*capítulo narrado por Jonh, a partir do confronto com o Espectro.
***Ele só podia estar brincando comigo.
Pior, ele estava rindo ! O homem pálido de palitó branco e gel no cabelo, que dizia ser o Espectro, estava divertindo-se as minhas custas.
Ranjo os dentes depois do espectro desaparecer antes de eu acerta-lhe a espada, e surgir do outro lado. Eu estou raivoso, e tenho raiva de mim por perder tempo aqui quando poderia estar ajudando a Mary, por não conseguir ser rápido o suficiente, e por saber que eu estou fazendo exatamente o que ele quer: me deixar com raiva, frustrado, tudo isso.
- O que você quer de mim?! - Dou um golpe de espada que acerta seu braço de raspão, mas ele parece nem ligar.
- O que todos os Espectros querem! Nós somos almas inquietas que não encontramos conforto em nosso coração durante nossa estadia na superfície, e fazemos vocês sentirem-se como nós! Eu vou expulsar a felicidade do seu coração, Jonh. Eu vou roubá-la para mim!
A raiva e a frustração dão lugar ao terror. De repente eu me sinto exposto e algo negro penetra em mim.
Estou num celeiro escuro, a porta está aberta. Consigo ver um campo que se estende por vários quilômetros. Eu estou amarrado e um homem magrelo com uma adaga na mão segura uma criança, de cabelo castanho claro e olhos verdes. O homem começa a esfaqueá-lo, enquanto o menino grita: "Joseph, Joseph!" Enquanto as lágrimas descem. Eu me debato, faço de tudo,mas as amarras não se soltam. O garoto sangra, e fala, com a voz fraca. "Irmão..." e cai inerte. Frustração. Ódio. Tristeza. Tudo ao mesmo tempo. As lágrimas descem enquanto o homem vai embora do campo com seu cavalo. Tudo fica embaçado e eu vejo tudo girando. Não consigo respirar, não consigo respirar....Puxo o ar de uma vez só, quando estou na rua de ladrilhos com um Espectro me olhando. Mas ele parece menos pálido, mais confiante e mais...humano.
Já eu, não me sinto eu mesmo, parece que uma parte minha foi embora, uma parte boa e alegre. Sinto que só voltarei a ser eu mesmo quando tiver a Mary de volta...
Grito. Estou me tornando um Espectro, meu Deus ! Fico ali, sentado na calçada, um caco, enquanto o Espectro vai embora silenciosamente, procurar a próxima vítima.
Acordo deitado num sofá cor de vinho. Conheço esse sofá: a casa de Lenard. Acordo normalmente, mas logo lembro do que aconteceu, tudo de uma vez. O perigo constante de nunca encontrar conforto aqui na terra, de virar um Espectro e estragar a vida das pessoas...
Lenard me deu comida, e um lugar para ficar, mas logo eu tenho que partir.
Preciso encontrar Mary antes que seja tarde demais, e a felicidade de muitas pessoas depende disso.
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O Reino de Isleryn
Fantasia"Porque sempre que tudo parece se resolver, segundos depois meu mundo começa a desabar?" Diana está na sua festa de 14 anos quando um coelho branco, de olhos vermelhos e assustadores dentes pontudos aparece sem ser convidado. Ele a empurra num burac...