Capítulo 22

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Laura

Depois da tarde horrorosa que tive, permiti-me a chora debaixo do chuveiro. Eu sabia no fundo do peito que, isso era uma farsa de Lucia para me levar para lá. Para casa. Deveria ter sacado isso bem no som da sua voz. Ela nunca quis que eu voltasse, ela só quer o maldito dinheiro que sabem que eu tenho. Sempre isso, sete meses mentido a todos, ela soube ou descobriu do milionário que hoje estou casada. Mas não sabe que eu entrei em no jogo de Caio, ninguém sabe, aliás. Minha mãe me culpa pela morte do meu pai, minha irmã me culpa pelas desgraças que aconteceu em sua vida. Seu namorado, seu marido. Tudo é minha culpa. Até caindo da cama é minha culpa.

Tinha treze anos quando meu pai morreu, eu estava ao seu lado no carro quando aconteceu o acidente. De fato, deveria ter mim odiado quando eu acordei e descobrir que eu estava viva e ele não. Mas eu sobrevivi. É exatamente por isso que minha mãe me odeia. Eu tirei o que ela mais amava. Agora só restou Lucia para ela amar. Eu fui jogada em escanteio para não voltar mais em sua vida.

Soquei a parede. Deveria odiá-las, mas não consigo, não dar para odiar pessoas do mesmo sangue. Eu tento, mas eu falho em todas as tentativas.

— Eu deveria ter morrido e você não... Pai... Eu sinto muito. Muito mesmo. — Sussurrei.

Fechei meus com força.

— Não deveria se massacra por algo que você não cometeu, Laura. — Murmurou Caio, atrás de mim.

Dei um pulo para o lado. Me virei, encobrido meus seios e minha... Ergui meu rosto.

— O que... Tá fazendo aqui? — Engulo em seco. Desligo o chuveiro. Ele entregou a toalha a mim, peguei e me encobri rapidamente.

— O muro que você deu em algum lugar aí me fez entrar. — Disse.

Mordi o lábio.

— É. Não sou tão perfeita assim.

— Ninguém perfeito, só algumas pessoas que tentam ser.

Olhei para baixo, para meus pés molhados.

— Suponho que seja você. — Levantei meus olhos.

Caio me encara com algo a mais em seus olhos escuros. Seu cabelo está bagunçado, sem mais aquela roupa formal.

— Errou, bela Laura. Eu tento ser, mas falho em todas as tentativas. — Sorriu, um sorriso vazio. — Pensei que já soubesse. — Disse.

Suspirei fundo. Devo sair da frente dele e me vestir.

— Não. Não sei. — Disse. — Deveria saber?

Ele assentiu.

— Sim, deve saber.

O olhei em seus olhos.

— Porque me chama de "bela Laura"?

Ele deu de ombros.

— Quando a vi no bar percebi que você é a mulher mais bela que já vi. Ainda que esteja bêbada. — Sorriu.

— É mesmo?

Esqueci porque estava chorado debaixo do chuveiro. Esqueci até como me chamava.

— É. — Sussurrei.

Caio aproxima mais de mim. Queria muito recuar, mas não recuei. Talvez ele pensasse que eu iria recuar também, mas não fiz. Ele tocou sua mão quente na minha bochecha gelada.

Fechei meus olhos, deixando essa sensação me dominar. Seus dedos afundaram no meu cabelo e com seu polegar ergueu meu queixo. Abrir meus olhos. Encarei seus olhos. Então, Caio me beijou.

Não queria sentir nada a mais, somente ele. Só ele.

Ele me ergueu, me colocando sobre a pia de mármore.

Minhas mãos seguram seu pescoço. Então fiz o que não deveria. Entrega-me a ele.

O CONTRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora