A Dor da Perca e a Esperança na Amizade

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Assim que chegaram a entrada de Ulstead, todos os soldados reais se dispersaram em busca de suas famílias. Porém nos portões reais apenas duas pessoas aguardavam os recém chegados. Tenerife e Elizabeth esperavam pelo príncipe Phillip e a rainha Aurora. A negra não esperou mais para correr em direção a loira e abraçar a amiga. Aurora retribuiu o abraço com a mesma intensidade que recebia. Era explendido ver que sua única e melhor amiga estava viva e bem.

"Sr. Tenerife." A princesa cumprimentou com um leve aceno. "Onde está rei John?" A moça reparou se aproximando mais de Tenerife, enquanto Elisabeth foi cumprimentar o príncipe.
"Achei que ele estaria aqui para nos recepcionar também." Phillip se aproximou da esposa depois de cumprimentar Liz.

Tenerife se afastou poucos passos do casal.

"Príncipe Phillip, sua majestade o rei John, morreu durante a batalha." Houve um silêncio esmagador seguinte as palavras dóceis de Tenerife, que apesar de suaves carregava a pior notícia do mundo para Phillip. "Houve uma invasão e uma criatura desconhecida tentou destruir Ulstead. Seu pai o rei, lutou ao lado de seus homens, assim como civis e guerreiros ele se sacrificou para a salvação de muitos."
"Mas como, como isso... Ele devia estar..." Phillip não sabia como prosseguir, os olhos castanhos banhados em lágrimas. Essas rolavam grossas pelo rosto do mais jovem.
"Me perdoe meu príncipe. Não pudemos salva-lo ou impedi-lo. Ele decidiu se sacrificar pelo bem maior, e nenhuma palavra o fez voltar atrás em sua decisão." Tenerife sentiu as lágrimas rolando pelo próprio rosto. Liz e Aurora encontravam-se na mesma situação.

Phillip procurou abrigo nos braços da esposa. Uma das mãos sobre o ventre da outra enquanto deixava uma dor que nunca imaginou possível sair de seu peito através de seus olhos.
"E o funeral, ele precisa ser enterrado." O príncipe perguntou com a voz ferida.
"Venham comigo." O velho homem abraçou Phillip pelos ombros e Liz fez o mesmo com Aurora. Os dois recém chegados seguiram sendo guiados por Tenerife. "Esse é o lugar para o descanso e memória do primeiro rei desta terra." Phillip olhou a estátua de pedra emocionado.

Sob os pés da estátua havia um pequeno relato com as últimas palavras do rei e um pequeno resumo de seu ato heróico.

"Neste local jaz Rei Hubert Almond Richard D'acosta Hiberio Piornio Lucio Magtunes Thompson Jeff Bennet "John Thwhites" Theodore Rosevet. Morto em combate, após se sacrificar para a vitória dos seus. - ..."Cuide e guie meu filho. Com amor e aprendizado ele será um bom rei. E diga a ele que o amo."

A frase escrita fez Phillip chorar ainda mais. Olhou Aurora e os que estavam ao seu redor mais uma vez.

"Gostaria de ter alguns minutos a sós." O garoto pediu voltando a olhar pra estátua.

Assim que todos saíram do local Phillip chorou copiosamente, sem conseguir pronunciar se quer uma palavra. Era tão doloroso e agora ele entendia como autora se sentía. Passou o dedo sobre a gravação das últimas palavras de seu pai. Ele o amava, Phillip sabia disso, mas muito raramente escutava estas palavras saindo da boca do pai, e ali aos pés da estátua ele prometeu que com seu bebê seria diferente. Depois de quase vinte minutos sentiu o cheiro doce e florido inconfundível de Aurora, sem dizer nada ela se sentou ao lado dele no chão e abraçou o marido pela cintura.

"O bebê quer ficar aqui com você." A moça sussurrou deixando Phillip se aconchegar em seus braços.

"Vocês são tudo que eu tenho agora, sou muito feliz por ter ambos." Phillip sussurrou tentando não fungar tanto pelo choro. Repensou sua frase e sentiu falta do principal. "Eu amo vocês." Apertou ainda mais Aurora em seu abraço.

"Amamos você." A loira retribuiu o gesto de carinho deixando um beijo na cabeça do seu amado.

Ficaram lá por mais algum tempo até decidirem que precisavam de um banho e de comida. Aurora precisava visitar a mãe, afinal pelas contas da princesa já fazia três dias que ela não via Malévola colocar nada na boca. Depois de tomado o banho e de se alimentarem Aurora deixou que o príncipe dormisse no quarto que dividiam, ele estava exausto pela tristeza.

(...)

Elisabeth e Aurora estavam a horas conversando. Depois de deixar Phillip dormindo Aurora havia saído ao encontro da amiga, queria saber como aquela tragédia havia acontecido. E Elisabeth contou, mesmo que algumas lágrimas insistisse em cair durante todo relato. Falou do desespero do povo, do cheiro da podridão que a criatura tinha e que deixou depois da sua derrota. Falou que no começo desconfiaram que poderia ser Malévola se rebelando, mas que ela mesma nunca havia acreditado em tal hipótese. Falou do desespero por estar sem notícias do campo e de como temeu perder um dos irmão ou o pai. Chorou ao se lembrar do rei John e de como ele havia sido encontrado, partido ao meio. Aurora também chorou junto com a amiga que lhe contava os fatos. E então a princesa contou todo o tormento que viveu na ilha sagrada, contou apenas o que Malévola havia lhe contado, afinal a princesa passou toda a batalha bem longe do campo de guerra, mas nem isso tornava a situação mais fácil.

"Malévola deve estar arrasada." Liz comentou acariciando os cabelos da pequena Adélia. Ambas as gêmeas estavam adormecidas, uma em cada colo. Aurora havia sentido falta delas.

"Ela está inconsolável. E eu não sei como ajudar, minha mãe não me deixa vê-la de verdade. Não me deixa ver a dor a tristeza. Ela maquia tudo com a magia que tem." A princesa lamentou.

"Não deixe ela passar por isso sozinha. Nem que você precise obrigar ela a falar, faça. Meu pai gostava de sofrer calado, até o dia que ele tentou tirar a própria vida. Depois disso eu nunca mais deixei que ele sofresse suas dores calado. Eu o obrigo a falar, até que a dor amenize." Liz aconselhou. Aurora ficou surpresa, não sabia que Tenerife já havia feito tal tentativa.

"Obrigada por ser minha amiga Liz, as vezes não sei se te mereço de verdade." Aurora sorriu fraco com olhos aguados.

"Obrigada você, por ser minha amiga, a primeira e a única." Liz beijou a mão e tocou a testa da princesa. Aurora fez o mesmo com a outra e ambas sorriram.

Aurora apreciava a sensação de ter uma amiga. Nunca teve amigos que não fossem as criaturinhas mágicas de Moors. Todas as outras crianças ela nunca havia tido contato e quando teve a oportunidade de ter viu que as meninas humanas, pelo menos as que conheceu, não eram muito amigáveis por ela ser "diferente". Uma menina órfã, cercada por magia, que tem como mãe uma fada e pai um corvo. Mas agora tinha Liz, e Adélia e Amália, que a amava ainda mais por ela ter seus amigos mágicos. Era muito bom ter pessoas que a aceitavam e aceitavam sua família diferente de todo coração. Ser amado e saber que era era maravilhoso. Malévola precisava saber, saber como era bom, saber que era bom ter amigos com quem contar. Aurora faria a mãe ver que ela estaria ali pra ela, pra tudo e em todas as horas.

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E aí galerinha que assiste meu canal, tudo bom com vocês?
Tá até tristonho esse capítulo, mas tá pequeno porque era mais essa fase de voltar pra casa e lidar com a perca.

Phillip vai ficar bem, todos vão, cada um no seu próprio ritmo.

Desculpa pelo nome do rei John, a maior parte é inventado, mas Hubert é o nome original do personagem.

Até o próximo!
❤️

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