A Menina

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POV ZULEMA

Após Saray dizer todas aquelas coisas pra mim, eu me senti literalmente a pior pessoa daquele mundo inteiro.

Por que não havia deixado Macarena se explicar? Por que tinha que ser tão cabeça dura e teimosa a ponto de nem sequer a ouvir?

Eu havia deixado a raiva me tomar e agora havia me arrependido daquilo. Eu era destrutiva e só fazia mal para Macarena.

Eu queria mais do que tudo ir atrás dela bem naquele momento, mas já não sabia se seria o certo a se fazer.

Macarena certamente me esqueceria eventualmente e acharia outra pessoa, que a faria bem e não a machucaria como eu a machuco.

Por mais que me doesse admitir aquilo, eu sabia que não a merecia.

Eu a amava mais do que tudo e apenas a queria ver feliz, mesmo que fosse longe de mim.

...

Subo as escadas até o segundo andar e dou de cara com a porta do quarto de Macarena, que eu não havia aberto até aquele momento.

Algo dentro de mim implorou para que eu abrisse aquela porta.

Eu sabia que aquilo seria algo estúpido de fazer e eu apenas estaria torturando a mim mesma, mas eu sentia que precisava entrar ali.

Assim que abri a porta e vi todas as coisas que me remetiam Macarena, além de várias fotos que eu e ela tínhamos tirado, a realidade veio como um carro em 200 km/h na minha direção.

Eu desabei de joelhos no chão assim que peguei uma moldura nossa onde ambas estávamos com um cigarro na boca, sentadas em nossas espreguiçadeiras.

...

FLASHBACK ON

Era um sábado e eu estava relaxando em uma das espreguiçadeiras da nossa quitinete. O sol estralava e o céu estava completamente azul, não tendo uma nuvem sequer.

O dia nascia e o nascer do sol era algo que eu gostava muito de ver. Fechei os olhos para aproveitar o momento enquanto tragava meu cigarro.

- O dia está lindo, não é? - Macarena diz aparecendo do nada na porta dos fundos e me dando um susto como sempre.

- Caralho loira, o que tá fazendo acordada essas horas? - Pergunto assim que ela se senta ao meu lado.

- Posso fazer a mesma pergunta. - Ela diz e pega um cigarro da carteira que estava na mesinha no nosso meio.

- Gosto de ver o nascer do sol. - Digo dando de ombros.

- E eu gosto de te ver. - Ela diz e reviro os olhos com aquela cantada barata. Macarena realmente não sabia flertar.

Eu respiro fundo e pego meu celular, passando de um aplicativo para o outro, totalmente entediada.

- Que tal fazermos algo diferente esse fim de semana? - Sugiro e vejo ela aprovar com a cabeça, tragando seu cigarro de uma forma que me excitava completamente.

- O que você sugere? - Ela pergunta e olha pra mim com o cigarro no meio dos dedos.

- Sei lá, vamos pra praia? - Digo a primeira coisa que penso.

Eu gostava muito de ir pra praia, e era algo que nunca fazíamos, por falta de tempo ou dinheiro, ou ambos.

- Então vamos. - Ela diz e viro novamente o rosto para o horizonte que se instalava na minha frente.

Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas olhando para o horizonte e apreciando a companhia uma da outra.

Nós estávamos nos dando muito bem nos últimos dias, era como se houvéssemos entendido o jeito da outra e nos acostumamos com isso.

Demônios - ZurenaOnde histórias criam vida. Descubra agora