O Reino de Isleryn

#36 - Bônus (Alice)

*Terra da Bella, 12 de novembro, 10:30AM

Estava um sol escaldante na Terra da Bella. Saudades do meu país, do meu castelo. Do clima frio, porém aconchegante.
Após montar a armadilha pra Diana e os guardiões, dei a ordem para os soldados-carta saírem, pois nem eu consigo controlar o cão, apenas retardá-lo. Depois de começar a matança, ele não vai parar, e eu não quero meus soldados-carta devorados.
A antiga rainha vermelha conseguia controlá-lo. Até eu conseguia quando eu era menor. Mas depois da queda das barreiras, algo aconteceu com ele. Talvez a culpa não tenha sido só da maldição. Talvez, tenha sido também um resultado dos anos o explorando, sua vida era uma briga constante, na qual sempre matava seus inimigos.

Depois de meia hora, voltamos para o castelo da Bela. As portas estavam trancadas exatamente como as deixei. Um sorriso passou pelo meu rosto.
- Valete? A chave. - Disse, num tom exigente.
Ele imediatamente correu, procurou a chave num bolso, não encontrou. Então procurou em outros bolsos apressadamente, e para a sorte dele, achou. Se ajoelhou e me entregou a pequena chave dourada.
A outra rainha de copas já teria mandado cortar-lhe a cabeça. Talvez eu não seja uma rainha vermelha tão boa quanto gostaria.
Coloquei a chave, e abri a porta, cujas engrenagens rangiam.
Entramos direto no grande salão. O sorriso vitorioso imediatamente saiu do meu rosto.
O cão estava lá, aquela coisa enorme caída no chão, que estava encharcado de sangue azul.
- Não...NÃO! - Grito, assustando alguns servos.

Corro para lá, com cuidado para não escorregar no sangue, e me ajoelho, não me importando se meu vestido manchar com o seu sangue azul.
Não é possível....
Passo a mão pelo seu pêlo áspero. Tantas histórias. Ele tinha mais de cinco décadas de vida. Uma verdadeira preciosidade.
Mas não era por isso que eu chorava. Toda morte animal deveria ser lamentada, tendo instinto selvagem ou não.
- Me dêem uma rosa.
- Mas minha senhora...não temos!
- Consigam então! Não uma rosa vermelha, e sim azul.
- Mas...
- Mais um "mas..." e mando cortarem-lhe a cabeça.
O soldado engoliu em seco, e partiu junto com outros dois. Eles provavelmente iam procurar em algum jardim da vizinhança.
A posição que eu estava realmente não era confortável, mas eu deveria aturar a leve dor nas costas, em homenagem a ele. Ele era um cão fiel. Assassinamente fiel.

Diana! Aquela menina merece o inferno. E é isso que darei a ela.

Depois de um tempo, os soldados voltaram com uma rosa branca.
- F-foi o que conseguimos.
Disse ele, trêmulo. O mesmo soldado que falava anteriormente.
- Eu disse claramente uma rosa azul. Vocês não possuem cérebro não é?
- Desculpe madame - Ele fez uma demorada reverência - Mas não tinha nenhuma ros...
- Me dê isso aí! - Eu o interrompi. Ele deu uma corrida curta até mim, e entregou-me a rosa.
A peguei pelo cabo verde escuro, tomando cuidado com os espinhos,e a mergulhei no sangue azul do cão. O cheiro não era nada bom, mas era outro incômodo que devia ser ignorado, pelo menos por enquanto. A rosa ficou impreguinada da substância azul e levemente pastosa.
Finalmente, uma rosa azul. Nada mais adequado.
Coloquei ela ao lado dele, me levantei.
Respirei fundo. Nem sempre é fácil, mas tenho que exercer bem meu papel.
- Cortem-lhe a cabeça.
Dois soldados imediatamente seguraram ele. Meu valete, sempre disposto a cumprir minhas ordens, desenbanhou a espada longa e vermelha.
Foi um golpe rápido, seguido pelo som de carne sendo cortada e ossos quebrando.
A cabeça rolou pelo chão; o sangue vermelho se misturando com o azul do cão assassino.
Quem imaginaria que eu também me tornaria uma assassina?

***
Continua...

*Ia passar sem clicar na estrelinha? :'(
Eaí, gostaram do capítulo bônus? É bom para entender como Alice pensa. <3 Deixem nos comentários se gostaram e se querem mais desse ao longo da história :)
Até o próximo cap! <3