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Amélia Rodriguez
13 de dezembro de 2015 — dia da final de La Banda.

Lá estava eu mais uma vez tremendo. A final de La Banda havia chegado e não me chocava o fato de que Christopher era um dos sete finalistas, afinal o que não faltava nele era talento, carisma e otimismo. Esse combo todo fez com que ele conquistasse algumas fãs e ser o único finalista que foi salvo pelo público todas as vezes sem correr o risco de ser eliminado.

Assisti a apresentação da plateia, como todas as outras vezes, mas dessa vez Yenny estava lá também. O momento do resultado ia chegando, e eu estava prestes a subir no palco para acabar com a enrolação e ler o primeiro nome daquele envelope.

Então finalmente era a hora.

— O primeiro integrante de La Banda... — eu não ouvia nada além das batidas descompassadas do meu coração. — É você, Christopher!

Caí de joelhos, aos prantos, senti os braços de Yenny ao meu redor, logo em seguida pude sentir seu choro também, aquilo tudo parecia um sonho e com certeza era o mais lindo de todos.

Logo depois dos outros quatro terem sido escolhidos me senti finalmente aliviada, meus favoritos estavam juntos no final das contas. Aquele tempo no programa fez com que eu e Zabdiel nos aproximássemos muito, assim foi com Erick, Joel e Richard, então estávamos todos em família naquele momento de vitória.

Algumas horas depois, não sei como, nem quando, Christopher e eu arrumamos algumas garrafas de vodka para comemorarmos sua vitória, todos os meninos já tinham ido para seus respectivos quartos para descansarem, mas nós éramos os maiores inimigos do fim.
Nos sentamos em uma casinha de madeira no playground do hotel e começamos a beber.

— Dá pra acreditar que eles achavam que éramos um casal? — Christopher disse enrolando um pouco as palavras. Eu ri fraco.

— Por que? Eu sou feia demais pra você?

Aquelas palavras simplesmente saíram sem que eu pudesse fazer qualquer coisa para impedir.

— Eu nunca disse isso, você é linda, Lia! Na verdade é a garota mais bonita que já conheci. — ele se aproximou enquanto enchia meu copo com um pouco de vodka, energético e gelo.

— Você também não é de se jogar fora... — rimos juntos entre um gole e outro.

— Por favor, Amélia, eu sou o cara mais bonito que você vai ver durante sua vida inteira.

— Chega de bebida pra você, seu ego ja é grande o suficiente quando está sóbrio. — tentei puxar seu copo mas ele foi mais rápido o tirando de perto de mim.

— Você acha que todo mundo nos vê como um casal?

— Vamos voltar pra esse assunto?

— Você acha?

— Não sei, Christopher, talvez?

— Nos comportamos como um casal?

— Não posso dizer sim ou não, afinal, ficamos mais de um ano separados. Talvez nossa proximidade seja por conta da saudade.

— Será mesmo? — Christopher me olhava como se quisesse falar algo mais.

— Quantas perguntas... quer me dizer algo?

— Não, só pensei nisso agora.

Ele hesitou por alguns momentos, parecendo criar coragem o suficiente para me contar e logo em seguida desistia.

— Faríamos um casal bonito. — disse tão rápido como se estivesse tirando um curativo me fazendo engasgar com a frase.

— Ok, de onde saiu isso?

— Dos meus pensamentos. — Ele falava quase que automaticamente, sem esboçar muitas expressões.

— Você está completamente bêbado, Vélez.

— É nosso estado mais sincero, não?! Pois bem, acho que faríamos um casal bonito.

— Se você diz...

Sem aviso prévio seus lábios atacaram os meus, dando início a um beijo calmo e tranquilo, suas mãos seguiram calmamente para minha cintura enquanto as minhas se estabeleceram no pescoço dele vez e outra indo até seu cabelo. Não sei ao certo quanto tempo ficamos ali mas o sol já começava a dar indícios que a manhã logo menos chegaria.

— Christopher, vamos para o quarto, já está amanhecendo. — juntei as garrafas de vodka já vazias e desci da casinha.

Ele desceu com dificuldade, servi de apoio durante o caminho até o quarto, o garoto andava entrelaçando as pernas e esbarrando em tudo que via pela frente.

— Sem barulhos, são 5 da manhã! — falei enquanto ele gargalhava olhando para a porta do elevador.

— Lia, devíamos fazer isso mais vezes.

Abri a porta quando finalmente chegamos no nosso destino, o empurrei para dentro rapidamente para que ele não fizesse mais nenhum barulho.

— Beber? Claro, quantas vezes você quiser.

— Não. — ele parou por alguns segundos me olhando nos olhos. — Nos beijar.

Não sabia o que dizer.

— Sabe, você beija tão bem, por que nunca nos beijamos antes?

— Porque somos amigos.

— Amigos podem se beijar, não podem?

E antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ele simplesmente correu até o banheiro e colocou tudo pra fora.

— Vem aqui, eu te ajudo.

Dei descarga, fechei a tampa e o coloquei sentado ali, sai em busca de uma toalha de rosto limpa na esperança de que a camareira tivesse deixado no armário e ali estava. Molhei um pouco o tecido e limpei a boca do moreno que insistia em murmurar palavras de alguma língua inventada por ele mesmo já que não faziam o menor sentido para mim.

Tirei sua blusa e sua calça e empurrei-o para debaixo do chuveiro, dando um banho gelado nele. Christopher logo se cansou e sentou no chão esperando a hora que eu desligaria a água fria. Peguei uma toalha de corpo secando até onde foi possível.

— Agora eu vou pegar uma cueca e você se troca ok? — ele assentiu ainda sentado no chão. — Pronto, aqui está. Estou te esperando aqui fora.

Passaram-se 10 minutos e ele finalmente saiu do banheiro, o cabelo ainda estava molhado e ele tinha colocado o calção de trás pra frente mas eu não iria me pronunciar sobre isso.

— Posso dormir aí?

— Vem. — respondi enquanto me movia para o lado abrindo um espaço para que ele se deitasse.

Christopher fez sinal para que eu deitasse em seu peito e assim o fiz.

— Lia? — murmurei em resposta para que ele prosseguisse. — Eu falei sério sobre tudo aquilo.

— Tudo bem. — fechei os olhos e adormeci tão rápido como nunca antes.

Always you | Christopher Velez Onde histórias criam vida. Descubra agora