C͜͡a͜͡p͜͡í͜͡t͜͡u͜͡l͜͡o͜͡ - X͜͡X͜͡I͜͡X͜͡

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Boa noite! ❤

Vamos com o penúltimo capítulo.

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Uma das consequências de amar alguém é vê-la ou recordá-la em cada canto, em cada cor, em cada som, é deixá-la viva dentro de si, guardar em sua memória e em seus sentidos.

O outono começara novamente, o clima passava de quente à ameno, tudo ganhava tons diferentes. Estava prestes a fazer trezentos e sessenta e cinco dias desde que duas almas se encontraram e fizeram morada uma na outra.

Rafaella estava em seu último dia em Milão, seu curso acabara e ao mesmo tempo em que se sentia feliz, satisfeita e realizada, com a impressão de dever cumprido, já sentia uma enorme saudade de cada dia em que ensinou e aprendeu, dos dias em que teve a oportunidade de expressar seu amor pela moda de uma maneira diferente do que estava acostumada. Os meses pareceram passar depressa depois que os dias em que se negava a fazer qualquer coisa que não fosse dar aula passaram.

A época estava lhe dando uma sensação de pura nostalgia pois Bianca parecia ainda estar mais presente em si do que esteve nos quatro meses sem ela. Não podia mensurar a saudade que sentia, a falta de tudo que a mulher lhe oferecia e, que sem perceber, devolvia a ela.

Os meses que se passaram foram necessários para colocar em prática coisas que já sabia, mas que não estava acostumada a praticar. Conforme o tempo passou, as coisas passaram a fazer mais sentido. Bianca e ela eram completas demais enquanto davam certo, mas não por uma completar a outra e sim por serem, sozinhas, duas pessoas cheias e isso era o que gerava a harmonia. A distância deixou-as rasas, sendo assim, não havia a possibilidade de se transbordarem. Rafaella não queria completá-la ou vice-versa, queria estar inteira, assim como a outra. Na teoria é bonito que um relacionamento são duas pessoas completas que se transbordam, na prática, parecia fácil até faltarem pedaços. Precisavam se reconstruir sozinhas, cada uma em seu canto, para talvez um dia poderem se reinventar juntas.

Ainda doía a distância e o contato que ainda existia, mas era ainda mais raro que antes. Sabia de poucas coisas que acontecia na vida de Bianca em São Paulo, algumas informações dadas por Mariana. Não estavam mais juntas, porém ainda assim se importava, era uma necessidade saber se ela estava bem. Estava em paz em relação a isso, por mais que doesse, aprendera a conviver com isso e soube lidar com o fato de que amar alguém também significa deixar partir para outra direção, e se no final, o destino fosse novamente seus braços, não se importaria em esperar.

Tudo acontecia como tinha que acontecer, mudar o que já lhe era predestinado era pedir por caos.

- Abelhinha, está tudo bem? - Gizelly perguntou analisando Rafaella sentada na beirada da cama. Sua mala já estava com todas os seus pertences, faltava apenas fechá-la.

- Foi nesse quarto um dos momentos mais difíceis que tive que passar nesses últimos meses e agora ir embora é como deixar uma mala carregada de tristeza, saudade e dor aqui, mas só uma, ainda tem outra e essa não tenho como deixar, felizmente essa não é tão pesada - falou ainda olhando ao redor, com a voz baixa.

Gizelly se aproximou se sentando ao seu lado, passando seu braço por seus ombros, a trazendo para um abraço de lado.

- Você está feliz agora, não está? - Apoiou seu rosto sobre a cabeça de Rafaella que assentiu. - Você cresceu tanto nesse tempo, abelhinha, foram mudanças notórias mas sem deixar de ser você.

- Apesar de tudo, agora vejo que certas coisas são necessárias, é clichê dizer isso, mas as coisas ruins servem mesmo de lição.

- Claro que servem. Clichês só são clichês porque são verdadeiros.

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