O que ninguém espera

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Quase todos os meus assuntos estavam resolvidos, eu tinha resolvido o meu problema com Julio, mas não o meu problema com Sabrina, que tinha praticamente sido esquecido, então foi por esse motivo que assim que consegui, entrei no quarto de Fred e disse que Julio estava o chamando para levá-lo a escola, o menino saiu saltitante do quarto e foi ao encontro do pai.

- Você não desiste, não é? - Perguntou ela se sentando na cama.

- Minha mãe sempre disse que sou muito teimosa. Eu não posso decidir as coisas por você, não posso segurar na sua mão e a levar até aquele hospital e ajudá-la.

- Não, você não pode mesmo.

- Você tem que lutar. - Disse simplesmente. - Mesmo que você esteja mal agora podemos prolongar seu tempo de vida. Pelo menos para ter mais tempo com Fred.

- Não tenho pelo que lutar. - Eu a olhei, meu corpo se enchendo de uma fúria até então desconhecida.

- É claro que tem, aquela criança brincando na sala não é motivo suficiente para lutar?! - Rugi, ela arregalou os olhos por um momento e seu rosto ficou completamente vermelho.

- Você não entende nada! Não sabe o que é passar por isso, eu já vou morrer mesmo, pelo menos eu fiz algo para o futuro dele! Eu nunca conseguiria dar a ele o que vocês vão dar.

- Não estou pedindo para dar nada a ele, estou pedindo para que de mais tempo a ele, que lute por ele. Se for desistir, não o faça ver. Se for desistir da sua vida, não peça desculpa enquanto você vai morrendo, porque isso vai acabar com ele. Ele vai se perguntar se ele não era o suficiente e ele é só um menino.

- Você não entende. - Ela disse baixinho.

- Eu entendo. É simples assim. Você decide, vai lutar ou vai embora.

- Essas são minhas opções?

- No momento sim. - Respondi, eu sabia que era botar tudo a perder, ela iria querer ir embora e que não se sentiria mal. Mas aquele tinha sido seu plano por um longo tempo, deixar Fred conosco e ir embora. 

Julio e Sabrina estão conversando na cozinha, era uma das conversas da qual eu não queria participar, quase meia hora depois de eu ter sentado no sofá Julio me deu um beijo e disse que iria sair. Era engraçado pensar que ele nem conheceria o filho se não fosse pela doença de Sabrina. Eu não a culpava, não mesmo eu só queria que ela lutasse. 

Quando já tinham passado mais uma hora decidi que era um bom momento para ir deitar. Eu não estava com sono, mas meu corpo parecia conter uma exaustão enorme, provavelmente causado pelo pequeno ser vivendo em mim. Sorri pensando nisso e finalmente dormi. 

Fui acordada a algum tempo depois de ter dormido e a cabeça loura que despontava do outro lado da cama me olhava com uma certa curiosidade. Sabrina deve tê-lo buscado na escola. 

- Faith? - Perguntou o garoto.

- Sim. 

- Minha professora disse que Faith significa fé. - Disse o menino,  eu o olhei sem realmente entender o que estava acontecendo. - Por que? - Ele chutou os sapatos para poder subir na cama, uma rotina muito comum. 

- Acho que é porque acharam que eu estava morta quando nasci. - Me sentei na cama e ele sentou ao meu lado. - Como foi a escola? - Ele me olhou pensando e logo em seguida começou a falar. 

Perdidos no Tempo - EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora