#1 - O começo do Para Sempre

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Olá. Meu nome é Diana, e eu me meti na maior confusão da minha vida. E agora, eu estou internada num hospital para loucos, diagnosticada como um caso de esquizofrenia grave.

Vou contar como tudo começou.
Tenho 14 anos, cabelos castanhos lisos, olhos escuros, bronzeada. Essa sou eu.

25 de Julho - 11:40AM

Era minha festa de aniversário. Eu odeio coração de galinha. Mas, justo no meu aniversário, servem isso. O relógio marca 11:40AM, estão fazendo um churrasco antes de começarem a servir os doces. Os meus pais, Mauro e Fernanda, tinham acabado de comprar um casarão com um jardim enorme. Eu já tinha revirado cada pedacinho dele. Ainda faltava grama em algumas partes, mas estava ficando bonito. Porém, eu não quis esperar o jardim ser preenchido pelo verde. Antes tivesse, teria evitado tanta coisa...

No jardim foi armado uma tenda branca enorme, com cachos de bexigas amarelas e azuis. Mesas brancas de plástico embaixo da tenda. Foram convidados os meus melhores amigos: Larissa, Isabella, Júlia, João e Lucas.

Larissa tem o cabelo loiro meio cor de mel, liso e comprido. O cabelo de Julie é cacheado e bem curtinho, originalmente castanho como o meu, mas ela fez californiana. O de Isa é preto e chega na cintura, e ela ama cantar.  João é o comediante da turma, e Lucas o mais lerdo, sempre o último a entender a piada.

Nas outras mesas estavam os amigos dos meus pais, e, em peso, minha família, que é gigantesca.

Como nossa casa nova é basicamente num fim de mundo (pelo menos pra mim) eu vou mudar para uma escola mais perto de casa, o que é horrível, pois eu nunca mudei de escola antes e pra piorar, sou muito tímida.  Minha nova escola ia começar dia 1 de Agosto, daqui a 5 dias. Mas agora não quero nem pensar nisso.
- Neta, vá buscar mais uma bandeija de coração de galinha na churrasqueira!

Era o meu avô falando, ele que estava supervisionando a festa. Lá vou eu atravessar o jardim pra chegar na maldita churrasqueira. Eu poderia ir pelo meio da festa, o caminho mais curto, mas não quero ter que ficar cumprimentando as pessoas com meu sorriso congelado o caminho todo, então vou pela parte mais deserta e tranquila: o jardim.

De repente, um vulto branco passa por mim e se esconde numa moita.

Eu olho de novo, mas não vejo nada, então digo pra mim mesma que imaginei o vulto e continuo a andar.

Mais a frente, quando eu passava perto de uma moita, um coelho salta e agarra meu pé.

Eu grito.

Mas, com o barulho da festa e a música que tocava, ninguém me escuta. Não sinto dor nenhuma. Mas eu nunca ouvi falar de coelhos que agarravam. E porque aquele tinha uma estranha coisa azul por cima do pelo?
Sacudo loucamente o pé, chuto, faço de tudo, e finalmente ele larga a minha perna. Mas ele não foge, simplesmente fica sentado na grama, me encarando.

Ele era um coelho grande e branco. Coelhos normais são fofos, mas aquele definitivamente não era. Tinha um focinho mais comprido que o normal. Os olhos vermelhos pareciam perversos. Agora posso observar melhor: a coisa azul no pelo dele era nada mais nada menos que uma roupa, um terno. Além disso ele usava uma gravata preta e um relógio estranho. Eu tenho que sair daqui. Assim que isso me passou pela cabeça, a boca do bicho se abriu, revelando dentes pontiagudos. Por um momento achei que ele fosse fazer alguma coisa ameaçadora, mas ele simplesmente...falou.

— Você esssstá me fazendo perrrder tempo... — Falou, mostrando o relógio, que agora fazia um tic tac absurdo e os ponteiros giravam para todos os lados, enlouquecidos.

A voz era estranha, rouca e esganiçada, e parecia não combinar com ele.

De repente eu não tinha mais controle sobre as minhas pernas. Fui me aproximando do coelho macabro, mesmo contra a minha vontade. Gritei, mas novamente ninguém me escutou. Eu devia ter ido embora enquanto podia!  Pânico tomou conta da minha mente. Eu estava ao lado do bicho, que me analisava de cabeça aos pés. "Você deve serrrvir", "tomara que derr tempo" "tem que darr tempo" murmurou, e depois disso só senti uma patada e a escuridão.
Estava em queda livre.

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