Demônios - Zurena

Reconciliação

Autora ON
Olá meus amores, como vocês estão?

POV MACARENA

Por mais que eu sabia que Zulema precisasse de espaço e que provavelmente brigaria ainda mais comigo se eu corresse atrás dela, foi o que eu fiz.

Saí da cela e não a vi mais, perguntei então para algumas detentas, que me disseram que ela havia ido até o banheiro. Fui até o local que estava praticamente vazio, mas não a achei.

- Zule? Zulema? - Grito baixo, tentando fazer com que me respondesse. - Zule, meu amor, onde você está? - Digo ternamente, sentindo o quanto aquelas palavras eram verdadeiras.

Fui até os banheiros e vi que um estava fechado, provavelmente ela estava ali.

Toquei na porta de leve e ouvi um suspiro carregado do outro lado, sinalizando que ela havia chorado. Meu peito se apertou mais ainda.

- Me deixa em paz Macarena. - Ela diz com a voz embargada pelo choro.

- Zule, por favor, me deixa entrar. - Digo com dificuldade, sentindo minha voz ceder para o choro que descia dos meus olhos involuntariamente.

Alguns segundos de silêncio se instalaram entre nós, era como se ela estivesse pensando no que fazer.

Logo ouço um barulhinho na porta, era a fechadura abrindo.

Eu abro a porta lentamente e vejo Zulema sentada na parte de cima do vaso, olhando pro chão.

Entro no banheiro e fecho a porta novamente, juntamente com a fechadura.

Ela me olha assim que vê eu fazendo isso e posso ver seus olhos e nariz vermelhos do choro, provavelmente parecidos com os meus, que também havia chorado.

- Eu voltei por você. - Ela diz, olhando novamente pro chão.

- O que? - Digo em um sussurro, havia perdido a voz instantaneamente.

- Eu me entreguei, pra voltar a ficar com você. - Ela diz, olhando pras suas mãos enquanto as esfregava.

- Zule, isso é sério? - Pergunto, ainda sem acreditar naquilo.

Ela apenas faz que sim com a cabeça, com uma expressão triste e sua boca um pouco retraída, sinalizando que gostaria de chorar novamente.

Não conseguia me mexer, nem falar nada. Aquelas palavras me afetaram imensamente. Nunca na minha vida eu imaginaria Zulema Zahir fazendo algo desse tipo.

A mulher que mais matou e sacaneou pessoas pela sua liberdade, que não a trocou nem pelo próprio namorado ou a filha, havia voltado pra prisão por causa de mim? Sua ex inimiga?

Zulema nunca havia dito que me amava, mas se aquilo realmente fosse verdade, para mim era muito mais que um simples "eu te amo".

Ela sacrificou a única coisa que realmente importava para ela pra ficar comigo de novo, sua liberdade.

Não penso duas vezes e me aproximo dela, me ajoelhando na tampa do vaso e selando nossos lábios com paixão.

Zulema imediatamente corresponde e agarra minha nuca, acariciando meus cabelos. Aperto sua cintura, a arrancando suspiros carregados.

Logo estávamos brincando com o doce das nossas línguas, que se misturavam com o salgado das nossas lágrimas, causando uma sensação maravilhosa, tornando aquele literalmente o melhor beijo que eu já havia dado em toda minha vida.

Afastamos nossos lábios, mas não os rostos. Colei minha testa com a de Zulema enquanto a acariciava e ela fazia o mesmo.

Ambas nos olhávamos nos olhos, não havia vergonha, timidez, mágoa, nada. Somente duas almas que se conheciam muito bem e se amavam mais do que tudo.