Trinta e Quatro

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Karol S.

─ Karol, espera, eu não estou...

─ Vai continuar mentindo? É sério que você vai continuar me tratando como uma idiota?

─ Linda, acontece que eu... De onde você tirou isso?

Eu tive que rir.

─ Ruggero, pelo amor de Deus! Por quê? Para que tanto teatro, tantas mentiras? Por favor, seja sincero ao menos uma vez! Eu a vi! Falei com ela. A Débora está viva, caramba!

Ele sempre evitou mencioná-la, fazia até o impossível para não tocar em seu nome. E eu sempre pensei que fosse pela dor da perda, por um amor que foi tão forte e que nunca poderia ser esquecido...

E eu respeitava isso. Compreendia. Eles tinham um vínculo eterno e muito maior que qualquer outra coisa.

Entretanto, era só a covardia falando mais alto.

─ Amor, não é assim... Não é desse jeito que você está pensando, eu...

─ Então como é? ─ Esbravejei por sobre o barulho da chuva. ─ Fala, Ruggero! Explica, porque eu realmente não entendo o que leva alguém a inventar uma coisa dessas.

Ele foi chegando perto

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Ele foi chegando perto.

A água morna que caia do céu contornava seu lindo rosto, descendo por seu peito nu.

Não era que eu não sentisse a dor que seus olhos exprimiam, mas era difícil de acreditar. Era quase impossível, naquele momento, crer em qualquer coisa que viesse dele. Por isso fui cambaleando tropegamente para trás, pedindo que não me tocasse.

─ As coisas não foram assim como você deve estar pensando... Eu te juro que eu nunca consegui viver em paz por causa dessa mentira, mas voltar atrás era pior. Eu tinha que proteger a Celeste.

─ Da própria mãe dela? – Desdenhei. ─ Pelo amor de Deus!

─ Você não sabe do que a Débora é capaz, Karol! Você não faz idéia da mulher perversa que ela é. Só eu sei o que ela fez, só a minha filha sabe o quanto precisou lutar pela vida por causa daquela mulher infeliz!

Abanei a cabeça, negando.

Não era possível que aquela mulher desesperada... Não.

As coisas não se encaixavam.

─ Do que você está falando? A Débora disse que você roubou a Celeste dela, que a expulsou de casa... Ruggero, diz a verdade!

─ Eu estou dizendo! Karol, estou falando a única verdade. A Débora é e sempre foi perversa. A Celeste quase morreu por culpa dela. Ela nunca amou a Cel!

─ Isso não faz sentido...

A minha cabeça estava girando como um carrossel desgovernado. Nada fazia o menor sentido.

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