Karol S.
Eu não fazia idéia de quanto tempo já tinha se passado desde o acidente quando foram me buscar na UTI e me levar para o quarto. Não me dei ao trabalho de perguntar, porque sinceramente não importava tanto assim; eu só queria ver as pessoas que amo.
De tanto querer talvez eu tenha atraído, porque quando cheguei ao quarto, tia Malu e meus pais estavam lá, esperando-me.
Uma sensação muito forte me tomou e comecei a chorar, mesmo sem estar sentindo dor alguma.
Talvez eu estivesse dopada demais para sentir qualquer coisa física, entretanto, meu lado emocional permanecia sensível, capaz de me fazer soluçar só de ver a minha família ali.Quando mamãe me abraçou, tomando todo o cuidado do mundo para não me machucar, pensei que iria desmaiar, mas ao mesmo tempo comecei a rir, absorvendo o perfume delicioso que cobria sua pele macia e bem cuidada; ela beijou minha testa e se afastou, secando minhas lágrimas com os polegares.
─ A mamãe está aqui agora, tá? Fica tranquila.
Assenti, ainda chorando.
Eu não estava me debulhando em lágrimas por estar triste, confusa ou com dores. Eu estava assim por me sentir imensamente feliz, acolhida, amada.
─ Que bom que vieram. ─ Sussurrei com a voz entalada.
Papai também se aproximou da cama, pegando minha mão na sua e beijando-a em seguida.
─ Assim que Malu nos avisou, nós viemos. ─ Ele comprimiu os lábios, receoso. ─ Não entendemos como isso tudo pôde acontecer. Aquele rapaz era maluco? Filha, se nós soubéssemos...
─ Não tinha como saber, papai. ─ Intercedi. ─ Agustín tomou algumas atitudes estranhas, mas ninguém achou que ele chegaria a tanto, principalmente com a polícia em seu encalço. Não se preocupe, foi uma fatalidade.
Eu já sabia que ele tinha morrido. Assim que acordei na UTI indaguei a Otávio sobre Agus. A imagem daquele caco de vidro enfiado em seu pescoço ainda me assombrava, mas não cheguei a cogitar que ele já estava morto naquele momento.
Sim, eu queria que ele pagasse pelo que fez, mas ainda era atordoante pensar em como tudo se sucedeu.
─ Ainda assim... ─ Meu pai retomou, inconformado. ─ Devíamos... Digo, se soubéssemos, se tivéssemos idéia do que estava acontecendo, teríamos resolvido isso com esse rapaz. Foi mais um erro nosso, porque nunca procuramos saber quem estava próximo a você, com quem estava convivendo...
─ Com as melhores pessoas, posso afirmar. ─ Tia Malu intercedeu, piscando o olho pra mim. Ela estava ao pé da cama, com olheiras profundas, mas com um sorriso gentil nos lábios. Sempre amável. ─ Agustín foi uma surpresa para todos aqui na ilha. Ninguém nunca viu uma pessoa tão má intencionada. Posso lhe garantir que Karol esteve sempre rodeada de amor.
Concordei prontamente.
─ Papai... ─ Apertei sua mão que estava segurando a minha. ─ Tia Malu tem toda a razão. Aqui na ilha só há boas pessoas. O Agustín era alguém perturbado, perverso, mas não tem nada a ver com o pessoal daqui.
Mesmo contrariado ele assentiu, trocando um olhar rápido com mamãe.
─ Filha ─ Minha mãe chamou, fazendo-me virar o rosto para o seu lado. Ela se sentou na beirada da cama e acariciou meu rosto. ─, durante toda a viagem estivemos conversando sobre a sua situação. Entendemos que naquele momento foi o melhor te mandarmos para cá, mas agora não há mais necessidade disso.
Pisquei os olhos uniformemente, sem compreender.
─ O que estão querendo dizer?
─ Javier... ─ Tia Malu disse. ─, talvez esteja na hora de contar a verdade para a Karol. Ela merece saber o que aconteceu de fato.
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AMAR
FanfictionCassiel é um anjo um tanto... Diferente. De uma hora para outra sua missão se torna unir um casal, aparentemente, improvável. Ele precisa fazer com que o jovem viúvo Ruggero Pasquarelli, redescubra o amor enquanto equilibra suas obrigações do dia a...