Os Exilados

8 - Origem Dolorosa

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Era o ultimo dia de aula. Especificamente o dia da seleção de carreira. No fim da fase do ensino, precisávamos fazer a escolha qual ramo de trabalho nós queremos seguir, e então fazer um estudo de cinco anos especializado naquilo. A escola inteira estava animada, e a maioria tinha um ar esperançoso no rosto. Para muitos, a sua vida começaria a partir de ali.

Eu sempre achei incrível que algumas pessoas tenham certeza do que querem fazer para o resto de suas vidas, essa decisão sempre me pareceu complicada demais. Eu me sentia como se estivesse atrasada em relação ao resto do mundo por não ter certeza do que eu queria fazer. Parece que a menos que saiba qual profissão quer seguir, você ainda não possui uma identidade, como se apenas a partir disto nos tornássemos alguém.

Minha mãe diz que o mundo dos adultos é cheio de gente confusa tentando demonstrar que estão seguros de si, mas que muitos deles nem sabem quem são. Essas mesmas pessoas insistem para que seus filhos saibam o que querem fazer para o resto de suas vidas aos dezessete anos de idade. Não me parece coerente.

Acho que todos acabam se encontrando um dia em alguma coisa. Provavelmente eu também irei. De qualquer forma, eu não tinha que tomar essa decisão naquele momento... Afinal, amanhã eu me mudaria, e eu decidi que as minhas ultimas lembranças daqui não seriam tristes e deprimentes. Eu iria curtir o pouco de tempo que eu tinha, de preferência sem drama. E todos concordaram em não tocar nesse assunto.

– Sorria! – Megan direcionou a câmera dela pra nós e bateu uma foto. – Ficou ótima! – Exclama sorrindo. – É o ultimo dia de aula Elle! Dá pra acreditar?

– Nem me fale! Sem trabalhos, provas, estamos livres finalmente! – Sorrio.

– Oi Elle! – Theo passa por Megan e eu, e me cumprimenta. Mas nem olha pra ela.

– Aconteceu alguma coisa? – Sussurro, perguntando para Megan.

– Ele me mandou uma mensagem ontem... – Megan revira os olhos. – Dizendo que gostava de mim, falando do beijo no acampamento. Depois daquele dia a gente acabou conversando um pouco depois da aula, e eu até ri de algumas piadas dele. – Ela coça a cabeça.

– Isso é ótimo! – Digo. – E o que você respondeu?

– Que não queria nada com ele. Mas não foi exatamente por isso que ele ficou zangado... Eu meio que disse que ele era bobo demais pra mim. – Ela diz meio envergonhada.

– Ai meu Deus! – Encaro-a. – O que deu em você?

– Eu só... Falei a verdade! – Ela faz uma cara como se aquilo parecesse óbvio.

– Mas você o magoou! Ele só disse que gostava de você, e você o chamou de idiota!

– Ai eu sei! Senti-me mal... Mas agora já foi!

– Simples! Peça desculpas! – Ela faz uma careta com o meu comentário.

– Não quero pedir desculpas pra ele. – Ela insiste. – Eu estou certa, Elle! Posso ter sido grossa e pedir desculpas por isso, mas não somos compatíveis! Se eu entrar nisso sabendo desse fato é como comer uma combinação de sorvete que você sabe que vai te dar dor de barriga! – Ela tenta se explicar. – E, além disso, se eu pedir desculpas vou admitir que eu errei!

– Megan, nenhum casal é totalmente compatível. As pessoas não são perfeitas, nem mesmo você! – Ela levanta uma das sobrancelhas quando digo isso, desdenhando do que eu falei – Elas apenas se amam e fazem dar certo... – Digo como se eu soubesse de alguma coisa sobre relacionamentos. – Se você gosta do Theo e ele de você, vocês podem tentar ficar juntos!