capítulo 22-

4 1 0
                                    


Jonas mergulhou no Rio, esfregou-se com um mato que a macaca trouxe. Um banho era o que o homem precisava para renovar forças, acordar o que ainda estava dormindo. A sujeira saiu, ele puxou a macaca e a mergulhou na água.

-Se vai viver no meu ombro, precisa banhar também.

Ela gritou no começo, mas não resistiu. O mato deixava um cheiro agradável na pele. Estava com fome de carne, havia comido só pinhão até o momento.

-Acho que vou arriscar descer até a fronteira dos Madeireiros.

Sua amiga pareceu não gostar da ideia. Jonas nunca ficou tão indeciso. Estava Livre de ordens, não era um desertor, ninguém sabia se estava vivo. A liberdade o chamava. Mas poderia mesmo ser livre? Só podia escolher uma vez, voltar a servir, ou virar um fantasma ambulante noturno.

-Lua.- ele disse - Seu nome é Lua, porque me iluminou no escuro.

Recebeu um beijo na bochecha.

-Gostou do nome, em ?

Jonas resolveu montar uma armadilha, achou os gravetos, os amarrou, colocou pinhão quebrado embaixo e subiu em uma árvore. Uma hora, mais meia hora, um pássaro desceu, andou ao redor, cantou, e entrou debaixo. No esforço para pegar o pinhão, o pouso em cima de um graveto desencadeou o sucesso da arapuca.

Jonas desceu animado, improvisou com uma pedra afiada e matou sua caça. Agradeceu a mãe pelo alimento e tratou de fazer uma fogueira.

Enquanto Lua abanava o fogo, ele resolveu o problema das tripas, pele e penas, cortou a cabeça e o pés da Ave. Aquela pedra era realmente boa.

O cheiro da ave assando o inundou. Quando comeu o gosto parecia bom, mesmo sem temperos. Não era de pedir muito. O silêncio e o clima fresco o trouxe um plano. Não se importava muito em morrer. Iria subir, descer, subir, encontrar uma Vila e dizer que estava lá como mensageiro. Não estava lidando com selvagens, ou estava ? Não se sabia muito sobre eles, apenas que ninguém deveria subestimar a força que eles tinham.

Disparos coloridos, lembrou-se Jonas, não era muito leitor, regozijava-se de lembrar o que ouvia, e a voz de Matias soou em sua memória, disparos coloridos, verdes, azuis, roxos.

Começou a rodear a Montanha quando terminou de comer. Pegou mais uns pinhões e guardou nos bolsos. A claridade se esvaiu conforme andava. a temperatura caiu mais depressa, o frio circulando seu corpo. Para cima, para baixo, de cima, do lado, os ventos despertaram os poros que saltavam de sua pele, todos pontilhados. Esfregou uma mão na outra. O andar mecânico, os lábios tremendo a cada sopro.

Subiu até a linha em que as árvores não cresciam, avistou um ponto de luz embaixo. Onde há luz, há vida. Correu naquela direção, precisava se aquecer o quanto antes. Não se importou com os espinhos que o furaram, prosseguiu em seus saltos desesperados até que viu, e foi visto.

Cajados apontados em sua direção, realmente displicente, lembrou da voz de Matias "lampejos, voam a distância".

-Eu vim em paz.

Eram duas jovens com um rapaz, não pareciam temê-lo, mas carregavam um leve semblante de surpresa.

-Como se isso bastasse.- disse a garota que disparou um lampejo em sua direção.

Jonas piscou e a luz o atingiu no peito, o clarão azul parecia ter sido absorvido por seu corpo, deixando veias translúcidas e a pele azul por alguns segundos. Sentiu a fraqueza em todos os membros do corpo. Ficou estatelado no chão, enquanto os três se aproximavam sem os cajados.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 17, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Marca de um Rei Onde histórias criam vida. Descubra agora