capítulo - 003

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Como havia prometido, fiquei o resto do dia brincando com Gray. Ele era uma ótima maneira de diversão, pois gostava de comentar sobre as coisas que gostava e amava, como uma verdadeira criança extrovertida, então passei a maior parte do tempo me entretendo com sua pureza ao invés de me concentrar em outros assuntos.

Fomos ao parque e vimos o lago cristalino, enquanto os patos nadavam de um lado para o outro. Gray implorou para dar migalhas de pão para eles e deixei, já que era algo comum a se fazer por ali.

Enquanto ele jogava as migalhas para os patos, me sentei em um banco ali perto para poder ficar de olho nele ao mesmo tempo em que descansava. Observei atentamente as outras pessoas que estavam ao redor, e pude perceber que a maioria eram casais apaixonados ou famílias com suas crianças.

Olhei também para um lugar específico do parque, debaixo de uma árvore velha, onde um casal de adolescentes escrevia suas iniciais na sua casca.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas me apressei em engolir o choro.

Acontece que Owen e eu fizemos a mesma coisa no início do nosso namoro. Escrevemos " C.d & O.g " dentro de um coração. Naquela mesma árvore, naquele mesmo lugar.

A árvore era conhecida, já que boatos diziam que foi criada por um Deus do amor, onde se confessado seu amor por alguém embaixo dela, você e seu acompanhante serão um casal para sempre.

Lembro-me dele fazer isso, falar sobre seus verdadeiros sentimentos por mim e depois me dar um longo beijo molhado. Logo após, escrevemos nossas iniciais nela. Éramos como aqueles dois adolescentes apaixonados. Com sonhos e expectativas sobre o futuro. Éramos ingênuos.

E só de pensar que o futuro daqueles adolescentes talvez já estivesse escrito, como o meu e o de Owen, me partia o coração.

Agora todo esse conto de árvore que mantém casais juntos "para sempre" parece uma grande bobagem, como diria Zach. E talvez ele tivesse razão... Tudo realmente tem um fim, mesmo que doa bastante. Nada é eterno. Uma hora ou outra o choque de realidade cai sobre nós.

Quando o casal se retira dali, caminho lentamente até onde estavam e olho para as iniciais deles, passando a mão. Logo embaixo estavam, quase apagadas, as minhas e de Owen. Passo a mão por cima delas também, lembrando do dia em que as fizemos.

Era uma bela tarde de domingo, nós dois havíamos completado 3 anos de namoro naquele dia, e estávamos ali para "comemorar" o ocorrido. Acabávamos de alugar um local só nosso, terminada a faculdade.

Owen segurou minha mão durante todo o trajeto, enquanto conversávamos e ríamos sobre coisas aleatórias... eram bons tempos.

Se eu soubesse que nosso relacionamento terminaria de uma maneira tão estupida teria aproveitado mais aqueles doces momentos, e os picantes também.

Vejo com o canto do olho Gray se aproximar de mim e olhar para o mesmo lugar que eu.

— O que tem de tão bonito numa árvore velha? É tipo, só uma árvore, e é antiga, bem velhinha, tipo a vovó e o vovô... — Ele perguntou, com o pescoço inclinado. Eu ri da sua comparação.

Meus pais não eram tão tão velhos, certo que já estavam grisalhos, mas eles não passavam dos setenta anos.

— Nada, meu bem. É realmente apenas uma árvore velha. — Completo num suspiro. — E nunca, nunca faça essa comparação perto dos seus avós, por favor! — Falo sorrindo e lhe abraço pela cintura. O mesmo acena em concordância, pegando minha mão.

— Olha! Uma barraquinha de cachorro-quente, vamos lá?! Por favor, tia Claire! — ele me pede, fazendo um biquinho.

É, não tem como dizer não para este garoto.

— Porque você é assim? — Pergunto mais para mim mesma do que para Gray, rindo.

Seguro em sua mão, e logo estávamos comendo nossos cachorros quentes em um banco qualquer do Central Park.

All I Want (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora