cap 17. a primeira separacão.

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O som do Rio correndo pegou Noemi surpresa. Foi a primeira a escutar aquele barulho gratificante. Contou aos outros, e depois que souberam, também conseguiram ouvir um som baixo, quase indistinguível de um delírio, O Rio estava próximo, antes mesmo da Vila central.
Correram ansiosos. Bateram as palmas e se abraçaram, aquilo eliminava toda preocupação. Jonas fez um chamado até a vila da água, informou a eles que o ponto de encontro seria outro, e eles informaram aos soldados deles onde deveriam se encontrar.
Tomaram banho e acamparam afastados do declíve do Rio. Estavam exultantes de alegria. Até que Tot-nivaldo se manifestou, uma árvore se acendeu, olhos e bocas flamejantes se formaram. Matias se ergueu impulsivamente, as vezes ele sentia quem estava do outro lado, uma conexão estranha com a natureza.
—Filho—disse a árvore, cuja voz não era uma reprodução perfeita de quem falava, mas uma imitação da voz da própria da Mãe, pelo menos era o que dizia a Teoria mais aceita.
—Aqui estou.
—Sinto tanto sua falta, meu garoto deve estar enorme, advinha quem tá aqui?— Uma outra voz se manifestou, ainda grave, mas uma imitação com tons diferentes. Atrás de Matias os outros escutavam tudo.—Meu pedaço de Sol, os dias não são os mesmo sem você por perto.
—Oi mãe.—Matias tentava ser amável, mas não acumulou sentimentos durante o tempo que passou longe, pelo contrário, a visão de seus pais parecia distante.
—Oi Tia Maria.—disse Jonas, acenando mesmo que não pudesse ser visto.
—Olha só, Obrigado por cuidar do meu filho. Seus pais também estão morrendo de saudade. E a futura rainha, está com vocês?
—Sim, ela está, livre e sorridente.
—tem certeza que deve confiar nela?
—Absoluta, e ela está escutando, Mãe.
—Meu filho—Dessa vez quem falava era o Pai, e Matias sabia distinguir a tonalidade apesar da voz ser a mesma.— estamos felizes que logo estarão aqui, mas tenho notícias não tão agradáveis.
—hum.
—Jonas tem uma missão separada, quero que ele vá até a vila central e queime a biblioteca.
—Pai, que garantia tem de que ele ficará vivo? Eu reconsiderei esse plano, talvez o temor não seja o caminho mais viável, porque não nos dar a chance de sermos amados?
—Quando fala assim, parece que não é do meu sangue, deixe de ser covarde, voltar atrás não fortalece sua palavra, mas a enfraquece até que não tenha mais valor. Está decidido, ainda não é Rei, e quem decide sou eu, Jonas, sei que me ouve, essa é sua missão, seja para a vida ou para morte, é uma honra morrer pela justiça feita.
—Entendido, Salve Tot.
—Amém—Acrescentaram os outros.
—Pai, temos um novo membro na equipe, Well, Madereiro.
—espero que não se arrependa de suas decisões.
—Eu nunca erro, sobre nada, sobre ninguém.
—Certo. Ele virá com vocês ?
—Não sei, se ele não se importar, o mandarei com Jonas.
—quem trai uma vez, trai duas e três.
—Não é sobre confiar Pai, eu sei. Vejo sua áurea, ela é do bem.
—O bem é subjetivo, do bem para vocês ou do bem para os Madereiros.
—Também sinto isso, diferenciar não é um problema, se nao fui convincente, talvez lhe acalme os nervos saber que ele tem sangue Terrista.
—Que a Mãe te guarde, Filho.—disse Maria—Vamos encerrar a comunicação.
Próximo a eles um Coelho os encarava, quando estava a correr recebeu uma flecha. Noemi baixou o arco e buscou sua caça de sorte.
—Acho que a mãe está de bom humor.—Brincou ela.
—Você pode acompanhar Jonas?
Well assentiu sem pensar. Para ele o futuro talvez não fizesse diferença. Se estava com eles, morrer fazia parte. Não que fossem falhar, Jonas parecia ser independente e ágil, carregava uma segurança consigo, porque não dizer uma benção?
Matias seria o Rei, até um idiota entendia que Jonas foi enviado por competência, atravessou o continente sem ser visto, sem ser abatido, não carregava uma cicatriz. Os Olhos negros não eram vacilantes, não tremiam aos primeiros ventos assombrosos, não confundiam passos falsos com os passos verdadeiros. Não era esguio, era baixo com um corpo definido, o pescoço curto. Um cabelo simplóriamente crespo. Não carregava um charme como Matias, cujo os cabelos lisos e olhos verdes incomuns acompanhavam uma coluna sempre ereta, seu andar era prepotente. Enquanto o de Jonas fazia de tudo para não ser notado.
No outro dia, Jonas e Well partiram logo depois do almoço, quando os aquáticos emergiram e levaram Noemi e Matias consigo. Entregaram uma poção para cada um deles. Dizia -se que uma poção da tribo água permitia que alguém ficasse submerso por um dia inteiro. Well nunca tinha visto um de perto, e estranhou as guelras em cima das costelas, e uma pele até a metade entre os dedos, semelhantes a nadadeiras de Patos. Era uma semi-transformação.
—Confio em vocês, façam isso de um jeito que saiam vivos.—Matias disse antes de mergulhar.

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