• V

527 58 21
                                    

Amélia Rodriguez

Zabdiel se levantou quase que imediatamente depois da cena que Christopher havia acabado de fazer.

— Vem, pega um pijama e sua escova de dentes. - ele agora recolhia as taças e a caixa da pizza e levava tudo para a cozinha.

— Quê?

— Você não vai dormir aqui hoje, vamos pro meu apartamento.

— Zab... acho melhor eu ficar aqui e esperar ele voltar, precisamos conversar sobre o que aconteceu aqui.

— Lia, ele vai chegar bêbado e provavelmente acompanhado, você tem certeza de que quer estar aqui?

Me dei por vencida, fui até meu quarto, peguei um pijama e minha escova de dentes e logo em seguida deixamos meu apartamento.
Atravessamos o pátio, entramos no bloco onde o loiro morava e finalmente chegamos ao nosso destino.

— Quero te mostrar uma coisa.

Entramos no escritório dele e a iluminação estava num tom roxo por conta das leds que ele quase nunca mudava. O computador aberto em algum programa musical onde eu conseguia ver que ele andava trabalhando recentemente.

— Escuta... — Zabdiel apertou o play.

Um ritmo diferente mas muito contagiante que ficava melhor a cada segundo que passava começou a tocar e eu me impressionei com aquilo.

— Você fez isso sozinho? — perguntei admirada.

— Bom.... antes de responder quero saber se você gostou. — riu fraco.

— Tá incrível! Vocês já tem uma letra pra essa batida?

— Na verdade eu tinha pensado em uma das letras que deixamos de colocar no último EP, acho que combinaria bem com a batida. E sim, fiz sozinho.

Ficamos ali até tarde discutindo sobre músicas, composições, inspirações e nem percebemos quando amanheceu. Decidimos ir para a sacada para podermos ver melhor o nascer do sol, após alguns minutos ali, vimos Christopher chegando acompanhado entrando no nosso bloco.

— Quer um café? Ou prefere ver um filme pra dormir? — o porto-riquenho perguntou tentando me distrair.

Decidi que era hora de dormir, fomos para a sala, ligamos a TV, escolhemos um filme aleatório e acabamos adormecendo rapidamente.
Acordei com o sol batendo insistentemente na minha cara, chequei meu celular e vi que já passava do meio dia. Zabdiel continuava dormindo e achei melhor não acorda-lo antes de preparar o almoço.

Infelizmente ele não tinha muita coisa nos armários além de alguns tipos de macarrão, molho de tomate e alguns biscoitos. Eu teria que levá-lo ao mercado, nem que fosse preciso arrasta-lo até lá.
Preparei rapidamente um spaghetti à bolonhesa, consegui ir correndo até o mercado que ficava na esquina do condomínio para comprar um suco e meu amigo ainda não tinha acordado.

— Zab, acorda. — cutuquei seu braço e não obtive resultado com isso — Zabdiel, o almoço tá pronto, vem.

— Hmm... — ele murmurava, se mexia, mas não abria os olhos.

— Deus é testemunha que eu tentei ser fofinha. — peguei duas panelas, me coloquei em sua frente e bati com força — ZABDIEL ACORDA!

— Por Deus, já acordei! Almoço, tá certo, tô indo.

Voltei para a cozinha rindo depois de ter escutado sua tentativa falha de murmurar um "por que todo mundo só grita comigo?".
Almoçamos entre risadas e fofocas, coisas que adorávamos fazer na companhia um do outro. Era tão bom estar ao lado do Zabdiel, ele tinha o dom de fazer todos os problemas, quaisquer que fossem, desaparecerem.

Mas infelizmente eu sabia que tinha um problemão me esperando em casa, e uma hora ou outra eu teria que encarar a fera.

Always you | Christopher Velez Onde histórias criam vida. Descubra agora