• XXI

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Amélia Rodriguez

Os 15 dias em casa me fizeram muito bem. Me afastei das redes sociais e passei um tempo com minha família e amigos que tanto senti falta.
Melissa tinha feito a cirurgia e já estava há uma semana se recuperando no hospital, até agora estava tudo indo muito bem.

Meu amigo porto-riquenho tinha sido muito bem recebido por todas as pessoas próximas a mim. Nos divertíamos muito enquanto eu o fazia de turista por Loja, descobrimos que as pessoas estavam dizendo que éramos um casal e decidimos que não desmentiríamos até chegarmos em Miami.

Erick sempre que podia nos ligava, disse que estava passando muito tempo no estúdio com os outros três, também comentou que Christopher tinha terminado o que quer que tenha sido a relação dele, que estava se sentindo muito sozinho e por isso estava passando um tempo morando com ele.

Confesso que me senti um pouco abalada com essas notícias, mas minha parte racional me levava de volta para toda a dor que passei duas semanas atrás e logo me recompus. Zabdiel continuava insistindo que eu não precisava procurar um apartamento para morar sozinha, que daríamos conta de dividir o seu, mas eu não podia arriscar perder outra casa futuramente.

— Lia, se algum dia eu precisar me mudar, começar a namorar ou algo do tipo eu te dou aquele apartamento, você não vai precisar se mudar, prometo! — ele repetia.

— Zab, eu sei que você faria isso, te conheço muito bem, mas não quero te incomodar e preciso do meu espaço. — percebi que aquilo poderia soar errado — Não que sua presença me incomode! Eu amava passar as noites com a sua companhia, era ótimo, mas tenho que pensar no futuro, não posso ficar presa nos "e se" porque recentemente quebrei a cara.

Ele fazia um bico emburrado com a minha resposta negativa mais uma vez.

— Olha, tive uma ideia — ele levantou a cabeça com uma feição curiosa — enquanto eu não encontrar um lugar pra morar, fico com você. Mas só enquanto isso!

— Fechado! — Zabdiel me pegou no colo e começou a me rodar enquanto dava pulinhos de felicidade.

— Agora vai tomar um banho, temos que arrumar nossas coisas.

Iríamos voltar para os Estados Unidos hoje. E eu estava com sensações esquisitas, um frio na barriga misturado com desespero, talvez, não tenho certeza se conseguiria descrever.
Richard e Joel tinham feito minha mudança para o prédio da frente e tiraram várias fotos de como meu novo quarto estava. Não pude evitar dar um grande sorriso.

Assim que aterrissamos lá estava o cubano nos esperando. Notei que atraímos vários olhares curiosos enquanto andávamos pelo aeroporto, mas não nos importávamos, afinal, sabíamos o que estava acontecendo e achávamos um tanto quanto engraçado.

— Oi, casal! — Erick sorria enquanto nos abraçava e nós dois rimos — Que foi? Vocês saíram em uns 20 sites de fofoca no mínimo.

— Não somos namorados, tonto. — respondi ainda rindo.

— Não? Nossa, o Christopher vai ficar tão aliviado porque ele realmente tinha acreditado e... — tapou a boca percebendo que havia falado demais — Mas vocês não desmentiram!

— Não. — Zabdiel riu — Estamos achando engraçado, mas vamos contar a verdade em breve, só precisamos descansar um pouco hoje.

— Certo, patron. — o mais novo fez uma reverência engraçada.

Depois de chegarmos em casa, tomei um banho quente longo e relaxante para me sentir revigorada. Meu quarto estava lindo, os meninos fizeram um bom trabalho montando meus móveis, coisa que nunca pensei que iria dar certo. Bom, era o que eu tinha pensado até me sentar na cama que desmoronou segundos depois.

— LIA QUE BARULHO FOI ESSE? — o loiro apareceu com um taco de beisebol nas mãos — QUE ISSO?

A cena era a seguinte: eu estava de pijama estatelada em cima do colchão que agora se encontrava no chão e os pés da cama apontando um para cada lado.
Zabdiel agora ria desesperadamente, e, sem ter saída, ri também.

— Richard e Joel são péssimos. — ele ainda gargalhava enquanto parafusava tudo novamente.

— Coitados, confesso que não botei muita fé quando disseram que montariam tudo, mas decidi dar o beneficio da dúvida. — respondi encostada na porta enquanto o observava trabalhar.

— Lia, me lembra de nunca contrariar sua intuição.

— Pode deixar, Zabdiluchi! Agora faz uma pose, isso precisa ser compartilhado com o mundo. — apontei meu celular em sua direção e ele fez o sinal de "ok" com as mãos, sua marca registrada — Primeiro dia na casa nova e já estou dando trabalho, que péssima hóspede.

— Você não é hóspede, você é moradora! A cama caiu por incapacidade dos montadores. — rimos pensando na reação dos dois quando escutassem a história — Vem, senta aqui pra ver se cai de novo.

Me sentei com cautela esperando minha queda outra vez mas nada aconteceu. Respirei aliviada.

— Viu só? E é assim que se parafusa corretamente os pés de uma cama. — piscou guardando sua maleta de ferramentas.

— Obrigada, meu herói! — fiz uma pose de princesa, o que resultou em outra gargalhada — A gente só ri, Zab.

— Graças a Deus! Eu já não aguentava mais chorar, pensei que ia alagar minha casa e a sua naquela época. — fingiu um arrepio — Tempos sombrios, Lia.

— Coitado, você chorava muito mesmo, eu pensava: "onde será que desliga essa torneira do choro?". Mas agora tá aí todo bobo alegre, rindo até do vento.

— Quando a companhia é boa a gente ri atoa mesmo. — se aproximou me dando um abraço e depositando um beijinho na minha bochecha — Boa noite, Lia. Dorme bem e se precisar pode ir dormir no meu quarto, vou deixar o taco por aqui caso você precise se defender.

— Boa noite, Zab. Durma bem e tenha bons sonhos, se precisar estarei aqui.

Encostei a porta e instantaneamente minha ficha caiu, eu nunca mais voltaria a morar no prédio que eu via pela janela do meu novo quarto. Foi aí que meu celular apitou e no visor mostrava o nome de Christopher.

"Hey, fiquei sabendo que chegou há pouco tempo, podemos nos encontrar amanhã?"

"Oi... por mim tudo bem."

"Acha que consegue ir até o estúdio às sete da noite?"

"Consigo sim."

"Marcado então! Até amanhã Lia ;)"

"Até mais, Chris."

Fechei a janela e a persiana, precisava dormir pois amanhã a vida voltaria a ser como era. Não sei ao certo quanto tempo fiquei rolando para um lado e para o outro na cama, mas levei algum tempo para finalmente fechar os olhos e descansar.

Always you | Christopher Velez Onde histórias criam vida. Descubra agora