• XXXIII

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Christopher Velez

Quando Zabdiel retornou ao camarim me puxando pra um canto onde os outros não pudessem ouvir e me disse que Amélia tinha ficado sabendo que eu tinha escrito aquela música pra ela, meu mundo parou.

— Como assim ela descobriu? — perguntei aflito.

— Ela estava vindo nos ver e ouviu a gritaria do lado de fora. — ele sussurrava — Agora ela foi pra casa, disse que tinha marcado de se encontrar com a Olivia, tenta falar com ela depois.

— Zab, por favor não conta pra eles. — o loiro sorriu concordando.

Como eu falaria com Amélia? Todas as possibilidades que passavam em minha mente eram extremamente patéticas: Oi, fiquei sabendo que você descobriu sobre a música, que tal? Não. Oi, já que agora sabe que escrevi De Cero pra você, que tal começarmos de novo? Definitivamente não. Oi, você me odeia? Acho que esse funcionaria.

Sem cabeça para comemorações fui direto para casa me deitar. Tinha até me esquecido da mesa que tinha deixado pronta para o jantar que estava planejando há dias, os ingredientes do prato preferido dela estavam em cima do balcão e a casa cheirava tão bem depois da faxina geral que fiz com muito esforço. Tudo isso pra nada.

Guardei todas aquelas coisas com o maior desânimo do mundo. Isso parecia tão injusto, eu vinha me esforçando tanto para que tudo desse certo e saísse do jeito que eu queria, mas a vida parecia não querer colaborar para que isso funcionasse. Me joguei na cama mexendo no meu celular procurando alguma distração boa o suficiente, falhando miseravelmente. Foi aí que recebi a notificação de Amélia me convidando para ir até seu apartamento, subitamente respondi que estava a caminho.

No elevador eu pensava em mil situações diferentes, todas elas dando errado pra mim. Em cada um desses frutos da minha imaginação eu podia enxergar Lia brava, magoada, fria. Mesmo tendo plena consciência de que ela não era essa pessoa, eu temia o pior.

Por sorte tivemos uma conversa tranquila e sincera, nem em meus melhores sonhos eu imaginaria que seria assim. Passamos o resto da noite juntos, cada um de um lado do sofá, porém, com as pernas enroladas um no outro enquanto assistíamos Supernatural porque Amélia tinha medo e precisava estar com alguém ou encostar em alguém para se sentir mais tranquila.

O curioso foi que ela adormeceu enquanto Sam e Dean travavam uma batalha contra um vampiro. Ri quando vi a morena dormindo serenamente diante da TV que representava o maior caos.

Peguei a garota nos braços com a maior delicadeza que pude, quando finalmente havia encontrado uma posição confortável, a levei até o quarto, cobrindo-a e me preparando para me despedir dela.

— Pode dormir aqui se quiser. — ela murmurou com os olhos ainda fechados — Tem uma bermuda sua ali na gaveta. Ou talvez seja uma calça de moletom, não lembro.

Fui até seu guarda roupa, abrindo a primeira gaveta e encontrando a calça de moletom. Me troquei no banheiro o mais rápido possível porque o sono estava começando a aparecer. Me deitei do seu lado na cama, mantendo uma certa distância para que ela não se sentisse desconfortável.

Estava deitado de barriga pra cima pensando no dia de hoje e nas suas reviravoltas quando senti seu braço me procurando, se agarrando ao meu tronco e sua cabeça se encaixando em meu ombro. Era inevitável não sorrir diante daquilo. Eu tive certeza de que agora teria os melhores sonhos possíveis quando adormecesse.

Meu despertador praticamente berrava no criado mudo enquanto eu tentava assimilar o que estava acontecendo. Era um saco ter que acordar cedo. Quando peguei o celular vi que não era o despertador e sim uma das milhares chamadas perdidas de Ali, Erick, Zabdiel, Richard e Joel. O que estava acontecendo? O fim dos tempos?

Always you | Christopher Velez Onde histórias criam vida. Descubra agora