Capítulo 32

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Scarlett

— Isso parece fácil, mas tenho certeza que não é — digo focando meus olhos nos seus olhos azuis.

— É fácil sim. Vem aqui, vou te ensinar — me chama para sentar no meio das suas pernas, afastando a guitarra do seu colo.

Ainda um pouco relutante, me aproximo, sentando-me ali e tranquilizo-me ao sentir o calor do seu peito.

Tomo cuidado quando ele afirma a guitarra em minhas pernas, me incentivando a segura-la e assim faço, sentindo o seu material tocar minhas mãos e passo meus dedos pelas cordas, fazendo um nota ecoar pela sala. O barulho era bonito de se escutar, mas ao mesmo tempo alto e isso era uma coisa que tínhamos que tomar cuidado já que pelo horário o barulho alto não é mais permitido.

— Você nem começou a tocar e já conseguiu reproduzir umas das notas mais difíceis.

Viro meu rosto para trás, dando de cara com seu rosto á centímetros do meu e um sorriso em seus lábios.

— Sério?

— Sim — afirma, também sorrindo. — Eu demorei um bom tempo para aprende-lá e você dê primeira já conseguiu acerta-lá, isso é surpreendente.

— Nossa — sorrio, realmente contente. — Isso é bom.

Henry concorda, começando a me dar mais algumas instruções para que eu possa tocar corretamente já que o pedi para fazermos isso.

Meus últimos dias realmente estão um caos total. Com a doença que foi recentemente descoberta de meu pai, minha vida virou de cabeça para baixo, novamente. Meus dias são tristes, repletos por preocupação e inseguranças por não saber até quando meu pai vai superar. Não temos mais certeza de quando ele vai conseguir se recuperar e se é que vai. Em alguns dias ele amanhece bem, já em outros, dá a impressão que irá durar poucas horas e isso é algo sufocante.

Me sinto perdida em meio a tudo isso, sem muito o que fazer e sem muitas escolhas também. Esperar, esperar e esperar já está se tornando cômico para mim e por diversas vezes sinto que estou a ponto de enlouquecer com o pensamento de não ter mais meu pai entre nós. Sei que ninguém tem a capacidade de viver eternamente, essa é a lei da vida, mas quando amamos alguém a última coisa que queremos é perde-lá e eu amo meu pai, amo muito.

Ainda tem toda a situação da minha mãe ter voltado e desenvolvido um "amor" pelo meu pai novamente, o que torna tudo ainda mais estranho e nem em minha própria casa eu consigo ter um tempo para ficar sozinha já que ela está lá e infelizmente não consigo me sentir muito á vontade com sua presença. Eu amo minha mãe, mas amo de um jeito diferente. Ainda depois de tantos anos é difícil para mim conseguir entender o motivo dela ter destruído a nossa família para ficar com outro homem já que não amava mais meu pai. Mas isso nem é o pior, o pior mesmo é que a guarda era compartilhada e quando eu e Steve ficávamos com ela e ela por diversas vezes deixava a gente um pouco de lado para dar atenção para seu namorado me revoltou muito naquela época e hoje eu ainda levo um pouco de remorso daquilo. Não era nada fácil presenciar aquilo e achar normal. Eu era apenas uma criança.

O que tem de fato me acalmado nesses dias é Henrique que não deixou de ficar ao meu lado em nenhum momento. É clichê mas quando fico perto dele uma onda de tranquilidade se apossa de mim e eu gosto muito de ter esse sentimento. Estarmos namorando não mudou em praticamente nada só fortaleceu ainda mais o que estávamos tendo e eu estou gostando muito de tudo que estávamos passando juntos. Sinto também que estou cada dia mais apaixonada por ele e isso de uma forma estranha consegue me deixar feliz.

— Dependendo da corda que você encostar um som diferente irá sair, você sabe disso, não sabe? — pergunta me dispersando dos meus pensamentos e afirmo passando meus dedos nas cordas novamente.

— Você parece tão experiente mas nunca vi você tocando — lembro-me,  ficando confusa. Desde a primeira vez que vim até o seu apartamento já vi sua guitarra pendurada mas ele nunca havia tocado, pelo menos não em minha frente.

— Eu costumo guardar isso mais para mim, poucas pessoas sabem — explica. — Comecei a tocar quando ainda era adolescente para infernizar minha mãe com o barulho alto mas acabou que acabei me encantando pela música e continuei tocando, não para incomodar ela, mas sim porque eu queria. Hoje em dia toco bem pouco, já que o tempo se torna escasso para mim, mas sempre que posso e estou sozinho aproveito para tocar.

— Por que quando está sozinho? — questiono mais uma vez curiosa, dessa vez me virando de frente para ele.

— Ter o olhar dos outros me desconcentra e eu também não me sinto muito á vontade, acho que esse sempre foi o motivo para mim nunca ter investido na carreira de músico — suspira, parecendo nostálgico. — Em uma época da minha vida me doeu muito quando comecei a errar sendo que eu já tinha aprendido como se tocava aquelas notas e eu desisti completamente de tocar alguma coisa por um tempo, mas depois de que toda a poeira abaixou eu vi que na verdade tocar somente me acalmava e não me fazia nenhum mal retomei minha rotina com a música. Passei noites em claro somente aprendendo sozinho e tocando novas notas e sempre que eu errava alguma lembrava que nunca fui alguém que desistiu das coisas facilmente, por esse motivo continuei insistindo e tentando até que consegui e desde então nunca mais parei e não pretendo parar nunca.

O olho completamente admirada, me encontrando até sem palavras para respondê-lo depois dele ter me contando isso com um sorriso no rosto, parecendo nostálgico e olho em seus olhos que agora brilham e me deixam fascinada por eles.

— Você é incrível — coloco minhas duas mãos em seu rosto. — Completamente incrível, e isso me deixa ainda mais apaixonada por você.

— Você está apaixonada por mim? — pergunta parecendo um pouco chocado.

— E você ainda tinha dúvidas? — sorrio sacana.

Henry aumenta seu sorriso, se aproximando e em um movimento rápido afasta a guitarra do meu colo, me puxando para sentar em suas pernas e sorrio ainda mais, passando minhas mãos por seu rosto.

— Adorei saber que meus sentimentos são recíprocos — faz carinho em meus cabelos me olhando nos olhos. — Você me faz feliz.

Aperto meus lábios em linha reta, sentindo esse sentimento também crescer dentro de mim. Parece que mesmo que a tristeza dos últimos dias ainda esteja presente dentro do meu ser, um ponto de felicidade acaba de crescer também, fazendo com que toda a tristeza e pensamentos ruins fossem embora por alguns segundos.

— Eu que deveria estar te dizendo isso, já que você causa isso em mim — passo meus braços pelo seu pescoço, sentindo-me totalmente leve nesse momento.

— Não vejo problema nenhum de dizermos a mesma coisa — seu tom é divertido e acabo rindo.

Ainda com um sorriso aberto no rosto ele se aproxima, passando seus olhos por toda a minha face. Suas mãos acompanham seus olhos e a cada sarda que ele toca o próprio faz questão de dar uma atenção maior para elas o que me faz, por mais uma vez, sorrir feito boba.

— Adoro elas — sussurra baixinho, ao mesmo momento que aproxima sua boca da minha, em um breve e calmo beijo.

•••
Ver eles dois assim dando forças um pro outro por causa desse momento difícil que Scarlett tem passado deixa meu coração quentinho.

Henry e seu amor incurável pela música, só eu que fico muito admirada por isso?

Espero que tenham gostado do capítulo.

Até o próximo meus amores. 🧡

Uma Paixão Inesquecível - Os Peterson 3  (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora