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Amélia Rodriguez
Miami — 22 de novembro de 2020

Eu estava numa correria insana desde as sete da manhã, agora, doze horas depois, nada havia mudado. A única diferença era que de manhã eu estava me preocupando com a seleção de roupas para os clipes e finalizando a estética do álbum e agora eu estava correndo torcendo para que o petshop não estivesse fechado.

Olivia tinha um primo que tinha um conhecido que estava doando filhotes de maltês e assim que vi as fotos soube que precisava ter um deles. Christopher precisava ainda mais.

Então assim que sai do trabalho, dei uma desculpa muito boa, estava praticando isso da desculpa há dias na verdade, não poderia correr o risco de entregar tudo agora nos quarenta e cinco do segundo tempo, e sai em direção à casa desse tal rapaz.

Quando cheguei lá, dei de cara com um punhado de bolinhas brancas que facilmente seriam confundidas com pequenas bolas de neve. Me apaixonei mais do que vendo pela tela do celular. Se minha amiga não estivesse comigo, provavelmente eu estaria chorando.

Escolhi o menor da ninhada, mas no fundo sabia que quem havia me escolhido era ele. Com uma carinha de pidão, foi o primeiro a chegar me lambendo e fazendo a festa, assim que o peguei no colo eu soube.

Meu plano era levá-lo até o petshop para dar vacina e também comprar tudo o que ele precisava, e talvez mima-lo com coisinhas fofas. E foi o que fiz. Comprei uma coleira xadrez vermelha e preta, uma caminha cinza, potinhos de ração e água, ossinhos e vários outros brinquedos. Ah, e também uma roupinha muito estilosa, afinal, era meu filho.

Amarrei um laço azul em seu pescoço, de maneira que não o incomodasse e deixei-o em casa comigo esperando a hora certa de dar o presente ao Christopher.

Aquele pequeno cãozinho corria pela casa farejando cada centímetro.

— Tá gostando da sua casa nova, toquinho? — perguntei fazendo carinho em sua barriga — Eu não te dou um nome porque sou péssima com isso, ok? Seu pai vai escolher um ótimo, tenho certeza.

"Ei, vamos sair do estúdio depois das 21h, te espero em casa para irmos para a festa, combinado?"

"Combinado! Já estou prontíssima."

"Manda foto de agora 😉"

"Isso nunca deu certo e nunca vai dar."

"Bom, eles dizem: sonhar, nunca desistir."

"Não sei se chamo isso de persistência ou fé."

"Um pouco dos dois. Um dia eu sei que consigo. Tenho que ir, te vejo daqui a pouco ❤️"

" Ansiosa pra isso ❤️"

Agora outra verdade, não teria festa alguma. Eu tinha pedido ao Joel que inventasse uma festa em uma balada aleatória para que Christopher se empolgasse e fizesse planos o suficiente e não percebesse que a festa seria no terraço do nosso prédio.

Olivia estava lá em cima mandando fotos da decoração a cada dois minutos. Eu tinha deixado ela encarregada desse papel porque ela simplesmente sabia o que estava fazendo e eu precisava ter certeza que um cachorrinho que não pesava nem um quilo iria destruir meu apartamento.

Como seríamos apenas nós, eu estava vestindo uma calça  jeans preta de cintura alta, um cropped preto de alcinha e um tênis também preto. Básica. Não precisávamos de muito.

Always you | Christopher Velez Onde histórias criam vida. Descubra agora