7 - O Dia do Teste

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No outro dia, tomo um rápido café da tarde para ir para o laboratório de testes.

Eu disse que queria ir sozinha pra lá, porque acho que ter alguém comigo durante o processo me deixaria mais tensa, minha mãe e meu irmão respeitaram o meu pedido e foram para seus respectivos trabalhos.

Todo o caminho até o laboratório foi tão rápido que era como se o universo tivesse apertado a tecla 5x no controle do tempo. Quando chego à sala de espera, sinto um calafrio ao passar pelas portas de vidro e me sentar junto com mais duas pessoas que estavam aguardando a sua vez.

Aquilo estava realmente acontecendo!

Eu vivi e revivi esse momento varias vezes antes dele de fato acontecer, e agora estou aqui e não sei quais das minhas possíveis reações eu poderia usar. Eu imaginava um cenário onde eu ficava ali sentada, balançando as pernas e estalando os dedos, nervosa, aguardando ser chamada. Ou até uma reação pior, onde eu me trancaria no banheiro e choraria até que tivesse passado tempo o suficiente para eu ser a próxima... Bem, eu não estou exatamente igual a nenhum desses cenários, apesar da ideia do banheiro me parecer uma alternativa tentadora. Começo a pensar, que eu tenho motivos para não estar mais tão triste em ter que ir embora.

Mas e as pessoas que vão ficar? O que o Mark vai fazer sem mim para acobertá-lo quando ele fizer alguma coisa que a mamãe desaprovaria? Eu vou sentir saudade dos conselhos malucos, das conversas engraçadas e dos momentos em que ele tentava ser o irmão mais velho (quando na maioria das vezes, eu parecia ser a irmã mais velha dele). E a minha mãe? Ela era uma incógnita, mas nos momentos em que mais precisávamos ela estava lá tentando ajudar da melhor maneira possível. O Théo, a Megs e o Tony... Não imagino quem vai sentir minha falta mais do que ele.

Por um momento aquela pessoa dentro de mim que lutava contra a realidade de ter que ir embora reaparece e eu desejo ficar. Longe de surpresas, longe de conflitos... Eu poderia visitar o papai algum dia e nunca contar da noite na floresta para ninguém. Eu seguiria com minha vida normal e ele daria outro jeito de levar os documentos para a Ilha.

Mas para o meu azar... Não era eu quem decidia o meu destino.

– Ellena Volant? – Chama a recepcionista. – A avaliadora está te esperando.

Acompanho a recepcionista até a sala de testes, dando um passo de cada vez, como se minhas pernas estivessem pesadas demais.

Eu quero ficar.

O frio da sala faz meu corpo tremer e quase posso ouvir meus batimentos cardíacos. A sala cheirava à desinfetante e bancos de couro novos, e as paredes eram azuis e brancas, possuindo painéis de madeira escura. Duas avaliadoras estavam ali presentes e uma delas chama o meu nome:

– Srta. Volant? – Pergunta a mulher de cabelos grisalhos e óculos, que auxiliaria no meu teste.

– S... Sim – Gaguejo.

– Pode se sentar. – Diz ela apontando para a cadeira de frente para a sua mesa. – Meu nome é Cristina Rivera. Vou te fazer algumas perguntas, e farei uma coleta do seu sangue para análise.

Sento-me na cadeira.

– Estique o braço. – Ela pede, e faz a coleta do meu sangue com uma maquina que parece um grampeador. – Pronto! – Ela retira um tubo pequeno da maquina de coleta, e o coloca em outra máquina para análise. – Isso vai levar apenas alguns minutos, enquanto isso me fale sobre as habilidades dos seus pais.

– A habilidade do meu pai era como um detector de mentiras, o cérebro dele conseguia detectar facilmente pelo tom de voz, pausas e o olhar, quando alguém estava mentindo ou falando a verdade. – Ela faz uma cara impressionada e em seguida me olha como se estivesse me analisando.

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