12 - O Centro da Liga

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No outro dia, acordo e a primeira coisa que vejo é a mesinha ao lado da minha cama. Levanto-me devagar e fico sentada à beira da cama olhando para o quarto, e as paredes pintadas de branco.

Tudo o que aconteceu ontem parecia um sonho. Eu estava longe de casa, não veria meus amigos hoje, não comeria pizza com o Mark, e nem assistir filme até tarde. Olho o meu relógio e são quase nove da manhã.

Levanto-me e verifico o que tem no armário da cozinha e encontro leite e uma caixa de biscoitos. Agradeço mentalmente ao meu pai, que provavelmente foi quem encheu a minha dispensa com comida. Vou até a sacada, encaro o prédio da frente que atrapalha a visão do horizonte e faço uma cara feia. Na minha casa eu tinha a vista do quintal da janela do meu quarto, conseguia ver alguns pássaros e as pessoas passando na rua. Aqui não vejo pássaros, muito menos pessoas na rua.

– É meio perigoso ficar ai fora – Ouço uma voz atrás de mim. – Bom dia!

– Bom dia. – Digo à Mia.

– Pronta para conhecer o Centro da liga? – Ela pergunta. – Pode se aprontar, vou estar no quartinho de produtos de limpeza te esperando. – Ela se vira e sai.

Vou até o meu quarto para trocar de roupa, e verifico meu curativo. O ferimento causado pela bala já estava cicatrizando. Coloco uma blusa de mangas longas para cobrir a parte enfaixada do meu braço.

Chego até a cozinha e Mia estava lá me esperando. Ela se vira e vou atrás dela. Ao entrarmos no quartinho de produtos de limpeza, pressiona a parede e ela se abre para a direita, como uma porta de correr.

– As paredes que escondem uma passagem possuem um leitor digital comum. As digitais gravadas aqui são as minhas, as suas e as do chefe. – Fico impressionada com todo aquele sistema de proteção aqui.

Ao passarmos pela porta, havia uma escadaria de ferro em espiral. Quando chegamos ao final dela, tinha outra porta que parecia ser a prova de balas.

Mia aperta uns botões.

– Coloque sua mão aqui – Ela me mostra uma tela na parede. – Ele irá registrar suas digitais. – Depois que o leito faz o seu trabalho, Mia digita alguns números na tela.

– Como vocês conseguiram todas essas coisas? – Pergunto apontando para o sistema de segurança.

– Se está impressionada com isso, espera só até conhecer lá dentro. – Ela sorri.

A porta se abre, revelando o mundo atrás dela.

O centro da liga parecia um grande e largo corredor com varias salas nos lados direito e esquerdo. O meio do corredor era como uma praça, com bancos, e pessoas conversando.

– A liga existe por causa de uma cooperação mútua de todos os membros. – Mia diz, caminhando ao meu lado como uma espécie de guia turística. – Aqui não tem só pessoas que foram achadas nas ruas, sem lar. Aqui também tem pessoas que tinham terras e grande número de patrimônio. – Ela explica. – Mesmo nesse fim de mundo, tem uma Villa de pessoas que conseguem viver melhor. É como ter um caixão mais bonito num cemitério miserável e caindo aos pedaços. – Ela diz com ironia. – Algumas dessas pessoas ofereceram suas terras e patrimônios em troca de uma moradia aqui. Quando precisamos de roupas ou coisas especificas, nós pegamos e em troca oferecemos uma caixa com alimentos limpos.

Mesmo sendo a cabeça por trás de tudo isso, meu pai não fez nada sozinho.

– Aqui é onde o alimento e a água que abastece toda a liga passam por um processo de purificação. – Diz ela me mostrando uma das salas. – E todas essas saídas de ar que tem nas paredes, tem seu próprio sistema de purificação. Por isso, em toda a liga e nos apartamentos ligados a ela tem o ar diferente do ambiente externo.

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