6 - Um obstáculo na Operação

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— Você se lembra de tudo que aprendeu na aula de reprodução? — Miranda perguntou para Caroline, enquanto estavam deitadas em sua cama, vestindo seus pijamas de seda. A garotinha ruiva confirmou, prestando total atenção na conversa. — Então você sabe que existe o sexo feminino e o masculino, definidos com base na genética, hormônios ou características físicas. O que a escola não costuma ensinar, é que existem pessoas que não se encaixam nessa definição. Elas são pessoas intersexuais, que são femininas e masculinas ao mesmo tempo, que não são completamente femininas ou completamente masculinas. — Ela viu a grande interrogação na expressão de Caroline, e tentou esconder seu nervosismo ao tratar de uma questão tão delicada para ela com sua pequena garota.

— O que isso tem a ver com a gente?

— Sua mãe é uma pessoa intersexual. Quando eu nasci, os médicos e meus pais não tinham certeza do meu sexo, por causa da minha genital, mas eu me sentia menina, me comportava como menina e fui criada menina. Eu tinha ovários, e produzia hormônios femininos na puberdade. Embora eu não possa gerar uma criança, eu posso engravidar outra pessoa, como no caso da sua outra mãe. Eu não sabia disso por ter receio de ir ao médico desde a adolescência, só soube quando descobrimos que ela estava grávida.

Miranda parou de falar e observou a multiplicidade de sentimentos passando pelo olhar azul de Caroline, no final, a garota pareceu aliviada, afinal, ela era tão filha de Miranda, quanto de Andrea, assim como sua irmã.

— Então quem é minha outra mãe? Por que eu não a conheço? Ela não me quis? Vocês se amavam? Por que não ficaram juntas?

— Querida, não vamos entrar nessas questões agora…

— Mas eu preciso saber! É a minha história. — A voz de Caroline embargou e Miranda engoliu seco.

— Bobbsey… — Implorou com os olhos úmidos. — Por favor, minha querida, isso também é difícil para mim. — As lágrimas escorreram por suas bochechas rubras e Caroline imediatamente a abraçou. Um abraço apertado e cheio de amor.

— Diga-me pelo menos como ela era. — Sussurrou e Miranda suspirou, tocando sua bochecha e olhando em seus olhos.

— Ela era adorável para lhe dizer a verdade. Quando nos conhecemos, ela era... na verdade, totalmente encantadora. Tudo bem? — Ela puxou o manto para cima de seus corpos. — Você está com frio?

— Estou bem. Então você a conheceu aqui em Londres?

— Nos conhecemos em Nova Iorque. Mas só nos demos conta de que estávamos apaixonadas em Paris, eu pensei que ela havia ido embora para sempre, e percebi o quanto aquilo doía, então ela voltou. Quando voltamos para Nova Iorque, ela sentou ao meu lado no avião e conversamos e… você sabe. — Encolheu os ombros.

— Sem flertes?

— Quando percebemos nossos sentimentos, nós meio que nos demos bem imediatamente.

— Então, quanto tempo ficaram juntas? Vocês se viram sempre depois disso? — Miranda suspirou e sorriu, enxugando as bochechas. Ela sabia que as perguntas não cessariam.

— Eu sabia que você iria me fazer todas essas perguntas um dia. Sabe, essa parte da sua personalidade me lembra sua mãe. Ela sempre fazia muitas perguntas, parece que ela criou você em vez de mim. Sim, nós nos víamos todas as noites, toda manhã e a cada hora no meio. Ela morou comigo por um tempo, então, uma noite no terraço, ela me pediu algo que eu não poderia dar naquele momento.

— Oh meu Deus, quer dizer, ela pediu você em casamento?

— Mais ou menos. Casais como nós não podíamos casar oficialmente naquela época. Mas ela queria trazer tudo a público, contar para família e tudo mais... e eu… eu disse não.

Operação Cupido (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora