• XLIV

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Amélia Rodriguez

Aquilo tudo tinha sido um belo soco em meu estômago. Em menos de 24 horas minha vida tinha virado de ponta cabeça. Eu estava bem no meio de um furacão que estava prestes a destruir tudo o que eu tinha lutado para conquistar.

Desliguei meu celular no segundo seguinte em que me desconectei da chamada. A única coisa que me restava era chorar e eu odiava me sentir fraca e vulnerável a esse ponto, mas dessa vez era a única solução que parecia certa para o momento.

Eu queria que todas aquelas lágrimas tivessem o poder de levar com elas toda a dor que eu sentia nesse momento. Meu coração estava estraçalhado, eu mal conseguia respirar e já identificava a crise de ansiedade. Tentei ao máximo fazer todos os exercícios de respiração que me lembrava enquanto minha mente só conseguia me apontar um único refúgio: Christopher. Mas eu não podia, não conseguia.

Quis conversar com Olivia mas pra isso teria que ligar meu celular e aquilo também não parecia uma boa opção no momento. Por enquanto estava sozinha com meus próprios pensamentos e precisava tirar uma conclusão de tudo aquilo.

Por mais que uma parte racional minha dissesse que poderia ser só um mal entendido, a outra parte teimava em martelar todo o sofrimento anterior. E essa era a parte que falava mais alto no momento.

No dia seguinte eu tive que lidar com um rosto inchado e olheiras quase que monstruosas, por sorte eu podia dizer que era cansaço.

Yenny nos convidada para almoçar todos os dias em sua casa, mas como minha mãe estava no hospital com Mel, me vi encurralada e tive que ir sozinha até lá. Atravessar a rua nunca pareceu uma tarefa tão difícil quanto agora.

— Olá, querida! — ela disse sorrindo mas logo ao me ver seu sorriso desapareceu — O que aconteceu?

— Nada. Está tudo bem, só me sinto um pouco cansada. — menti.

— Lia... eu conheço sua cara de choro, quantas vezes você vinha aqui ver o Christopher pra chorar escondida da sua mãe?! — droga, tinha me esquecido disso — O que ele fez dessa vez?

Respirei fundo. Não queria contar aquilo, mas precisava que alguém me escutasse, só não sabia se a mãe dele seria a pessoa certa para se fazer isso. Quero dizer, Yenny era minha segunda mãe desde que me entendo por gente, a diferença era que ela não brigava comigo as vezes e sempre me acobertava quando precisava.

— E foi isso. — terminei de contar toda aquela confusão de sentimentos enquanto mexia com o garfo na comida intacta do meu prato.

— Querida, tudo isso é falta de comunicação. Sei que ele é meu filho e que você provavelmente vai pensar que estou puxando o saco dele e buscando mil maneiras de defendê-lo mas na verdade só quero que você pare por um segundo e o escute. Se por acaso ele se enrolar na história e você perceber que é mentira, pode vir correndo me avisar que eu faço questão de ir até Miami e trazê-lo de volta pra cá pelas orelhas! Mas não vale a pena ficar sofrendo sem saber exatamente o motivo de toda essa dor, entende? — assenti.

O problema era que eu não sabia se estava pronta pra isso ainda. Eu precisava de mais um tempo para colocar os pensamentos no lugar e saber como ter essa conversa com ele. Não queria perder a cabeça numa possível discussão, mas não aguentaria passar 10 dias sem saber o que tinha sido tudo aquilo.

Três dias se passaram desde aquela conversa com Yenny e confesso que tinha sido um calmante pra mim.

Voltei para casa depois de mais um almoço na casa dos nossos vizinhos e me preparava para ir até o hospital ver minha irmã quando o telefone fixo de casa começou a tocar.

Always you | Christopher Velez Onde histórias criam vida. Descubra agora