Demônios - Zurena

O Velho Manco

POV ZULEMA

Assim que chegamos, o guarda pegou as chaves e abriu uma tranca por uma, me deixando ainda mais nervosa. Assim que terminou, abriu a porta.

Entrei com um sorriso na sua cela, mas senti um desconforto enorme assim que olhei pelo quarto. Macarena não estava ali.

Algumas horas atrás...

POV MACARENA

Ficar longe de Zulema era algo que eu realmente não fui criada pra fazer. Ficar uma semana sem ela, sem sentir seu corpo, sem olhar em seus olhos e ver seu sorriso era tortura demais para uma pessoa só. Eu sentia como se pudesse morrer de tanta tristeza a qualquer momento.

Por mais que estivesse extremamente brava e tentando desvendar quem foi a filha da puta que me incriminou, eu havia esquecido aquele sentimento, que se transformou somente em saudade e solidão.

Eu recebia cuidados constantes da médica, que ia até minha cela cuidar do bebê, recebia vitaminas e uma comida mais leve.

Era o único momento que tinha alguém pra conversar já que todas as outras presas já haviam saído e por algum motivo somente eu fiquei lá mais tempo.

Eu estava sentada na cama, com os joelhos dobrados e meu rosto entre eles, apoiado em meus braços.

Eu sentia muita falta de Zulema, eu não conseguia nem descrever o quanto. Era como se um vazio enorme estivesse dentro de mim e somente ela pudesse preenchê-lo.

Lágrimas corriam pelo meu rosto enquanto eu pensava nela. Será que havia sentido minha falta?

Por mais que Zulema tivesse se entregado pra ficar comigo e ter dito todas as coisas que ela me disse, eu ainda mantinha meu pé atrás por vários motivos.

Não gostava daquilo, mas sabia que ela era um pouco assustada com relacionamentos e afeições.

Ainda assim, havia me entregue totalmente pra ela. Meu coração era de Zulema, por mais que eu não quisesse, eu sabia que ela era a dona dele, e de todo o meu corpo.

Meu corpo ansiava por somente o seu toque, minha boca apenas por seus lábios e minha saliva ansiava mais do que tudo ser misturada com somente a saliva dela.

Zulema era a minha droga, e era a melhor e mais linda droga que qualquer pessoa já teve em sua vida.

Fui tirada de meus pensamentos quando ouvi barulhos de pessoas do lado de fora. Logo ouvi abrirem minha porta, e pensava se seria apenas mais uma visita da médica, mas não podia ser, pois ela já tinha vindo me ver aquele dia. E parecia ser bem tarde, pois meus olhos pesavam de sono, mas podia ser somente pelo choro que corria pelos meus olhos.

- Ela mesma. - Ouço um guarda dizer e então outro se aproxima de mim, agarrando meus braços por trás.

- O que vocês estão fazendo? - Digo, tentando sair das mãos dele enquanto me carregava para fora da cela. - Digam, porra! - Grito alto e o guarda na minha frente para de andar.

- Calminha aí Ferreiro, você vai sair daqui. - Ele diz e sinto um ponto de interrogação ficar dentro da minha cabeça.

- Como assim sair daqui? - Digo, tentando entender, enquanto caminhávamos até as portas dos fundos.

- Vai sair daqui, ué. - Ele diz, como se fosse óbvio. - Entre naquela van e seja feliz. - Ele diz e me entrega um saco com meus pertences, que havia trazido no primeiro dia.

Fico sem entender nada, mas caminho até a van, com meu coração quase saindo pela boca.

Será que Zulema estava ali e ela havia conseguido planejar nossa fuga?