C͜͡a͜͡p͜͡í͜͡t͜͡u͜͡l͜͡o͜͡ - X͜͡X͜͡I͜͡

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Estarei assistindo quando você encontrar alguém a quem vai assimilar felicidade.

As palavras da mais velha haviam sido completamente ignoradas por Rafaella quando ditas na cozinha da casa dos seus pais, dias após conhecer quem iria contradizer o seu silêncio como resposta negativa. De fato, Genilda estava assistindo durante os meses que transcorreram, o sorriso bobo da filha quando olhava para o celular quando recebia uma mensagem em horário de trabalho ou durante jantares na casa dos pais, quando comparecia sozinha; via seu semblante mudar a cada vez que fazia ou recebia uma ligação; e testemunhava de perto que seus olhos verdes, quando tocavam no nome de quem agora Rafaella assimilava à felicidade, ganhavam mais brilho, e os mesmos, tiveram suas pupilas dilatadas quando Bianca abriu devagar a porta da sala de Rafaella na empresa.

— Estão transferindo os funcionários do hospital para cá? — Rafaella perguntou.

Manu estava em sua sala há horas. Seu dia de folga fora completamente dedicado à Rafaella que insistiu para que fossem para outro lugar, porém, a amiga negou de todas as formas impedir seu trabalho, só queria passar um tempo com ela. Genilda tinha se juntado às duas fazia pouco tempo, como sempre, passara para se despedir da filha quando todos já haviam ido embora, mas acabou prolongando os assuntos.

— Sua filha, às vezes, é uma irresponsável, Genilda — Bianca disse depois de cumprimentar a mesma, após ter cumprimentado Manu também.

— O que eu fiz dessa vez? — Arqueou as sobrancelhas.

— Você se lembra de que tem um jantar em... — olhou o relógio em seu pulso e voltou a encarar a loira — meia hora?

— Pelo visto não mesmo. — Manu gargalhou ao ver a expressão assustada de Rafaella que levou as mãos ao rosto.

— Você me avisou uma semana atrás e eu esqueci completamente.

— Eu te mandei mensagens mais cedo e não foram visualizadas, nem minhas ligações atendidas.

— Você está encrencada, Kalimann. Está na minha hora. — Manu se levantou da cadeira onde estava e se aproximou de Rafaella lhe dando um beijo no rosto. — Foi ótimo meu dia de estilista.

— Foi ótimo passar meu último dia de vida com você. — Deu um riso que mostrava o quão nervosa estava, Bianca de braços cruzados a encarando séria lhe dava medo, mas ainda assim, só a achava mais linda ainda.

— Boa sorte, filha. — Genilda alternou o olhar entre sua filha e sua nora enquanto segurava a porta aberta aguardando por Manu que se despedia de Bianca.

Rafaella olhou para a morena que continuava imóvel no meio da sala ao ficarem a sós.

— Eu já estou me sentindo culpada, já pode parar de me olhar assim.

— Eu fui até seu apartamento, Kalimann, cogitei incontáveis métodos de tortura quando o porteiro disse que você ainda não havia chegado.

— Meu nome soa completamente sexy quando você fala.

O sorriso malicioso que os lábios de Rafaella formavam ao contornar sua mesa quase fizeram Bianca ceder. Quase.

— Odeio atrasos, você sabe disso. Odeio mais ainda quando você não olha essa droga de celular. — O semblante sério fazia a cicatriz acima do seu lábio superior ficar ainda mais acentuada e a veia da sua testa saltada.

— Avise sua irmã que vamos nos atrasar.

— Eu já avisei.

— Então agora me desculpe.

— Nem mais um passo que não seja em direção à porta, Kalimann. — Bianca deu um passo para trás a cada passo que a loira deu em sua direção, até encostar na porta.

As Folhas do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora