Deus deve estar me castigando, eu tenho certeza que está, porque eu não mereço abrir as mensagens do meu celular logo pela manhã, de um número que não tenho salvo e quando olho a foto reconhecer os olhos azuis insuportáveis daquele bailarino idiota.
| bom dia Mike, eu posso te chamar de Mike né? Já faz algumas semanas e não entrou em contato, imagino que não tenho mais se apresentado :(
| porem eu vou me apresentar hoje, seu nome e o da Ashley vão estar na entrada, só dar seu nome quando for entrar
| inclusive eu já falei com ela, ela já aceitou então acho que vejo vocês hoje a noite :)
6:34Eu devo ter jogado pedra na cruz, por que o que eu fiz de tão ruim pra esse cara me escolher pra importunar? Eu não tenho mais o direito de ficar emburrado? É crime ser mau humorado agora?
Ele foi esperto, sabia que se falasse com Ashley de alguma forma ela iria me convencer, e ele estava certíssimo, eu fui comprado por um lanche e algumas cervejas, ela me prometeu que passaríamos em uma lanchonete antes de irmos e ela me pagaria essas coisas. Eu deveria dar mais valor a minha paciência e não me vender por tão pouco, eu sei, mas depois de tantos anos de amizade ela sabe como me comprar.
O teatro que fomos é outro, talvez metade do tamanho do que Ash me levou da última vez, então imagino que a apresentação também seja outra, Ashley continua com suas roupas coloridas e cabelo chamativo - agora azul, na realidade são perucas ou seja lá como ela chame, seu cabelo na realidade é curtinho e castanho - e eu continuo rabugento e no meu pretinho básico.
Eu estava certo quando disse que a apresentação seria outra, mais curta, mais sombria, com menos dançarinos, se não me falha a memória sequer são os mesmos dançarinos, não sei minha visão não é boa de longe, na verdade não é boa de distância alguma, não reconheço nenhum deles, a não ser por Luke é claro, já que ele quem nos convidou, mas também reconheço o amontoado de cabelo loiro balançando de um lado pro outro. Os bailarinos agora usavam preto e tons escuros de vermelho, os movimentos pareciam mais pesados, como se doesse se movimentar, como se estivessem machucados, não fisicamente, mas como se algo dentro deles doesse, eles são bons, eu não vou negar, são muito bons, mas eu estou tão irritado com toda situação desse cara forçando muito a barra que mal consigo me concentrar pra aproveitar a apresentação.
Ashley estava animada quando saímos da sala, tagarelando sem parar sobre como tudo foi sentimental e bonito, eu apenas concordando pensando na minha cama que me espera no meu apartamento, eu só quero descansar, mas como tudo é passível de dar errado na minha vida, aparentemente não vou o fazer tão cedo, já que Luke está parado na nossa frente com um sorriso no rosto, usando uma roupa justa e preta e com os olhos azuis destacados pela maquiagem escura, eu poderia dizer que a cor escura lhe cai bem e que ele está realmente bonito se eu não estivesse tão irritado.
- Gostaram?
- Foi tudo absolutamente incrível. - Ash elogiou.
- Eu nem sei porque estou aqui. - Resmunguei tomando uma cotovelada da minha amiga. - O que? Vai dizer que eu estou sendo rude? Eu só estou sendo sincero, ele é realmente talentoso e sabe disso, não precisa que eu diga, então por que todo esse circo pra eu estar aqui sendo que você e ele sabem que a dança não é meu forte, e que a presença dele não é a que mais me agrada? Eu só estou aqui porque ela me pagou um lanche, espero que saiba. - Imaturo? Talvez, mas o acordo incluía eu assistir a apresentação, não lidar com um dançarino sorridente e petulante, deveríamos ter assistido e ido embora, estar aqui já não me agrada muito, isso está indo além do meu limite depois de um dia de merda e uma noite mal dormida.
- Está tudo bem. - Luke interrompeu minha amiga que me olhava com um olhar raivoso pronta pra me dar um sermão. - Da primeira vez foi só uma coincidência eu te encontrar na cafeteria, gostaria que soubesse que não sou um perseguidor maluco, mas achei Ashley uma boa companhia e é divertido te importunar, ou acha que não notei que minha presença te incomoda? Eu não sei porque incomoda, mas é divertido, sabe, a vida de um bailarino não é muito agitada, é bom ter uma distração as vezes.
- Ótimo, tão me achando com cara de bobo da corte agora. - Existem poucas coisas que me tiram tanto do sério quanto me tirar de idiota, ele não é meu amigo, ele não tem intimidade, é não é de bom tom tratar e constranger as pessoas dessa forma.
- Michael Clifford tá todo mundo olhando, fecha o bico. - Deixa eu ver se entendi, ele diz que usa minha paciência como divertimento e eu quem tenho que fechar o bico?
- Que se foda, fica com seu dançarino de estimação.
E então eu saí, e decidi voltar pra casa andando, estou cansado? Sim. Vou aturar isso? Não. Eu sei que posso ter sido imaturo, mas eu me sinto exausto fisicamente e mentalmente, eu tenho uma rotina agitada e não mereço ser feito de entretenimento nas minhas horas vagas, eu não tenho mais idade pra isso, não tenho mais dezenove anos e estou na faculdade e morando com meus país, tenho vinte e seis e contas pra pagar, não tenho tempo pra ser o entretenimento de um dançarinozinho mimado e inconveniente e ainda ter que lidar com minha melhor amiga defendendo ele só porque tem um rostinho bonito e dança bem.
Se eu estou sendo imaturo então ele está fazendo um papel ridículo, porque chuto que temos a mesma idade e no lugar de focar na própria carreira prefere importunar os outros, sendo que poderia só ser amigável e se aproximar de Ashley já que gostou tanto da sua adorável companhia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beautiful Stranger ** MUKE
FanfictionMichael Clifford, um músico sem muito tempo vago em sua rotina agitada, que acaba por ter que encontrar tempo para um bailarino que simplesmente não gosta de ficar sozinho e precisa de sua constante companhia.