Ruggero P.
─ Eu quero ver a minha filha! ─ Exigi assim que entrei no hospital e dei de cara com Otávio. ─ Quero vê-la agora!
Meus olhos não eram capazes de sequer enxergar direito. Eu estava cego de desespero, tremia de dentro pra fora, como se meus órgãos estivessem boiando em algum líquido ácido.
E só conseguia pensar no que tinha acontecido com a minha filha, porque ninguém me falava com clareza.Eu não ia muito longe com o barco quando começaram a gritar, se aproximaram com outro barco e acenaram, dizendo-me que Celeste tinha sofrido um acidente.
Mas eu não entendia nada. A minha filha estava com a Karol...E a Karol sequer estava no hospital.
Eu... Eu não compreendia.
─ Ruggero, por favor, fica calmo.
─ Ficar calmo? – Retruquei exasperado. ─ Como assim ficar calmo? É a minha filha! Cadê ela? O que aconteceu? Cadê, Otávio?!
─ Ruggero, você tem que me escutar! Calma, porra! Calma! ─ Ele começou a me empurrar na direção da parede, repetindo que eu tinha que me acalmar, mas eu não entendia. Como eu ia me acalmar se a minha filha estava machucada... ─ Ruggero, olha na minha cara. Ruggero!
─ Cadê a Celeste? – Rosnei por entre os dentes.
Otávio segurou meus ombros, prendendo-me contra a parede.
─ Olha pra mim, presta atenção! A Celeste está bem, ok? Ela está bem. Foi só um susto. Uma mulher que estava dirigindo começou a ter um principio de infarto e perdeu o controle do carro, a Cel estava na beira da estrada com os amigos e quase foi atingida, mas o carro não pegou nela, ouviu? Ela está bem!
─ Não aconteceu nada? ─ Minha voz era um mero fiapo. Minhas mãos amassavam o jaleco branco dele. ─ Diz, Otávio! Não aconteceu nada mesmo? A Celeste está viva? Está bem mesmo?
─ Ela está com alguns arranhões nas pernas, porque acabou caindo, mas fora isso está ótima. Apenas bastante assustada.
Assenti, assimilando.
O ar começava a circular de novo pelos meus pulmões.
─ Ok. E-eu... Eu quero vê-la. Quero ver a minha filha. Quero ter certeza que isso é verdade. A Karol está com ela?
Otávio soltou meus braços e deu uns passos para trás, arrumando o estetoscópio pendurado no pescoço; seu olhar pairou em volta.
Franzi o cenho.
Não entrava na minha cabeça que Karol tivesse deixado Celeste ir sozinha. Claro que não.
─ Por Deus! ─ A voz do meu pai roubou minha atenção. Ele vinha com dona Malu. ─ Como está a minha neta? Cadê ela?
─ A Cel está bem, fiquem tranquilos. – Otávio adiantou.
─ Bendito seja Deus! – Malu fez o sinal da cruz e secou os olhos úmidos. ─ Mas, afinal, o que aconteceu? A minha sobrinha está com ela?
─ É o que eu quero saber... – Falei, confuso. ─ Cadê a minha mulher? Ela está com a Celeste, certo? Eu sei que a Karol não deixaria a nossa filha sozinha.
─ Ruggero, presta atenção...
─ Fala logo, Otávio! O que aconteceu? É alguma coisa com a Celeste? O que você está escondendo?! Fala, cacete!
─ Meu filho, calma... ─ Meu pai me puxou, afastando-me de Otávio. Eu sequer tinha me dado conta que estava indo em sua direção. ─ Tenho certeza que o Otávio vai explicar tudo. Acalme-se!
VOCÊ ESTÁ LENDO
AMAR
FanfictionCassiel é um anjo um tanto... Diferente. De uma hora para outra sua missão se torna unir um casal, aparentemente, improvável. Ele precisa fazer com que o jovem viúvo Ruggero Pasquarelli, redescubra o amor enquanto equilibra suas obrigações do dia a...