No ultimo mês, sempre que Luke vem aqui em casa agora traz um caderno, ele parece estar se dedicando ao seu tal projeto, ele tem aparecido menos vezes, talvez mais ocupado, pelo que Ashley me conta ele tem se dedicado mais a escola já que suas apresentações estão encerradas por algum tempo e ele também tem estado mais próximo dela e até mesmo do Cal, e eu fico feliz com isso, é sinal de que ele está tentando.
Na ultima semana quando minha mãe e meu pai me ligaram por chamada de vídeo eu senti saudade, sabe eles não moram longe, ha alguns anos compraram uma casa no meio do nada, é um lugar bonito ha poucas horas daqui, mas eu sinto falta de conversar com a minha mãe e pedir conselhos pro meu pai, pedir sua opinião sobre algum trabalho ou só jantar com eles, mamãe notou que algo estava errado e me perguntou o que estava acontecendo, eu meio que acabei contando sobre Luke, como ele é intrigante e talentoso e as vezes me tira do sério a ponto de eu querer socar a cabeça dele na parede, ela pareceu animada em saber que tenho um novo amigo, foi dessa forma que ela se referiu a ele, eu disse que as vezes é difícil lidar com ele e ela só disse pra que eu esperasse, que tudo estaria em seu devido lugar com o tempo, eu estou tentando seguir o conselho dela.
Hoje ele ligou dizendo que viria e que pegaria nosso almoço no caminho, então não me preocupei em preparar algo antes dele chegar, só continuei a fazer o que estava fazendo, eu tenho trabalhado em muitas musicas ultimamente, não tenho dormido direito por conta disso, eu não sei porque me dedico tanto a elas já que a grande maioria ninguém jamais vai ouvir, mas é o que gosto de fazer, ocupa minha cabeça e posso usar algumas para as minhas apresentações nos finais de semana, por mais que eu também tenha diminuído o ritmo delas, eu preciso descansar, sinto que meu corpo está chegando no limite.
Luke parecia agitado quando chegou, terminou rápido seu almoço e sentou no sofá com seu caderno, eu o observei por alguns minutos antes de sentar ao seu lado.
- Pode parar um minutinho? - Pedi. - Faz tempo que vem aqui mas nunca te mostrei um lugar. - Ele me olhou curioso, sorrindo, também parece cansado, porém não o tipo de cansaço que parece que vai te matar, só cansado por talvez o mesmo motivo que eu. - Pega seu caderno. - Pedi levantando do sofá pra também pegar meu caderno e meu violão.
Andei até o canto da cozinha, uma escada já ficava lá, a posicionei no lugar certo com um pouco de dificuldade e subi até alcançar a portinhola, a destranquei e abri pra que eu pudesse passar por ela, Luke me seguiu e quando já estávamos no terraço o olhei e ele parecia surpreso.
Essa é outra vantagem, meu apartamento pode ser pequeno, mas o terraço é todo meu, o quartinho improvisado que antes guardavam ferramentas agora é onde sento as vezes tentando compor algo ou só pra passar o tempo, eu tenho um espaço considerável, inútil já que não aproveito pra absolutamente nada, e também não dos mais bonitos, é só um concreto acinzentado e empoeirado, mas ainda é um bom lugar pra passar o tempo, a vista é bonita e é silencioso.
- Por que nunca me disse que conseguia ir até o telhado?
- Porque esse é o meu lugar. - dei de ombros e me encostei na parede, o sol já começava a se por, temos mais alguns minutos desse pequeno espetáculo.
Larguei meu caderno no chão pra que eu pudesse segurar meu violão, comecei a dedilhar sem conseguir me lembrar ao certo as palavras da musica que compus há alguns dias, então só acompanhava o som cantarolando baixo o que eu conseguia me lembrar. Luke tinha os olhos fechados e os últimos raios de sol batendo eu seu rosto, deixando seu cabelo ainda mais dourado.
Ele começou os movimentos de forma tímida e insegura, como quem anda por um caminho desconhecido, de forma sutil se movimentava pelo terraço, até que tudo se tornou muito sentimental, eu passei a tocar mais alto e cantar mais alto pra que ele pudesse ouvir de qualquer lugar do terraço, já não me importando muito mais se as palavras eram as certas ou não. O vento balançava seu cabelo e eu tenho a impressão que em partes guia seus movimentos, eu posso o ver sorrir, seu corpo parece leve, o por do sol torna tudo ainda mais delicado, como uma pintura recém feita, com a tinta ainda molhada, como se qualquer esbarrão possa mudar a arte que foi pintada.
Luke é uma pintura, tão bonito quanto as que Halsey faz, é uma musica que ninguém ainda teve o prazer de compor, porque é difícil colocar em palavras tudo o que ele transmite nesse momento, é uma visão que me sinto privilegiado em ter, porque as pessoas normalmente pagam por isso, e ainda assim não tem o que eu estou tendo agora, Luke em sua forma mais sentimental e crua, essa é definitivamente minha forma favorita, eu poderia tocar por horas seguidas só pra o ver dessa forma, porque isso é arte e a arte faz com que eu me sinta vivo.
Eu soltei meu violão e andei até ele em passos rápidos, movido por algo além do meu corpo, eu o observei por mais alguns segundos ainda dançar como se a música ainda tocasse dentro do seu corpo, ele me estendeu a mão e eu a segurei o trazendo pra perto de mim e tudo o que eu queria era isso, só estar próximo, ele me encarou por alguns segundos sorrindo, eu estava prestes a perguntar se tinha algum problema quando ele segurou meu rosto entre suas duas mãos e me beijou.
Foi repentino, e eu quase o afastei, até que senti suas mãos deslizando até minha nuca, então eu retribui, eu só abracei sua cintura com força e o beijei de volta, porque nesse momento é o que eu quero, e se eu sinto que nesse momento é o que eu quero por que eu o afastaria? Eu sinto que nesse momento não existe algo romântico acontecendo, é só como se nossa conexão tivesse se fortalecido tanto pela nossa paixão em comum que precisamos estar próximos de alguma forma, tornar em ato um sentimento, expressar essa conexão de alguma forma.
Seu corpo está quente assim como seus lábios, eu posso o sentir sorrir durante o beijo, posso sentir seus dedos enrolados no meu cabelo e seu coração batendo forte contra meu peito, e tudo o que eu posso fazer é o segurar firme contra o meu corpo garantindo que ele está perto, como caso ele se afaste um elo importante vai ser rompido.
- Isso foi intenso. - Murmurei quando ele afastou seus lábios dos meus.
- Me desculpe caso isso tenha te chateado de alguma forma.
- Luke... - Eu sinto que meu coração vai sair pela boca e agora acho que sei qual o problema de Luke comigo, e porque apesar de tudo eu o mantenho por perto, o que nos liga é a nossa arte, porque entendemos um ao outro dessa forma, nos comunicamos bem dessa forma, falamos a mesma linguagem, é assim que nos comunicamos sem precisar realmente dizer algo. - Talvez esse tenha sido um dos melhores momentos da minha vida.
- Por quê? - Ele perguntou rindo, sem fazer questão de se separar do abraço, seus dedos ainda se movimentando em um cafuné confortável.
- Eu não sei, só foi... lindo, foi lindo te ver dançar minha musica, e me sentir tão sentimental e ligado a você ao ponto de... precisar te ter mais perto.
- Eu te disse que funcionamos bem juntos. - Ele parece feliz, e eu sei que eu me sinto feliz. - O que acha de desenvolver esse projeto comigo? Eu sei que não tem muito tempo, mas eu me sinto mais inspirado a dançar quando toca e está por perto, as coisas funcionam melhor pra mim.
- E como isso iria funcionar?
- Eu não sei, você toca e eu danço, até encontrarmos o ponto certo entre coreografia e repertório, acho que se planejarmos não vai dar certo, não funcionamos dessa forma.
- Tudo bem, podemos tentar.
- Você pode tocar mais uma? Eu gostei de dançar aqui em cima.
- Quantas quiser.
- Obrigado. - Luke me abraçou com força antes de se afastar e eu o abracei de volta, desejando que ele ficasse próximo por mais alguns segundos, eu sinto que tenho a arte mais preciosa do mundo entre meus braços e esse é um sentimento que não sei descrever quais sensações me causa.
Eu voltei a tocar, e ele voltou a dançar, e quando disse que esse pode ser um dos melhores momentos da minha vida eu não menti, eu nunca senti alguém tão conectado com minhas musicas dessa forma, e o que é minha música se não uma extensão de mim? E esse tipo de coisa é o que um artista sempre procura, e chega em um ponto que é impossível separar o pessoal do artista, e isso foi o que acabou de acontecer, e confesso que não estou arrependido.
_______xXx______
Será que tá vindo aí?
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Beautiful Stranger ** MUKE
FanfictionMichael Clifford, um músico sem muito tempo vago em sua rotina agitada, que acaba por ter que encontrar tempo para um bailarino que simplesmente não gosta de ficar sozinho e precisa de sua constante companhia.