Jonas mergulhou no Rio, esfregou-se com um mato que a macaca trouxe. Um banho era o que o homem precisava para renovar forças, acordar o que ainda estava dormindo. A sujeira saiu, ele puxou a macaca e a mergulhou na água.
-Se vai viver no meu ombro, precisa banhar também.
Ela gritou no começo, mas não resistiu. O mato deixava um cheiro agradável na pele. Estava com fome de carne, havia comido só pinhão até o momento.
-Acho que vou arriscar descer até a fronteira dos Madeireiros.
Sua amiga pareceu não gostar da ideia. Jonas nunca ficou tão indeciso. Estava Livre de ordens, não era um desertor, ninguém sabia se estava vivo. A liberdade o chamava. Mas poderia mesmo ser livre? Só podia escolher uma vez, voltar a servir, ou virar um fantasma ambulante noturno.
-Lua.- ele disse - Seu nome é Lua, porque me iluminou no escuro.
Recebeu um beijo na bochecha.
-Gostou do nome, em ?
Jonas resolveu montar uma armadilha, achou os gravetos, os amarrou, colocou pinhão quebrado embaixo e subiu em uma árvore. Uma hora, mais meia hora, um pássaro desceu, andou ao redor, cantou, e entrou debaixo. No esforço para pegar o pinhão, o pouso em cima de um graveto desencadeou o sucesso da arapuca.
Jonas desceu animado, improvisou com uma pedra afiada e matou sua caça. Agradeceu a mãe pelo alimento e tratou de fazer uma fogueira.
Enquanto Lua abanava o fogo, ele resolveu o problema das tripas, pele e penas, cortou a cabeça e o pés da Ave. Aquela pedra era realmente boa.
O cheiro da ave assando o inundou. Quando comeu o gosto parecia bom, mesmo sem temperos. Não era de pedir muito. O silêncio e o clima fresco o trouxe um plano. Não se importava muito em morrer. Iria subir, descer, subir, encontrar uma Vila e dizer que estava lá como mensageiro. Não estava lidando com selvagens, ou estava ? Não se sabia muito sobre eles, apenas que ninguém deveria subestimar a força que eles tinham.
Disparos coloridos, lembrou-se Jonas, não era muito leitor, regozijava-se de lembrar o que ouvia, e a voz de Matias soou em sua memória, disparos coloridos, verdes, azuis, roxos.
Começou a rodear a Montanha quando terminou de comer. Pegou mais uns pinhões e guardou nos bolsos. A claridade se esvaiu conforme andava. a temperatura caiu mais depressa, o frio circulando seu corpo. Para cima, para baixo, de cima, do lado, os ventos despertaram os poros que saltavam de sua pele, todos pontilhados. Esfregou uma mão na outra. O andar mecânico, os lábios tremendo a cada sopro.
Subiu até a linha em que as árvores não cresciam, avistou um ponto de luz embaixo. Onde há luz, há vida. Correu naquela direção, precisava se aquecer o quanto antes. Não se importou com os espinhos que o furaram, prosseguiu em seus saltos desesperados até que viu, e foi visto.
Cajados apontados em sua direção, realmente displicente, lembrou da voz de Matias "lampejos, voam a distância".
-Eu vim em paz.
Eram duas jovens com um rapaz, não pareciam temê-lo, mas carregavam um leve semblante de surpresa.
-Como se isso bastasse.- disse a garota que disparou um lampejo em sua direção.
Jonas piscou e a luz o atingiu no peito, o clarão azul parecia ter sido absorvido por seu corpo, deixando veias translúcidas e a pele azul por alguns segundos. Sentiu a fraqueza em todos os membros do corpo. Ficou estatelado no chão, enquanto os três se aproximavam sem os cajados.
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A Marca de um Rei
FantasyTempos depois da separação da pangeia, o mundo está dividido em partes desconhecidas, em um desses continentes uma revolução está acontecendo. Matias recebe um dom e parte para uma missão de formação de um único Reino. Por trás de toda a injustiça c...