capítulo 8

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Trabalhei pelo restante do dia.

Isso fez minha cabeça flutuar e esquecer um pouco dos problemas.

Eu sabia que eu só iria do trabalho para casa e de casa para o trabalho, então aproveitei para fazer tudo que já estava pendente pro resto da semana.

E ótimo!

Eu não teria que pisar aqui ao menos até quarta, já que todos os documentos estavam preenchidos e as reuniões em que eu precisava estar presente só viriam a partir da quinta.

O relógio marcava 20:00, e eu estava arrumando minha mesa para poder ir embora até que ouvi uma batida na porta de minha sala, que estava aberta.

Era Regina, minha colega de trabalho e também minha melhor amiga desde a faculdade.

- Já vai? - Perguntou, apontando com a cabeça para mim.

- É. Passei o dia trabalhando nas coisas de amanhã. Já conversei com Simon e está tudo bem. - Digo, por fim pegando minha bolsa e saindo da sala junto de Regina.

Tranquei o escritório e coloquei a cabeça na porta, suspirando.

- Você não está se cobrando demais? - Regina perguntou, com a mão em meu ombro. Eu apenas discordei - Olha, estou indo para o bar, porque não me acompanha? Não sei oque está passando nessa sua cabecinha, já que você não me conta mais nada, mas acho que uma bebida te fara bem... -- Finalizou, com um sorriso de lado esboçado em seu rosto.

Olhei para ela, e a observei. Me senti um pouco culpada por não a ter buscado em nenhum desses dias. Eu a considero minha melhor amiga, quase irmã, então me sinto no direito dela saber o que acontece comigo.

É o final de uma segunda-feira, e eu acabei de preencher mais de 50 papeladas.

- Hm... uma bebida só não pode ser tão ruim. - Semicerrei os olhos para ela - Vamos. Mas se você deixar eu passar do meu limite eu te mato! - Alertei-a, rindo.

- Ok, pode deixar. Serei responsável - Ela respondeu com as mãos pro alto, em ato de redenção. Eu ri, porquê sabia que até a minha antiga lagarto da língua azul, Sally, era mais responsável que Regina.

Ela passou a mão em torno de meu ombro e eu apoei a minha cabeça no dela até o elevador.

!! × !!

O bar não ficava a mais de 5 minutos do prédio da Masrani Global, então chegamos rápido.

Nos aproximamos do balcão, e nos sentamos uma do lado da outra.

- Então... pode me explicar o porque de você ter sumido por dias? - Regina perguntou enquanto acenava com a mão para o bartender vir nos atender.

- É complicado. Reencontrei alguém do passado. - Falei, passando a mão em meu rosto.

Ela não falou nada, apenas olhou para meu rosto e me analisou.

- Não me diga que... - Regina insinuou e eu sabia que ela sabia de quem eu estava falando. Balancei a cabeça em concordância. - Nem fodendo. Ele veio atrás de você? Porque se sim eu vou quebrar a cara del... - Ela apertou o punho e o levantou, eu ri de nervoso.

- Pior. Eu fui atrás dele. E acabou que foi uma perda de tempo. - Confessei, revirando os olhos e querendo chorar ao mesmo tempo quando as lembranças do sábado voltaram a minha mente

- Claire Dearing, eu não acredito que você se rebaixou a este nível. - Ela falou, batendo a mão na testa e depois batendo no meu braço.

- Aí! - Gemo de dor, retribuindo o tapa - Calma, tem uma explicação. Não sei se você já escutou aquela música, "All I Want", mas recentemente eu ouvi ela no rádio e reconheci a letra, que por sinal era a mesma do que eu tinha escrevido em uma carta que eu mandei para o Owen a um ano atrás. Eu pesquisei sobre e vi que ele era o cantor. E bom, eu queria meus devidos créditos e fui falar com el... - Parei de falar quando olhei para Regina e vi a expressão em seu rosto.

Ela me olhava como se quisesse rir, mas ao mesmo tempo como se quisesse matar alguém.

- Então é por isso que eu nunca fui com a cara dessa música. A voz do cantor me causava ansea, e agora vejo que não é por menos. O que ele disse? Ele tentou te fazer algo? Te xingou? - Regina lançou mais mil perguntas, e eu busquei responder todas.

Quando acabei de explicar tudo direitinho, ela rangiu os dentes e quase deu um grito.

- Droga! Por que você tem que ser tão azarada com quem você escolhe para amar em Claire? - Ela falou brava, o que por algum motivo me fez rir. Ela me olhou como se dissesse "Não tem graça!", mas isso apenas me fez querer rir mais.

Um minuto depois ela cedeu e começou a rir também.

E lá estávamos. Duas amigas rindo que nem duas doidas depois do trabalho. Boa parte das pessoas no bar começaram a nos olhar, e quando percebemos, rimos mais ainda

Talvez fosse culpa da bebida, eu não sei.

Mas sei que estávamos rindo da minha própria desgraça, e acho que estou indo pelo caminho certo, dessa vez.

Decidi que quero mais momentos como esse.

Momentos simples, mas que mais para frente serão muito importantes, tanto para as pessoas ao redor, quanto para meu desenvolvimento pessoal.

- Foda-se o Owen. - Ela diz, agora parando de rir e tomando um gole de sua bebida.

Eu a olho e abro um sorriso largo.

- Foda-se o Owen! - Agora sou eu quem estou enfiando um copo inteiro de cerveja goela abaixo.

All I Want (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora