#29 - Lado de Fora

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*Dedicado a @LidiGrey , que sempre pede por mais *.*

- Vamos achar a Bela/Aurora e interrogá-la. Depois pularmos fora daqui. - Diz Natasha.

Voltamos para o corredor cheio de quartos e abrimos aquela porta específica.
- Vocês de novo?! - Aurora levantou os olhos, enquanto escrevia num papel amarelo.
- É...o que você tá escrevendo? - Pergunto só por curiosidade.
- Escrevendo num diário - Ela ri. - Não tem tanta coisa pra fazer por aqui.
- Hum.
- A quanto tempo está aqui? - Will pergunta. Nos atrevemos a sentar na cama de casal.
- Desde sempre. Esta é minha casa!

Alice e soldados vermelhos por todo canto, até esqueci que o castelo era da Bela e não da Alice, apesar dela ter tomado sem a Adormecida se dar conta. - Você sabe que...você é duas pessoas ao mesmo tempo?
- Sim. - Ela sorri, e eu quase vi um vislumbre do cabelo negro e olhos pesados da Bella. Eu pisco. E já é cem por cento Aurora de novo. Nos afastamos. "O que fazemos com ela?" Pergunto, em voz baixa.
***

- Nós somos amigos. - Fala Natasha.
- Venha com a gente, aqui você não está segura. - Fala Jonh.
- Não sei... - Aurora começa. - Onde está Alice?!
- Fugiu. Mas logo voltará.
-Está bem. Eu vou.

Já estávamos saindo quando Will disse:
- Parem.
- O que foi agora? - Fala Natasha, louca pra ir embora antes que Alice solte outra fera.
- Precisamos do consentimento da Bella também.
- É.
- Concordo.
Então Aurora se vira de costas, e quando desvira já é a Adormecida, com uma torrente de cabelos negros caindo, pele pálida e olhos carregados e tristes.
- Sim, eu ouvi tudo, aceito. Agora, vou soltar-me: Manter-me no controle está consumindo as minhas forças.
Então, na fração de segundo em que eu pisco, ela muda, para a mulher loira e imponente.
- Vamos?
- Claro.
- Sim.
- Com certeza.

Atravessamos salas e salões, diversos corredores de quartos como aquele, descemos umas escadas e BUM. Chegamos numa porta alta e larga, de metal.
- Aurora?
- Ah sim.
Ela pega uma chave de ferro em algum bolso interno do vestido rosa claro, e abre as portas.
Um vento forte nos atinge. Forte e frio, meu cabelo voa, mas eu gosto.
A frente está um grande jardim, e mais adiante outro muro, com outra porta trancada.
Atravessamos o jardim pacientemente, a Aurora abre a porta, nós saímos. Estávamos numa rua de ladrilhos, as casas de madeira. Se eu acendesse só uma chaminha com o dedo - penso - essa cidade toda ia se incendiar num instante.
Então, acho melhor afastar esses pensamentos trágicos.
- Então...estamos fora. - Declara Felipe. - Pra onde vamos agora?
- Acho que...nosso barco.-Falo.
- Ei. A gente ainda precisa de suprimentos. - Lembra Will.
- E lembrem que Alice está por aí! - Fala Jonh. É verdade, teremos que ter cuidado redobrado.
- Devíamos nos disfarçar! - Fala Natasha, com um sorriso.
O vento continuava a balançar meus cabelos, e andávamos pra frente, apesar de a rua estar na horizontal, se vista de cima, seguindo pros lados.
- E como vamos fazer isso? - Falam Raquel e Felipe quase ao mesmo tempo.
- Deve ter alguma loja de roupas por aqui, Jonh deve saber. Podíamos nos vestir como os habitantes daqui, com roupas antigas, pois assim como estamos chamamos muita atenção. - Natasha fala.
- Jonh, onde é a loja de roupas mais próxima?
- Hum, me sigam.
- E os suprimentos?
- Mercado uma esquina antes da loja. Lá nos separamos.
- Eu não, eu vou para o barco. - Fala Will. "Eu também" fala Raquel, e ela pede para Felipe ficar com a gente.
Os dois seguem pro lado direito, onde está a praia, e eu, Jonh, Tinker, Felipe e Natasha seguimos pelos cantos da rua, discretamente, e sempre em frente, até chegar numa encruzilhada.
- Cuidado, Alice pode estar por perto.
Algumas pessoas passam, com aquelas roupas antigas, e olham pra gente, interessadas demais nos estrangeiros com roupas exóticas.

Viramos a direita, e andamos até chegar numa casa de tamanho médio. A loja de roupas.
Entramos!
A mulher estava num balcão, almoçando. Usava um vestido enorme, cheio de rendas e detalhes, e usava um coque no cabelo loiro, com raízes escuras. Fico curiosa, mas guardo a pergunta pra outro momento.
- Olá. Viemos comprar roupas.
Claro que viemos comprar roupas. Penso.
- Claro...podem escolher. - Diz a mulher.
Vou andando entre os vestidos. Claro que, pra mulher não tem calça e camiseta. Só vestido.
Escolho um branco, com pequenos detalhes prateados. Ele é acima do joelho. Experimento, com um short que Raquel costurou uma vez pra mim, por baixo do vestido. Pronto. Me olho.
Parece que eu acabei de voltar, acabada, de uma boa festa fantasia.

Jonh aparece com uma roupa simples de guerreiro, e Will também. Natasha coloca um vestido cor de rosa, longo e em forma de tulipa, totalmente diferente da vestimenta anterior.
Jonh paga tudo, depois de prometermos que iremos reenbolsar. Depois ele pergunta a respeito de perucas, o que me faz arregalar os olhos.
Ah não.
E lá estou eu, com uma peruca loira trançada. Detalhe: Eu sou morena. Ficou estranho? Sim.

Natasha fica com uma peruca de cabelo preto e enrolado. Os meninos não colocaram peruca,e sim elmos de guerreiros.
Jonh paga, e nós saímos.
Agora, as pessoas que passam não olham tanto pra nós.
Andamos até um casarão de madeira.
- Essa - Ele aponta. - É uma das casas de Lenard. - Casas?
- Sim. Ele é rico.
Jonh chega arrombando a porta, e se joga no sofá.
Olho, estupefata.
- Jonh, o que diabos você está fazendo?
- Dormindo. - E mete a cara numa almofada.
Natasha também tem uma cara estranha, mas fecha a porta da sala, e diz:
- Vamos ver se tem comida nos armários.
- Não vamos num mercado?
- Não, vamos perder tempo.
Ela vai pra cozinha e eu a acompanho, e nos armários de madeira tem comida, provavelmente de quando Jonh e Mary ficaram aqui da outra vez.
- Não sei se é o bastante. - Ela diz.
- É o que temos. - Falo.
Na sala, Will começa a balançar a espada longa (de um dos soldados) de um lado para o outro, testando o equilíbrio.
- É pesada demais. - Diz ele, quando nota nossa presença.
- É o que temos. - Repito.
- Acorde Jonh, não podemos ficar aqui. - Natasha fala, quase lendo meus pensamentos.
- Eu não estou dormindo, estou descançando. - Diz Jonh abrindo um olho. Ele levanta.
- Vamos logo.
Andamos hesitantes pelas ruas secundárias, onde não há quase nenhum movimento, só pessoas olhando pelas janelas. Alice assustou mesmo essa gente.

Chegamos no barco com o saco de bebidas e alimentos, e encontramos Will e Raquel a nossa espera.
- Subam, subam.
- Temos um problema - Will fala, depois de subirmos.
- Ah não. O quê? - Falo, capisbaixa.
- A Chapeuzinho. Sumiu.
- O quê? - Me exalto. - O que há com essa menina? Ela some o tempo todo!
- Calma, não. Quando fomos capturados ela ainda estava no barco, escondida. Podem tê-la achado e capturado ela!
A essa altura, o barco a motor já estava andando. A motor. Como será que conseguiram essa tecnolgia?
Diana, concentre-se. Penso.
- Então...hum, o que faremos?
- Não podemos ajudá-la sem nos pôr em perigo. - Fala Will, calmamente.
- Eu sei! Mas ela é só uma criança não é, deviámos...
Um barulho estrondoso me interrompe. Posso sentir o mar sacudindo, e a margem cheia de casas tremendo. Um terremoto. E um maremoto no caso. Me seguro no nada, pois as paredes a minha volta são lisas e minha mão desliza. Caio no chão e lá fico. Do chão não passo... Penso.
Uma onda passa pelo barco, molhando tudo, inclusive meu vestido branco. Agradeço mentalmente por estar com uma roupa fina por baixo. Vejo meus amigos tentando se segurar. Uns conseguem, outros não e caem igual a mim. Minha visão está azulada, como se eu visse tudo através de um véu azul escuro. O pior é que Raquel caiu. Raquel estava dirigindo o barco.
O maremoto dura um minuto inteiro. O barco indo sempre pra frente, sem desviar de pedras e corais, que batiam dando solavancos e fazendo barulhos. O chão estava cheio de água. Finalmente aquilo se encerrou.
Olhamos um pra cara do outro por um milésimo de segundo e logo começamos a agir. Jonh correu e começou a dirigir o barco, desviando do resto das pedras. Will e Raquel foram lançar a âncora. Eu me levantei rápido, me deixando tonta, e fui desligar o motor, e Natasha pegou vários baldes e começou a retirar a água que havia inundado o piso do barco. Algo trovejou acima de nós. Um raio, mas Raquel o desviou.
Jonh solta o leme quando o barco para no mesmo lugar, devido à âncora e ao motor desligado.
Solto a respiração, que nem percebi que tinha prendido.
- O que...
- Foi isso? - Completa Natasha.
- Não sei. - Fala Raquel, confusa. - Mas isso não foi natural. Só comigo que a minha visão ficou azulada?
- Não, comigo também!
- E comigo!

Todos tiveram isso. Com certeza não foi natural...
Eu sei o que houve.
A voz de Tinker ressoa na minha mente.
Tinker? Onde você estava? Você some assim de repente?! Você sabe o que foi isso? Você causou isso? E a chapeuzinho, você sabe o que houve? Foi você também? E...
Tinker me interrompe. Calma Diana! Eu...chego quando puder. E explico tudo.

E depois só o silêncio na minha mente, além dos meus próprios pensamentos.

* Primeiro, eu quero agradecer aos 3k, e a todos os leitores que votam e comentam, isso me inspira muito a continuar :3
E a vocês, leitores fantasmas: Se você está lendo até aqui, suponho que esteja gostando, certo? Se sim, meu Deus, vote, clique na estrelinha, isso me ajuda pakas...♥ Até pra eu saber quem são vocês. E quem comenta ou vota eu dedico capítulos...haha.
Já estou fazendo o capítulo #30, então boa leitura, e, só pra não perder o costume:

Continua...

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