25 - À Salvos

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Colocaram-nos em uma espécie de prisão dentro do palácio do governador. As paredes eram transparentes, e a porta tinha um monitor com senha. O soldado que estava segurando o Tony digitou a senha e abriu a porta, jogando-o para dentro, em seguida fizeram o mesmo comigo.

– Tony! – Corro para perto dele e o ajudo a levantar. – Olhe para mim! – Seguro o seu rosto e tento fazer com que ele preste atenção em mim. O seu olhar parece vagar pelo meu rosto sem conseguir manter o foco.

Ajudo-o a se levantar, e coloco-o em cima de um colchão que tinha dentro da cela. Sento-me de frente para ele, e tiro o cabelo do seu olho. Abro o zíper do bolso da minha calça, e pego uma das pílulas vitamínicas que eu trouxe da liga.

– Tome! – Coloco a pílula na boca dele. – Pode partir com os dentes se não conseguir engolir inteiro. – Ele faz força e engole a pílula. – Vai te fazer bem. – Sorrio tentando demonstrar otimismo.

Em seguida ajudo-o a deitar, e me deito ao seu lado observando enquanto a mente dele parecia vagar. Sinto o cansaço de um dia inteiro de ação tomar conta do meu corpo, e minhas pálpebras ficam cada vez mais pesadas.


Horas depois, acordo com sua voz me chamando. Olho para Tony, cujo rosto parecia menos pálido e mais saudável do que ontem.

– Elle...

– Oi! – Digo colocando as mãos no seu rosto. – Como está se sentindo?

– Me sinto... Como se eu estivesse na pior ressaca da minha vida! – Ele faz uma cara meio confusa. Sorrio. A pesar de a situação ser assustadora, estar com ele fazia com que os problemas se tornassem menores.

– Fiquei com tanto medo... Pensei que não conseguiria chegar a tempo... – Balanço a cabeça.

– O que ele disse era verdade? Você faz parte de um exército clandestino? O seu pai esta vivo? – Ele pergunta.

Seguro as suas mãos.

– Sim, eu faço parte de um exército secreto na ilha. – Digo. – Mas o meu pai está morto. – Pressiono seu dedo mindinho com a ponta do meu dedão e do meu dedo indicador como uma espécie de código para "Estou tendo que mentir porque alguém pode estar nos vigiando".

Ele arregala um pouco os olhos, surpreso, mas em seguida ele segue o assunto.

– Então quando me disse que estava treinando para ser policial, você estava treinando com essas pessoas? – Ele pergunta e eu balanço a cabeça que sim. – Ah. – Ele murmura, como se as coisas estivessem fazendo sentido agora.

– Vem, vou te ajudar a levantar.

– AHH. – Ele geme, quando seguro nas costelas dele. Tiro as mãos rápido, sentindo-me culpada por tê-lo machucado. Eu puxo a sua camisa para cima, com cuidado. Um hematoma roxo escuro se estendia por toda a sua costela direita, junto a cortes superficiais por todo o abdômen.

– Eu sinto muito... – Abaixo a cabeça envergonhada. Meu ódio por Matthew só aumentava.

– Relaxa!... Não é sua culpa. – Ele diz tentando forçar um sorriso.

Solto um suspiro. Eu sabia a verdade.

– Como eles te acharam?

Tony se endireita na cama.

– Eles foram até a arena onde eu estou treinando dizendo que uma marca de tênis queria me patrocinar. Quando fui a vestiário me trocar, alguma coisa me acertou no pescoço, agora eu acho que era um sedativo com neutralizador de habilidades... Depois disso eu só me lembro de estar aqui. – Ele coça a cabeça. – Pelas minhas contas acho que já faz duas semanas desde que me pegaram. Nem sei o que eles disseram ao meu pai para ele não sentir a minha falta. – Duas semanas? Eles torturaram o Tony por quatorze dias até eu saber que ele estava aqui?! – Depois eles me perguntaram umas coisas, mas eu não sabia, e eles foram fazendo cortes em mim com uma faca cega a cada "não sei" que eu dizia. – Ele levanta o resto da camisa mostrando o seu abdômen cortado. Havia três cortes maiores que eu não tinha visto do lado esquerdo, mais profundos, acompanhado de mais hematomas. – O tempo todo eu pensava que ia morrer. Pensava "agora eles vão afundar a faca" e eu tentava reprimir o desespero. Mas aí o agente parava, e me dava outro soco, e minha mente embaralhava de novo. E eu nem sabia o porquê estavam fazendo aquilo. – Ele abaixa a camisa. – Eles me deixavam dias sem comer, e às vezes me acordavam no meio da noite com choques. – O olhar dele transmitia o medo e desespero que ele havia sofrido.

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