.#5 - A Terra da Branca

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Acordei SONOLENTA. Comemos rapidamente. Nem acredito que estava ali, num lugar totalmente alheio à minha vida normal. Fomos num trote rápido e rapidamente vimos os guardas circulando, de armadura e espada longa. Eles andavam em grupos. A vigilância era grande.

Raquel falou que somos viajantes à procura de uma casa na terra da Branca. Eles pediram identidade, e ela deu um papel a ele, provavelmente falso. Eles permitiram a entrada, felizmente. Por que será que mentiu?

A cidade era FANTÁSTICA. As ruas eram planas. Tinha um imponente castelo ao longe. No meio das casas, uma praça com banquinhos e um chafariz. Casas coloniais e lindas árvores fluorescentes. Elas não são naturais, com certeza. As pessoas eram amigáveis, se você não contrariar seus costumes. Eu, Will e Raquel compramos roupas adequadas e nos dirigimos a um castelo relativamente pequeno, do lado totalmente oposto do castelo da Branca de Neve. Ele era todo pintado de laranja. Deixamos os dois cavalos no estábulo e entramos. Raquel falou uma senha esquisita, e a deixaram entrar. Alguns até curvaram-se diante dela. Fiquei cada vez mais curiosa.

Nós atravessamos o corredor e chegamos numa sala. Todos nos sentamos numa mesa comprida. Tinham várias pessoas diferentes. O mais velho tinha barba cinza e olhos azuis pequenos. Apesar de velho, parecia forte. Ele tinha porte de líder.

Nos sentamos e Raquel tomou a palavra.

- Vim aqui notificar o sucesso da minha missão, senhores.

- Como sempre, não é Raquel? - Richard sorria. Will me falou que esse Richard sempre dera em cima de Raquel, mas ela nunca deu bola.

- Esta é Diana. - E apontou para mim. Todos já sabiam, é claro. Continuou:

- Cartazes começaram a serem espalhados, já passaram da terra de Alice. Qual o lugar mais seguro pra Diana sobreviver?

O líder tomou a palavra.

- Terra da Branca é seguro até os cartazes chegarem. Vocês sabem muito bem que aqui a lei é rígida. Precisamos de um lugar que é o oposto disso. Um lugar que a lei não é importante. Vão para o mar, e para a terra da Esmeralda!

Ele levantou a voz no final e todos aplaudiram. Richard comentou que iam colocar um guardião nosso infiltrado nos guardas da fronteira. Se vissem um entregador de folhetos...mandaria um aviso.

Plano concluído, nós descansamos. O castelinho era um lugar meigo e confortável. Eu nem tinha notado como minhas pernas estavam doloridas! Dormi depois do farto almoço e acordei de umas cinco horas da tarde. Fui para uma salinha circular onde Raquel, Will, Richard, Carlos e Flora estavam conversando. Eu não sabia que eram esses os seus nomes, claro. Carlos era ruivo de olhos castanhos e Flora era filha dele. Mesma idade que eu e Will, cabelos ruivos longos, olhos verdes e sardas.

Carlos falava sobre a terra da esmeralda ser a mais perigosa, e por isso dificilmente Alice me persiga lá. Mas houve um silêncio repentino quando notaram minha presença...não queriam que eu escutasse. Dei de ombros e me afastei, indo na direção de Flora e Will.

- Oi. - Falei, tímida.

- Olá - Flora falou e abriu um sorriso. Estendeu a mão e disse:

- Meu nome é Flora.

- Prazer.

Esse cumprimento é estranho pra mim.

*silêncio*

- Como vocês se conheceram? - Tentei puxar assunto.

- Desde que Raquel o trouxe. - Flora fala e Will permanece calado.

- E meu treino, quando começa?

- Pode ser agora... - Will finalmente fala. Sua voz é cansada. O que será que estava rolando?

Ele me leva a um salão repleto de armas espalhadas pelo chão, bonecos de madeira, etc. Algumas pessoas estavam treinando. Aquilo parecia...incrível e ao mesmo tempo...violento. As espadas acertavam alguns sacos de areia, abrindo buracos e caindo areia aos montes.

- Ei, acorda. Segure isso aqui - Ele me deu uma espada de madeira e ponta arredondada. Ele também pegou uma. Eu vou ter que lutar com ele. Estou ansiosa e levemente constrangida. A espada de madeira doía, fiquei cheia de hematomas.  Já ele, permanecia intacto. É claro que eu estava com raiva.

Na medida que eu sentia dor, mais vontade eu tinha de não me permitir sentí-la. Mais eu tentava me defender cada vez mais. O treino acabou e eu me sentia um lixo.

- Não adianta, isso é impossível! - Eu me sentia completamente inútil.

- Ei, isso não se aprende em um dia. Eu demorei anos. Mas acho que em algumas semanas você saberá o suficiente para não morrer no primeiro desafio.

- Tenho certeza que magia deve ser mais fácil que isso.

- Absolutamente nada vem com facilidade.Vamos dar um passeio, você já se estressou demais.

Já era tarde da noite, mas minha dormida de tarde me deixou sem sono. Saimos do castelo e começamos a andar. As ruas eram bonitas. Não havia nenhuma sujeira.
A lei é rígida. Pensei. E agora eu sou, definitivamente, uma foragida da lei.

As leis não são justas no país de Alice. Argh. Antigamente ao menos, a rainha vermelha tinha uma oposição, a rainha branca. Agora as duas morrerram e Alice é a nova rainha vermelha. Espera...rainha branca deve ter gerado descendentes. Deveria ter uma oposição! O que será que aconteceu com a rival de Alice?

Will andava em silêncio.

- Aconteceu alguma coisa?

- Sim...

- O quê? - Ele suspirou e respondeu:

- A Flora e eu... - a voz dele morreu antes de terminar. Eu nunca soube o que ele ia dizer.

Tomei coragem e o abracei.
Parece que ele estava precisando, pois me abraçou com força.

Enquanto isso, da janela do castelo dos guardiões, Flora observava os flocos de neve cairem. Ao longe, Will e Diana, abraçados. Ela sabia que isso estava pra acontecer, mas nada podia fazer a respeito. Seu poder da neve e o do fogo de Will, não combinavam. Eles eram ambos últimos descendentes de seus antepassados, e um da neve com do fogo gera um ser humano absolutamente sem poderes. Assim sendo, teriam que passar por todo o sofrimento de abandonar o filho, passá-lo pelo portal para o mundo "real" e apagar sua memória. Enquanto observava a novata com seu grande amigo e ex-amor, uma lágrima escorria.

Já haviam passado da época do felizes para sempre.

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