17 - A Campina

65 11 10
                                    


17

No outro dia encontro meu pai em um lugar que me parecia uma espécie de garagem da liga.

– Bom dia! – Ele diz enquanto abria a picape e colocava uma toalha para dentro. – Pronta para o nosso passeio? – Ele abre a porta do carro para mim. Meu pai estava com um estilo de roupa diferente do que eu costumo vê-lo usando: Uma calça jeans rasgada, camiseta e um boné que esconde a maior parte dos seus cabelos. Já eu, casualmente estou com um short jeans e uma camiseta branca com listras pretas.

Sorrio e entro no carro.

– Aonde vamos? – Pergunto enquanto ele dirigia por uma estrada reta com árvores nos dois lados da estrada.

– É uma surpresa. – Sorri, com os olhos na estrada.

Olho para as árvores e vejo alguns pássaros que me fazem lembrar a visão da janela do meu quarto. Quando eu encostava a cabeça na janela nos dias chuvosos via uma família de pássaros na grande árvore do jardim. Quatro pássaros azuis, que eu imaginava se tratar de uma mãe, um pais e dois filhos.

Paramos na beira da estrada, e ele abre a porta para mim.

– Já chegamos?

– Não exatamente. Vamos andar um pouquinho. – Ele pega a cesta e a toalha.

Nós caminhamos juntos por uma trilha até chegar a uma campina, onde havia um pequeno lago com uma ponte de madeira atravessando-o. O lugar era protegido por uma fileira de árvores que o cercava embalando-o como um tesouro secreto. O sol da manhã iluminava as águas fazendo com que parecessem pequenos diamantes ao mesmo tempo em que reluzia brilhantemente através das folhas e dos galhos.

Meu pai estende a toalha perto do rio e me chama para ir com ele até a ponte de madeira. Debruçamo-nos sobre o corrimão e ficamos observando o rio.

– Aqui é lindo! – Exclamo enquanto observava a correnteza seguindo seu caminho.

– Eu venho aqui algumas vezes... Quando preciso de espaço, ou apenas ficar sozinho e relaxar. – Ele sorri. – Acho que não tivemos um tempo entre pai e filha desde que chegou aqui, então sinto que ainda devo isso a você.

– Eu entendo que o seu compromisso com a liga exige muito do seu tempo. – É o que eu respondo. Mas no fundo sei que a nossa briga foi o real motivo de não termos tido esse tempo juntos.

– Elle, durante a vida todos nós escolhemos coisas pela qual decidimos lutar por elas. Uns lutam por fama, outros por sucesso, dinheiro, mas cada um tem algo que busca. Algo que trás sentido a sua existência. Nesses treze anos em que fiquei por aqui eu me dediquei totalmente à liga... – Ele se vira para olhar para mim. – Mas agora com você aqui, eu tenho por perto o motivo pela qual de fato eu escolhi lutar: A minha família. Tudo o que fiz, incluindo entrar para o conselho e lutar por justiça foi para que vocês vivessem em um mundo melhor. Agora eu luto para voltar para casa e consequentemente acabei ajudando algumas pessoas e construindo um exército durante o percurso. Mas ainda que meu trabalho com a liga seja integral, eu tenho a minha filha comigo. Aqui e agora. – Sorri – Seria tolice da minha parte não aproveitar isso.

Aceno concordando, sentindo a brisa me acariciando a medida que o vento soprava. Fecho os olhos e aproveito aquele momento grandioso.

Depois de lanchar, nós pescamos. Ele também tentou me ensinar alguma coisa que ele sabia sobre os tipos de pássaros, e sobre a fênix, que era o símbolo da liga costurado na roupa de missão dos soldados. No fim da tarde pegamos a trilha de volta para a estrada.

– Ei, quando foi que ficou tão forte? – Pergunta ele, enquanto eu o puxava ajudando-o a passar por alguns terrenos rochosos por detrás da cachoeira.

Os ExiladosOnde histórias criam vida. Descubra agora