela quer realmente tentar entender o porquê da minha visão sobre o amor ser essa.
— Eu desejo uma pessoa a meses, mas ela nem sequer sente o mesmo por mim. Eu tentei esquecer ela com outras, mas não deu certo porque todos os dias eu acabo vendo ela, e o desejo parece se duplicar cada vez mais — solto e logo me arrependo amargamente. Eu não deveria ter dito isso! Não para ela!
Ela passa a língua nos lábios, me olhando no fundo dos olhos.
Porra!
— Você já tentou falar com ela?
— Não sobre o que sinto — confesso, mantendo nosso contato visual.
— Pois deveria, talvez ela sinta o mesmo por você e os dois estejam guardando isso somente para si — divaga, virando-se para pegar sua bolsa que estava no chão do carro.
Fico estático, pensando e repensando em suas palavras. Será que ela desconfia que seja ela que a pessoa que eu falei? Eu nunca pensei que fosse tão difícil assim, mas sempre tentei fugir dessa droga que é o amor, mas o circo para mim tem se fechado cada dia mais e isso me deixa, de certa forma, apreensivo com o que vai acontecer.
Estar confuso desse jeito não deveria ser normal, e nunca foi algo cotidiano para mim, mas tem se tornado diário e isso é uma merda.
— Eu vou subir, já está tarde, estou cansada — ela diz, me retirando do meu transe e balanço a cabeça em concordância, destravando as portas do carro.
Observo ela abrir a porta do carro, prestes a sair dele. Mordo o lábio inferior em automático, tomando uma atitude. Pego em sua mão, antes dela sair e suas órbitas verdes se focam em mim. Seus olhar está indescritível, e nem mesmo eu que o observo há dias não consigo distingui-lo. Julgo que nem ela mesma.
Atravesso meu olhar por todo o seu rosto, dando uma atenção para as suas sardas e principalmente, para sua boca, que hoje, muito além do que os outros dias me tomou uma atenção imensa. Seus lábios são finos, e parecem deliciosos, fazendo minha vontade de prova-los aumentar cada dia mais.
Por fim, destravo meu sinto, me inclinando em sua direção e depósito um beijo suave, duradouro e complementar na sua bochecha, e no mesmo momento, vejo um rubor se espalhar pelas mesmas, sendo inevitável não sorrir de canto.
— Desejo que tenha uma boa noite, até amanhã — meu rosto ainda está um pouco próximo do meu, e vejo ela engolir em seco, passando a língua pelos lábios mais uma vez.
— Até — ela se disperta também, e acabando com a bolha que havia se formado entre nós, afasta seu rosto do meu, abrindo por completo a porta do carro.
Olhando ela sair, percebo pela milésima vez que seus cabelos ruivos e tão lindos preenchem metade das suas costas, mas eles logo desaparecem, quando ela adentra a prédio por completo.
Continuo ali parado por mais alguns minutos, dando-me conta do que acaba de acontecer, e com um ponto, talvez errado, dentro de mim.
Eu pretendo, e talvez até necessite, ter um contato há mais com Scarlett.
•••
Eita! Revelações e mais revelações. Será que ela também quer?Henrique tem um desejo, mas a questão é: ele vai ser realizado?
Espero que estejam gostando do livro, fico cada dia mais feliz por tê-los aqui comigo.
Até o próximo meus amores. 🧡
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Uma Paixão Inesquecível - Os Peterson 3 (Concluído)
RomanceLivro 3 da série: Os Peterson. Henrique Peterson, mais conhecido como Henry, sempre foi regado por mulheres, teve tudo e todas que queria em sua cama. Mas se apaixonar nunca foi algo realmente funcionou com ele. Até que encontra uma certa mulher com...