Jéssica Pimentel Richards
Hospital Hichello, Los Angeles
2 de janeiro de 1995, 20:42Na sala de espera. Estou andando pra caramba de um lado para o outro. Não consigo ficar sentada nem por um maldito segundo. O grande amor da minha vida está em um maldito quarto de hospital com aquele ex marido grudento dela. Ela não tem memórias e, pelo que eu posso contar desses 17 anos que ela perdeu de memória, ela me vê apenas como uma amiga. Isso só pode ser a porra de um pesadelo.
Como a minha vida pode desmoronar assim tão de repente? E eu nem tive a chance de conversar com ela ainda. Não tenho coragem porque não quero ver eles juntos tão de perto. Sinto náuseas só de olhar para Michael. Aquele aproveitadorzinho desgraçado. Ele nunca a esqueceu. Como ele teve a audácia de se infiltrar na nossa casa tantas vezes se passando por amigo, quando na verdade só estava esperando uma oportunidade para ter minha Petra de volta.
A raiva está fervendo dentro de mim. Eu sinto que estou prestes a explodir. Mas eu não posso. Não aqui, não agora. Eu preciso ser forte. Forte por Petra e por mim mesma. Eu não vou deixar esse desgraçado do Michael tirar tudo de mim. Eu vou lutar. Lutar com unhas e dentes se for preciso. Porque Petra é minha. Ela sempre foi e sempre será. E eu vou fazer de tudo para trazer as memórias dela de volta.
— Jess — Michael chama por mim com seu tom doce. Paro e me viro para o encarar.
— O que você quer? — rosno, tentando manter a calma.
— Jess, eu só queria... — ele começa, mas eu o interrompo.
— Não, Michael. Não quero ouvir. Você já fez o suficiente — digo, com minha voz tremendo de raiva. Eu me viro e saio da sala de espera, deixando Michael para trás. Eu preciso de um tempo sozinha. Preciso pensar. Preciso descobrir como vou lidar com tudo isso. Como vou trazer Petra de volta para mim. E eu vou. Porque eu amo essa mulher mais do que qualquer coisa neste mundo. E eu vou lutar por ela. Até o meu último suspiro.
22:03
Com os olhos fechados, eu posso ver Petra. Eu posso ver seu sorriso, ouvir sua risada, sentir seu toque. Mas quando eu abro os olhos, tudo o que vejo é a cidade abaixo de mim. As luzes brilhantes, as pessoas indo e vindo, a vida continuando como se nada tivesse acontecido. Como se o mundo não tivesse desabado.
Eu dou outra tragada no cigarro, sentindo o gosto amargo na minha boca. Eu olho para o cigarro entre meus dedos, pensando em como algo tão pequeno pode causar tanto dano. Assim como Michael. Ele pode parecer inofensivo, mas ele é a razão pela qual estou aqui, sozinha, fumando um cigarro no heliponto de um hospital. E eu parei de fumar há anos.
Olho para o céu. As estrelas estão brilhando lá em cima, indiferentes à minha dor. As estrelas parecem tão distantes, tão inatingíveis. Como Petra. Ela está aqui, mas ao mesmo tempo, ela não está. Ela está perdida em algum lugar nas profundezas de sua mente, presa em um passado que eu não faço parte.
— Eu paro de beber e você volta a fumar? — escuto meu irmão se aproximar. Ele para ao meu lado.
— É, parece que sim — respondo, sem olhar para ele. Eu posso sentir o olhar dele sobre mim, cheio de preocupação. Mas eu não quero a preocupação dele. Eu não quero a pena dele.
— Jess, você precisa parar com isso — ele diz, pegando o cigarro da minha mão e jogando-o fora — Você está se destruindo.
— E o que você sugere que eu faça, então? — pergunto, finalmente olhando para ele — Que eu apenas sente e assista enquanto Michael rouba a minha mulher de mim?
— Não, eu não estou dizendo isso — ele responde, suspirando — Mas fumar não vai resolver nada. Você precisa ser forte, Jess. Por você e por Petra.
— Eu estou sendo forte — digo entre suspiros.
— Você está sendo teimosa — ele retruca, cruzando os braços — E isso não é a mesma coisa que ser forte — olho para ele. Eu sei que ele está certo. Estou sendo teimosa. Estou me recusando a aceitar a realidade. Me recusando a aceitar que Petra pode não se lembrar de mim. Que ela pode não me amar mais.
— Eu vou lutar por ela — falo com minha voz baixa — Eu vou lutar até o fim. Porque eu a amo. E eu sei que ela me ama. Ela só precisa se lembrar.
— E você acha que fumar vai ajudar nisso? — Dan pergunta retoricamente levantando uma sobrancelha.
— Não, mas ajuda a acalmar os nervos — respondo, olhando para o cigarro que ele jogou fora.
— Jess, você é melhor do que isso — ele diz, colocando a mão no meu ombro. Eu olho para ele, meus olhos se enchendo de lágrimas. Neste momento, eu não me sinto forte. Eu me sinto quebrada. Perdida e sozinha.
— Eu só... eu só quero que ela se lembre de mim — sussurro com minha voz embargada.
— E ela vai, Jess. Ela vai — ele diz, me abraçando — Você só precisa ter paciência. E fé — o abraço e me entrego as lagrimas, me permitindo chorar nos braços do meu irmão. Agora, tudo o que eu sinto é dor.
5 de janeiro de 1995, 11:42
Eu estou aqui, parada, com a mão na maçaneta da porta, ouvindo Michael e Petra lá dentro. Ele está lá, ajudando-a a se vestir, falando com ela em um tom suave e reconfortante, preparando-a para a viagem ao Rancho Neverland. E Petra... Petra está lá, ouvindo-o, confiando nele. Como se ele fosse o marido dela. Como se eu não existisse.
Os filhos deles estão lá com eles e advinha? Ela não estranhou que eles estão enormes e já na faculdade. É como se ela não tivesse se esquecido deles. Outra coisa que pensei durante esses dias de tortura, Michael ainda não tinha sido atingido completamente pelo vitiligo e usava BlackPower em 1977 e ela não o estranhou de primeira quando o viu. Talvez, eu tenha alguma chance. Talvez, ela não se esqueceu completamente de mim.
A vontade que tenho é de entrar lá e arrancá-lo de perto dela. Quero gritar para o mundo que eu sou a mulher dela, não ele. Mas eu não posso. Não posso confundi-la e nem posso arriscar machucá-la.
Me afasto da porta. Eu me viro e caminho pelo corredor, meus passos ecoando no silêncio. Eu posso sentir as lágrimas queimando em meus olhos, mas eu as mantenho presas. Eu não vou chorar. Não aqui. Não agora.
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The Girl Is Mine
Fiksi PenggemarPetra Pritchett, a mulher mais poderosa do mundo, comanda o Departamento de Segurança dos Estados Unidos com determinação e coragem. Ela não se limita a dar ordens de um escritório, mas faz questão de estar na linha de frente das missões mais perig...