capítulo 11

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Naquele mesmo dia, fui atrás de Zach por toda a cidade.

Em busca de saber por onde e aonde ele ia todas as vezes que saia de casa depois de um briga.

Procurei pelas ruas, em restaurantes e lanchonetes, lugares públicos, tentei até mesmo ligar para o celular dele.

Após varias e várias chamadas perdidas (caindo sempre na caixa postal), decidi ir ao único lugar que restava em minha memória.

O Central Park.

Eu adentrei o parque, olhando por trás das árvores e em cada canto se quer.

Nada.

Me direcionei a saída, já sem esperanças.

Foi aí que o vi.

Zach estava sentado em um banco, com a cabeça baixa e claramente abatido. Quando me aproximei mais, pude perceber que o mesmo chorava.

O meu sobrinho, que pareceu sempre ter um coração de pedra, chorava como uma criança quando se machuca ao cair pela primeira vez da bicicleta.

O abracei forte, como se tudo ao nosso redor não existisse, nada além de nós dois. Ele se surpreendeu no início, mas logo retribuiu e me apertou, chorando no meu ombro e deixando a manga de minha blusa molhada.

Em anos, ninguém foi capaz de perceber o quanto Zach havia se prejudicado com toda essas confusões de família. Ele nunca cogitaria pedir ajuda ou algo assim.

Após alguns minutos em silêncio no abraço, Zach se afastou, se ajeitou no banco e ficou olhando para o nada, fiz o mesmo.

- Minha ex-namorada morreu. - Ele disse, soltando uma risada totalmente sem humor.

- Oh, meu bem... então é por isso que você está tão desanimado e triste? - Pergunto, sem manter contato visual.

- Não só por isso. Eu magoei minha mãe. Ela só tenta ser e fazer o melhor para mim, e eu... bom, sou só um filho ingrato. Nem mesmo para ser um irmão legal sirvo. Sei que é errado tentar "culpar" todos por nada dar certo em boa parte da minha vida. Mas eu simplesmente não consigo lidar com tudo isso. Eu queria voltar no tempo, para os anos dourados, em que eu era apenas uma criança que vivia alegre e não se preocupava com nada. - Ele desabafa, e como um soco no estômago, as suas palavras vêm e me fazem lembrar-me de como eu tentei ser a melhor em tudo na adolescência, e quando não conseguia, jogava toda a culpa em minha família.

Eu era muito mais parecida com Zach do que eu imaginara.

- Sinto muito por tudo, Zach. É realmente, muito difícil ser alguém bom. Mas você ainda tem chances. Chances de tentar mudar e conseguir ser um exemplo para o seu irmão, chances de pedir desculap a sua mãe... você tem uma vida inteira pela frente. Sua mãe, seu irmão, seus amigos, e até... eu - Falo, dando-o um pequeno empurrão de lado -... precisamos de você, e nos importamos. Queremos, acima de tudo, o seu bem. Mas a grande mudança e as escolhas que formarão seu destino só dependerão de você. Então tente. Sei que você vai conseguir. Afinal, você é um Dearing! E nós Dearing's sempre conseguimos o que queremos. - Falo, tentando dar uma tia motivacional.

Zach ri enquanto balança a cabeça em afirmação.

- Você está certa. Prometo que irei tentar, só não sei se vai dar certo. Devo um belo pedido de desculpa a minha mãe, e um abraço ao meu irmão. Obrigado tia Claire... - Ele diz, me abraçando.

Abro um sorriso sincero e fecho os olhos. Me senti feliz. Não só por ele ter me chamado de tia após longos anos sem fazer isso, mas por eu ter conseguido conversar com ele.

Nada que uma boa conversa não resolva. É só usar as palavras certas, que tudo dá certo.

Zach e eu voltamos para casa e ele fez o que devia.

O sorriso de felicidade no rosto de Karen ao ouvir seu filho falar que ela era uma mãe incrível e que ele o amava, e que pedia desculpas por ter sido um adolescente tão incoerente às vezes foi impagável de se ver. Em um abraço dos dois, vi lágrimas de felicidade rolarem pelo rosto de minha irmã, e ouvi ela dizer "Obrigado, irmãzinha".

Eu subi até meu quarto e pude ouvir as risadas de Zach e Gray no quarto ao lado.

Me encontrava em uma certa paz interior. Tudo estava teoricamente indo bem até agora.

Karen e os meninos iriam embora em menos de uma semana e logo eu ficaria sozinha, então, terei de dar um jeito em minha vida o mais rápido possível.

Eu espero que eu consiga.

All I Want (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora