O Primeiro Dia da Princesa

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Aurora foi devidamente aconchegada no ninho onde sua mãe residia, a sensação de familiaridade e proteção estava de volta. Malévola reorganizou uma parte da sua "casa" para confortar melhor a filha e o genro. Afinal Aurora até dormiria bem no chão fofo de palha, mas Phillip certamente não estava preparado pra isso.

- Esse vai ser o canto de vocês, e se você quiser Phillip posso levá-lo todas as manhãs até seus... Guardas. - Malévola não escondeu o desconforto da ideia de ter estranhos em sua ilha mãe, mas o que poderia fazer? John era um rei sábio, já viveu muitas guerras para enviar o filho em uma viagem de quase um dia sem proteção.

- Eu adoraria se não for incomodá-la senhora. - ele sorriu sem jeito.

- Não vai. - Malévola deu as costas ao rapaz olhando novamente para sua menina. Nem parecia que haviam passado tanto tempo separadas, o sentimento por Aurora não havia mudado se quer uma gota, o mesmo amor.

- Eu senti a sua falta, e do meu padrinho. Muita mesmo. - Aurora fungou olhando encantada para a fada. Malévola parecia a mesma, mas estava meio, diferente.

- Amanhã poderemos conversar durante o café da manhã, já que Phillip estará com seus amigos, teremos um pouco de tempo entre meninas. - Malévola não sabia se contaria algo a Aurora, mas definitivamente precisava de respostas da parte da jovem.

Era inegável a vibração e a coloração que a menina emitia, era um azul arroxeado brilhante. Era lindo de se ver, e ela quase podia sentir a outra energia que ela emitia, como humanos podiam não perceber?

- Devem estar famintos. - a fada perguntou já sabendo que a resposta era um sim, mas ambos os convidados eram gentis demais para falar. - Buscarei algumas frutas e um pouco de sopa com Nazca, volto em vinte minutos. - a filha da Fênix deu mais uma olhada em ambos antes de alçar vôo e partir em busca de alimento para seus convidados.

(...)

Gilic tornou o corpo do pássaro, que agora jazia transformado em lobo, de volta para sua forma humana, melhorou o quanto pode a aparência do homem e então escalou a árvore que ficava logo ao lado do ninho que dividia com Malévola, não precisava ser um gênio para saber que a fada abrigaria a princesinha e o acompanhante ali. Viu Malévola saindo assim que alcançou a parte da entrada do ninho. Entrou poucos minutos depois de a fada sair.

- Como podem ver, demorei mas cheguei. - Diaval surpreendeu os dois que ali esperavam e Aurora sorriu ao ver o padrinho.

Diaval estava diferente, mais maduro, mais brincalhão e mais pomposo até. Aurora assimilou isso ao tempo que ele e Malévola tinham sozinhos agora, só as paredes daquele ninho podiam dizer o que se passava dentro delas, mas sinceramente, Aurora nem queria saber, seria traumatizante.

- Olá Diaval. - Phillip cumprimentou o outro, imaginando que talvez o homem-corvo não o tivesse visto da primeira vez.

- Príncipe. - Diaval respondeu com um meio sorriso fraco, mas rejeitou a mão estendida do garoto, este ficou levemente envergonhado e guardou a mão de volta no bolso.

- Você está diferente passarinho. - Aurora brincou tentando dissipar a leve tenção que ficou no ar. - Parece mais feliz.

- Você não imagina o quanto eu estou feliz. - o sorriso que Diaval mostrou a Aurora era muito diferente do de antes. Era quase perturbador de tão grande.

- Eu também estou. Rever minha mãe era muito importante pra mim, obrigada por ter vindo atrás dela. - Aurora estava quase desconfortável, Diaval a olhava de cima a baixo várias vezes, e ela não deixou de perceber quantas vezes os olhos negros pararam em pontos suspeitos de seu corpo. Já havia recebido olhares assim de alguns homens no Reino de Ulstead, mas nunca do seu padrinho.

- Poderá me agradecer mais propriamente. Não hoje, mas se aceitar amanhã a tarde posso levá-la para um passeio, vai adorar conhecer a árvore mágica da ilha. - o homem-corvo tentou soar mais como Diaval e menos como Gilic, precisava que a princesa aceitasse o convite.

- Claro. Seria adorável conhecer as coisas mágicas dessa ilha. - Aurora não queria dizer não, afinal ele era seu pai. Como diria não a um pedido tão simples?

- Seremos só eu e você e a árvore mágica. Você vai adorar as canções que ela canta. - Diaval foi rápido em ressaltar que Phillip não estava convidado para o passeio, e aparentemente, nem Malévola estava.

- Poderemos por os assuntos em dia. Tem muito para me contar, pássaro bobo. - Aurora sorriu divertida tocando o nariz do padrinho.

Diaval riu, o riso mais realista que conseguiu, tentando ocultar o máximo as suas intenções por trás desse convite. Gilic estaria só, apenas ele e a princesa. Será que Malévola ficaria muito fraca se perdesse a filha e o futuro neto? Dentro da gaiola o corvo tentava sair, bicando as grades e cabeceando a pequena porta. Diaval precisava sair, precisava deter a escuridão. Ele estava ali, podia sentir e ouvir tudo que Gilic pensava, tudo de ruim e podre que ele faria com Aurora, Diaval não podia deixar. Ele não podia.

(...)

Malévola chegou nos vinte minutos prometidos. Não trazia nada nas mão, mas ao mover sua magia uma bela cesta de frutas e um lindo caldeirão de sopa quentinho apareceu dispostos em uma "mesa", que estava mais para uma arte feita com os próprios galhos da árvore, baixa de madeira.

Se impressionou ao ver Diaval ali, a noite passada o corvo não parecia tão alegre quanto parecia agora e ela sentiu seu coração diminuir.

- Trouxe comida para todos. - Malévola acentuou, queria que o corvo soubesse que havia comida ali pra ele também.

- Está um cheiro maravilhoso. - Phillip enfim falou, desde que Diaval chegará o príncipe foi totalmente excluído da interação entre ele e Aurora.

- Sim está, e eu estou faminta. - Aurora foi a primeira a se sentar no chão próxima a mesa, sentou e convidou a fada para se sentar ao seu lado.

Diaval e Phillip se sentaram do outro lado da mesa, o corvo de frente pra Aurora e o príncipe de frente pra Malévola. Com um mover das mãos a filha da Fênix serviu tigelas de sopa para os quatro e não demorou para que todos começassem a comer. Com sua própria bacia, Diaval comia secretamente imaginando o sabor da carne da princesa a sua frente, pensou em tocá-la por baixo da mesa, mas seria arriscado assustar ela agora, corria o risco de ela rejeitar o convite para o passeio. Dentro dele Diaval amaldiçoava a si mesmo e ao seu aprisionador. Lançando ameaças de vida contra o ser mágico. Gilic acabou rindo em deboche. Corvo idiota!

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Ei-ta que a coisa tá bruta. Em um dia de ilha e o cruel já quer se livrar de uma? Desgraçado.

Bom, se apeguem nas orações pra esse passeio flopar.

Deixem aquele like e aquele comentário entusiasmado de ódio e repulsa para o nosso odiado Gilic.

Até a próxima!
♥️

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