6 - Verdades Ocultas

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– Eu não sei muitos detalhes, e acho que nem posso falar muito sobre isso... Acredito que ele te contará melhor quando vocês se encontrarem. – Aquela última frase parecia uma piada de mau gosto. – Mas o que sei, é que a morte do seu pai foi uma espécie de armação. Os tiros foram reais, mas não causaram a morte dele. No hospital, após a retirada da bala, deram um remédio para que parecesse que ele estava morto, e foi assim que fizeram o enterro. Depois de algumas horas o corpo foi retirado e deportado.

– Por que passar por tudo isso? – Minha cabeça produzia mil perguntas por minuto de forma que eu precisava me esforçar pra selecionar apenas uma por vez.

– Ele teve seus motivos para fazer tudo o que fez. – Ele diz. – Antes de ser pego, o seu pai achou provas contra o governador Matthew Sanz e documentos que levariam a prisão dele. Então o que dizem sobre o assalto na verdade foi uma tentativa do governador de calar a boca dele.

Eu preciso respirar.

"Você está apresentando um quadro de taquicardia e parece estar tendo uma crise de ansiedade". "Deseja acionar as medidas de controle da respiração?" A Rita acaba sendo acionada.

– Sim... Quer dizer NÃO! – Respondo fechando o programa. Viro-me e sento de frente para o lago. Eu já sabia a técnica de controle da respiração da RITA de cor.

Inspira. Um... Dois... Três... Quatro.

Segura. Um... Dois... Expira Um... Dois... Três... Quatro... Cinco...

– Você tá bem? – Ele chega perto pra me ajudar.

– Sim. – Eu passo a mão no rosto. Ele se senta ao meu lado e eu continuo a perguntar. – E por que vocês precisam de mim?

– Esses documentos e provas que o seu pai encontrou ainda estão na sua casa escondidos na caixa de fotos, uma caixa com senha. Ele quer que você leve essas fotos quando for deportada. – Arregalo os olhos encarando o lago. Ele já esperava que eu fosse pra a Ilha? Aquelas palavras foram um soco no estômago do que restava de esperanças em mim.

Respiro.

– Como vou saber que o que está falando é verdade? – Pergunto virando-me para ele.

– Dentro desse envelope tem um dispositivo não-rastreável com uma mensagem gravada. – Ele me oferece o envelope outra vez. – É só conectá-lo ao seu relógio e a mensagem irá aparecer e se autodestruir logo em seguida.

Pego o envelope, apesar de ainda não ter decidido se vou ouvir ou não a mensagem.

– Eu preciso voltar agora. – Levanto-me.

– Obrigado por me ouvir. – Ele diz e eu aceno com a cabeça seguindo de volta para o acampamento.

Inspira... Um... Dois... Três...

O medo, a raiva e a tristeza se misturam dentro de mim. Eu não consigo explicar o que sinto agora. Estou ansiosa para vê-lo e constatar que ele está vivo. Sempre quis saber mais sobre o meu pai, já que não deu para passarmos mais tempo juntos. Medo porque isso tudo pode ser mentira. Medo porque isso tudo pode ser verdade. Medo das coisas que posso descobrir. Medo de nada ser como antes. Mas principalmente... Medo de TER que partir.

Eu não queria sair daqui, mas agora eu sentia como se meu destino de ir ou ficar, já estivesse cravado numa pedra.

Avisto o acampamento. Tony é o único acordado, sentado perto da fogueira, ouvindo música pelos fones de ouvido do relógio. Ele sempre sabe quando há algo de errado comigo, ele diz que reconhece as minhas caras de "Estou triste, mas não estou a fim de falar". Eu queria tanto contar, contar que meu pai possivelmente está vivo, e sobre tudo o mais que o menino me contou.

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