C͜͡a͜͡p͜͡í͜͡t͜͡u͜͡l͜͡o͜͡ - X͜͡X͜͡I͜͡I͜͡

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"Me passeia que eu gosto de arrepiar

Sob sua digitais

É impossível calar

É feito sorte

Me abraça forte

E tateia todo meu caminho"

🍁

Bianca sorriu ao ver Rafaella se arrepiar sob as pontas dos seus dedos que acariciavam a pele exposta das suas costas. Não era só o corpo de uma que reagia ao toque da outra. Estavam em silêncio, deitadas lado a lado, com as respirações normalizadas há pouco. Rafaella tinha os olhos fechados e quase sorria com o carinho que recebia.

A distância que mantinham era suficiente para que Bianca a observasse, a admirasse e a decorasse mais uma vez. Lhe fazia um bem inigualável se encontrar em cada traço da mulher que pintava seus dias com as cores mais bonitas.

— Eu tenho algo para você — Rafaella disse ainda de olhos fechados, os abrindo em seguida e se deparando com dois olhos castanhos despertos por curiosidade e sorriu com isso. Se virou para o outro lado, podendo alcançar a primeira gaveta do criado mudo, a abrindo e procurando pela caixa preta aveludada que estava lá há dias.

— Rafaella? — Franziu o cenho quando a loira se sentou com a caixa nas mãos. Sentou-se também, trazendo o lençol sobre seu corpo devido ao calor que se esvaía.

— A caixa é um pouquinho grande para ser o que você está pensando. — Rafaella riu e viu o semblante de Bianca mudar e ficar mais tranquilo. — Eu estava esperando algum momento especial para te dar isso, e não consigo pensar em um melhor que agora. — Estendeu a caixa preta para Bianca, que a pegou e alternou seu olhar entre ela e o que tinha em suas mãos. A abriu e abriu um sorriso junto.

— Isso representa... — Bianca começou a falar mas foi interrompida por Rafaella.

— O estetoscópio representa o seu lindo trabalho como uma heroína salvadora de vidas. O que você é para mim.

— Uma heroína? — Seu olhar se alinhou ao de Rafaella que assentiu.

— E a folha de plátano representa o outono. Sempre foi minha estação favorita, e agora eu tenho um motivo ainda melhor para isso já que nos conhecemos no começo do outono.

Bianca tocou cada um dos pingentes, sem parar de sorrir. O colar prata com duas correntes, sem sombra de dúvidas, se tornara sua joia favorita em prazo de segundos.

— Você gostou?

— Me diga que isso foi uma pergunta retórica, por favor.

— Não está mais aqui quem perguntou.

— Ele é lindo, Rafa. Obrigada! — Voltou seus olhos à Rafaella que sorriu.

— Que bom que gostou. É para ter um pouquinho de mim com você.

— Já tem muito de você comigo, em mim. — Colocou a caixa sobre o criado mudo que havia do seu lado da cama também. Rafaella não respondera o que disse de imediato, e ao virar-se para ela novamente, analisou seu semblante sereno, e seus olhos verdes que olhavam diretamente nos seus. Aproveitavam o máximo que podiam sempre que acabavam se perdendo em cada imensidão da outra.

— Eu te amo — proferiu em tom baixo, mas completamente harmonioso para os ouvidos de Bianca.

Falar nunca fora mesmo necessário. Nunca houve dúvidas de que o sentimento existia e nunca faltara demonstrações, contudo, é inegável que as palavras causam efeito, e ainda maior quando ditas pela primeira vez.

As Folhas do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora