#39 - Decisões

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- Ei.
Larissa chegou no meu quarto.
- Oi...
- Estão sentindo sua falta lá na festa.
- Ah...- Digo, olhando para minha estante de livros que eu não via há tempos. Os títulos: As Crônicas de Nárnia, Harry Potter, A Culpa é Das Estrelas, Alice no País das Maravilhas, Percy Jackson, Minha vida fora de série.
Nunca imaginei que um dia, iria viver coisas inimagináveis, como nesses livros. Sendo que as minhas foram reais.
- E você vai ficar aí parada? - Larissa continua:
- Tem alguma coisa errada. Me conta, o que aconteceu que você está aí? É por causa daquela sua amiga estranha?
- Mesmo que eu contasse, você não entenderia.
Assim que disse isso, me arrependi. Uma expressão magoada tomou conta da minha amiga.
- Você sabe que pode contar comigo pra tudo. Sempre soube. Por que não confia mais em mim agora?
- Não! Eu confio em você, e eu gosto muito de você, Lari. Mas não é essa a questão...se eu te falasse, você não acreditaria em mim.
- Claro que acreditaria.
Respiro fundo. Talvez não faça mal contar. Mas eu teria que provar.
- Bem...você sabe que não somos únicos no mundo né?

- Ah...e se existisse um lugar totalmente diferente daqui? Um lugar onde existisse magia?
- Mesmo que existisse magia, não seria magia. Seria apenas uma ciência que não conhecemos. -
Lari é viciada demais nos alienígenas do History Chanel.
- Sim, lari. Continuando. E se existisse uma maneira de...transitar entre esses "mundos" ?
- É impossível por causa da distância...
- Mas se existisse algo tipo um portal, que proporcionasse a alguns humanos visitar outros mundos? -
Ela pisca.
- Isso seria fantástico - Ela fala, simplesmente.
- E se eu dissesse que aconteceu comigo? - Disparo.
- Aí eu diria que você não está batendo bem da cabeça. - Ela ri, mas eu continuo séria.
- Isso é sério?
- Sim, e posso provar. - Digo apressadamente, antes que ela saia correndo dizendo que eu sou louca.
Faço uma chama aparecer no meu dedo indicador.
- Olha o que eu sei fazer!
Ela dá dois passos pra traz, com uma expressão agonizante.
- Como você fez isso...?!
Faço minha mão inteira pegar fogo. Ela arregala os olhos.
- Não está doendo??!
- Não!
Então tenho uma ideia.
- Larissa, olhe!
E quando ela olha pra mim, estou a uns cinco centímetros do chão.

- Isso...eu só posso estar sonhando. - Ela põe a mão na cabeça, chocada.
- Não, não está! Se belisque pra ver! - Lembro do livro de Alice No País Das Maravilhas, em que Alice se belisca várias vezes pra saber se está sonhando.
Ela me obedece, e se belisca não só uma, mas três vezes, até entender que não era um sonho.
- Eu não estou bem, estou vendo coisas...
- Não está não! Pegue minha mão, eu posso fazer você flutuar um pouco também.
- Isso é brincadeira. É uma pegadinha. - Ela ri. - Onde estão as câmeras?
Respiro fundo.
- Não é...eu ganhei esses poderes ao vistar Isleryn. Tem criaturas estranhas lá, magia, meus amigos guardiões...
- Você está louca! Você...tá inventando isso por causa desses, desses livros sobre outros mundos que você tanto lê! Não tá separando realidade de ficção!
Ela diz isso enquanto pega um livro aleatório da minha prateleira, que pra azar dela acaba sendo Minha Vida Fora de Série 3, e apesar de não ter nada a ver com fantasia, ela o joga em mim dramaticamente. Por que eu escolhi contar pra minha amiga mais dramática?
- Então como você explica isso?
Flutuo novamente.
- Não, não... - Ela continua com os olhos arregalados, mas em silêncio.
- Está vendo? - Digo, quando pouso novamente. - É tudo real.
Nesse instante, Alice se materializa na minha frente, com uma fumaça vermelha.
- Decidiu?
Por um momento, tenho a impressão de que Larissa vai desmaiar, mas ela se segura na mesinha à sua esquerda e fecha os olhos por uns segundos.

- Não. E você não apareceu em boa hora.
- Nunca é uma boa hora não é mesmo? - Alice dá um sorriso forçado.
Então Larissa olha pra Alice. Depois pra mim. Depois pra Alice.
E então ela sai do quarto, e desce as escadas correndo, ainda posso ouvir o ruído dos seus sapatos pisando no piso de madeira.
Por um instante, me arrependo de ter contado a ela. Eu devia ter mantido segredo. Mantido minha vida normal, como está. Mas agora não tem mais volta. Eu já estive nas mãos de Malévola (eu imagino que tenha sido ela, a dona daquela prisão horrível onde encontrei o Jaguadarte), fugi de Alice inúmeras vezes (mesmo muitas sendo pura sorte)...E, ninguém sabe o que acontecerá com criaturas de Isleryn rondando nosso mundo, mas coisa boa não vai ser.
- Alice...acho que eu me decidi.
- E?
- Eu vou.
Antes que eu pudesse mudar de ideia, ela toca no meu ombro e fumaça vermelha me envolve.
Eu já não estava no meu quarto, e sim numa rua movimentada. Só depois o som do ambiente chega todo de uma vez, me assustando.
Pessoas conversando, buzinas, barulho de motos. Para onde ela me levou?

***
Esse capítulo foi curtinho mesmo ^-^
Se gosta de RDI, clique na estrelinhaisso me incentiva a continuar a escrever. E comentem o que acharam da história, eu amo cometários, e amo falar com meus leitores <3 Goodbye, pessoal.
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Continua...

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