15 - Recomeço?

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15

Pisco os olhos algumas vezes, que estão um pouco grudados por remelas e percebo que acabei dormindo no chão da sala. Levanto-me e caminho em direção à sacada percebendo que o céu já está escuro. As lembranças do dia começam a reaparecer na minha mente, acompanhadas de um aperto no peito. Sinto-me sufocada. Acho que fiquei tempo demais no subsolo.

Saio pela porta do meu apartamento sem saber ao certo para onde ir, eu apenas queria respirar em algum lugar sem paredes me cercando.

"A saída de emergência". Digo para mim mesma ao ver uma porta estreita no canto do corredor.

Abro a porta, e subo as escadas que me levam até o terraço. Sinto o vento como um golpe, e estremeço um pouco pelo frio. Mas permaneço ali, observando a lua.

Apesar de o ar me fazer espirrar por conta dos vírus ainda sinto-me melhor aqui. Olho para a lua que faz eu me sentir um pouco em casa. É a mesma que meus amigos podem ver. Será que algum deles está olhando para a lua agora?

– O que faz aqui? – Ouço uma voz atrás de mim. Viro-me e vejo Eric se aproximando.

Um sentimento de raiva invade o meu corpo. Senti como se meu momento a só estivesse sendo violado por ele.

Não devia satisfações a ninguém, muito menos à alguém da liga.

– Eu quis vir. – Digo de forma seca, virando-me de costas para ele.

– É meio perigoso ficar aqui sozinha. – Ele diz.

– Mas você também está aqui, não está?

Ele não responde na hora, mas acho que escuto ele dar um sorrisinho.

– Gosto de vir aqui pensar mesmo que o ar seja uma droga... Acho que a liga me acostumou mal. – Ele diz. – Mas vale a pena.

Aceno com a cabeça concordando, eu não queria puxar assunto.

– Como está o seu ferimento?

Tenho que me lembrar de tirar os pontos depois, já que eles não tinham mais utilidade ali.

– Olha... Eu não estou muito a fim de conversar agora. – Digo, finalmente virando-me para ele.

Ele faz uma cara confusa.

– O que aconteceu com os seus olhos?

– É uma longa história, e eu não estou muito a fim de contar ela também. – Digo de forma ríspida.

– Ei, relaxa! Até parece que foi eu que te mandei pra esse buraco.

Suspiro e passo as mãos no rosto, tentando de alguma forma limpar meus pensamentos. Ele estava certo. Não era dele que eu estava com raiva.

– Ok. Desculpe-me. – Digo. – Foi um dia ruim.

– Entendo. – Ele se vira para ir embora, mas depois de parar por um segundo, ele retorna. – Está com fome? – Naquele momento, me caiu a fixa de que eu estava desde a hora do almoço sem comer. – Eu trouxe alguns hambúrgueres pra mim... – Ele diz apontando para uma caixa no outro lado da sacada. – Se faltar, eu posso ir até o meu apartamento e pegar mais.

– Você tem um apartamento?

– Fica ao lado do seu. – Ele diz. – Eu vi quando você chegou ontem, e vi aquele cara que estava te perseguindo. Ainda bem que eu guardo uma pistola comigo para casos de emergência como aqueles...

– Foi... Foi você? – Pergunto confusa com a surpresa da revelação. Eu pensava que tivesse sido um dos soldados, mas levando em conta que Eric é um deles, no fim das contas não faz tanta diferença.

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