#27 - Will

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Ok, foi estranho.
Primeiro, a chapeuzinho.

Ela ficou sozinha, com o barco, quando fomos capturados. Coitada, espero que esteja bem. Depois, Diana. Ela mudou muito. Também, em contato com tanta coisa nova: Magia, mundo novo, super vilãs, mortes, monstros, sangue. É, ela mudou.
Aqui, bem na minha frente, está a Bela Adormecida. Uma BELA que muda e muda. Sério? Bem, eu não acredito nela... Minha teoria, é de qué uma ilusão, uma magia, e ela está nos iludindo.
Minha teoria foi confirmada um tempo depois, quando saímos, e percebo que esquecemos que íamos dominar o castelo. Magia, com todas as letras. Mais tarde, voltarei pra interrogar essa garota. No momento estou com problemas mais sérios. Sim, Felipe e Raquel, presos, algemados por soldados-carta, de frente para uma Alice gótica baixinha. De 354 anos, e com poderes malignos.
- Ora...não são meus agentes prediletos? - E ela dá um sorriso cínico.
- Ah não, está faltando um... - Ela faz cara de pensativa. - Will é o nome dele. Não tem problema! Eu resolvo.

Ela sussura várias palavras, e meus pés começam a andar sem a minha intenção. Eu tento forçá-los a parar ou a voltar, mas eles continuam correndo pra frente! Saio do esconderijo e vou cada vez mais pra frente e pra frente, até estar do lado de Raquel e Felipe. Quando recupero o controle das minhas pernas, não perco tempo: Ergo a espada longa que ganhei e corro para Alice. Ela parou-me só alguns centímetros antes da espada atravessá-la.
- Uau, você foi rápido! - Ela parecia realmente surpresa. - Pena que não deu certo.
Pra variar, a espada desaparece, e no lugar, ganho algemas. Ótimo.

Pelo menos, Diana e o resto não foram pegos. Graças a Deus.
Raquel se debatia ao meu lado.
- Desculpa - Falo, triste.
- Por...quê? - Pergunta ela, ainda brigando contra as algemas.
- Pela discussão. Por duvidar de você, por ouvir aquela conversa às escondidas, por ter achado suspeita e me virado contra você.
- OK, tá desculpado.
Alice nos observava. Era incômodo falar disso na frente dela, mas fazer o quê?
- Terminaram?
Não respondemos.
- Como fugiram?
- Mágica - Rio.
- Mágica! Vocês nem sabem o que é mágica de verdade!

Pelo canto do olho, vejo Diana, Tinker, Jonh e Natasha "escondidos". Se prestassem atenção, os veriam. Não sei se Raquel percebe.
- Ah, mas eu sei! - Raquel quase rosna as palavras, e na hora raios atravessam o teto e matam todos os soldados. A maior descarga pega Alice, que cai, mas depois se levanta, tremendo um pouquinho. Infelizmente, uma descarga me acerta. Caio, e quando bato no chão, continuo me tremendo da cabeça aos pés, é horrível! Nem escutam meu grito em meio ao de todos os outros. Vejo meus amigos correndo, antes de tudo ficar escuro.

Até que de repente o choque para, a confusão acaba.
E Raquel desmaia. Me levanto.
- Raquel? ...Raquel?
Ela continua imóvel.
- Ah, me desculpa! - Falo, triste.
- Raquel...não... - Fala Felipe, e se debruça sobre ela, desengonçado, por causa das algemas. Eu tenho medo, mas meu treinamento como Guardião é me concentrar na ameaça imediata primeiro. Se ela estiver morta...Não posso fazer nada, e ela iria querer que nós sobrevivéssemos. Se ela só estiver desmaiada, mais tarde eu dou os primeiros socorros. Me dá uma dor no coração pensar emqualquer uma dessas alternativas. Espero que tenha tempo. Penso isso muito rápido, os pensamentos à mil. Enquanto isso, Natasha entra em cena.

Ela entra com seu vestido vermelho, preto e com veludo branco.
- Você. - Diz Alice, simplesmente.
- Sim, sou eu, rainha.
- Você os soltou não foi? Você me traiu. - Os olhos de Alice se estreitaram.
- Não, eles escaparam sozinhos.
Alice fica em silêncio por um tempo. Até finalmente falar:
- Você era uma peça preciosa, Natasha. Prove que não é uma traidora: Vá no subsolo e solte o Cão Infernal.
- O quê? - Falo. - Você está louca?
Felipe olha pra mim e pra Alice de repente. Ela estala os dedos e todas as algemas desparecem. Natasha continua parada.
- Estou esperando.
Então a nossa amiga pega um molho de chaves num bolso interno do vestido, e sai andando.
- Ah, e vocês que estão aí escondidos, podem aparecer.
Droga. Ela os viu.
- Especialmente você Diana. - Ela completa.
Não há jeito. Eles saem.
Primeiro Jonh, com o cabelo meio crescido e uma barba rala, pele morena. Depois Tinker, cabelo liso, olhos grandes e amarelos, e o vestido sem os rasgos de sempre. Diana, morena, cabelo castanho enlinhado e bagunçado. Olhos escuros. Boca vermelha mesmo sem batom. A roupa das que Raquel costura. Raquel. Coloco a mão na cabeça dela. Ela é tudo que eu tenho...
Vou curá-la, mesmo se isso filtre toda a minha força. Fecho os olhos e me concentro.
- O que está fazendo? - Isso me tira a atenção.
- Curando-a. Você vai soltar o cão mesmo, que mal fará eu curá-la?
- Você não é forte o suficiente pra isso.
- E o que é que tem?
- Ah, não, me dê o prazer.
Antes que eu possa rebater, Alice coloca as mãos sobre ela e diz (agora posso ouvir claramente): Pelo vapor vemelho, cure.
Eu conheço essa expressão. "pelo vapor vermelho..." só não consigo me lembrar de onde.
Bem, após vários segundos, Raquel acorda de uma vez, puxando um montão de ar, e se levanta ligeiro.
- Você...está bem?
- Estou, eu acho...
- Obrigado. - Falo pra Alice. Ela ri.
- De nada.
Olho pra ela por alguns instantes. Procurando...alguma falha naquela máscara de maldade sarcástica. Ela nos salva para morrermos.

POW.
A parede esquerda se quebra, e uma criatura enfurecida sai passando por ela.
- Bú. - Fala Alice, antes de desaparecer em fumaça branca, e os corpos de seus soldados também. Portas e janelas se fecham magicamente. Estávamos presos com uma criatura infernal e raivosa. Eu odeio magia.

Continua...

O Reino de Isleryn Onde histórias criam vida. Descubra agora