Capítulo 18

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Daniel Hichello Richards
Centro Médico Lady Di, Portland
8 de janeiro de 1997, 20:51

   Segurando a mão de Petra, espero ansiosamente pelo médico. Ele está lendo todos os exames com muita calma. Fiz Petra fazer inúmeros exames. Estamos aqui desde a uma da manhã. A sala é um cubículo estéril, mas confortável, com paredes pintadas em um tom suave de azul que deveria ser calmante. Há diplomas emoldurados e certificados pendurados com orgulho na parede, e uma estante cheia de livros médicos e plantas que lutam por espaço entre os volumes encadernados em couro.

   Petra está pálida, a luz fluorescente acentuando as sombras sob seus olhos determinados. Ela tenta sorrir, mas há uma tensão em seu rosto que ela não consegue disfarçar. Eu aperto sua mão, tentando transmitir uma coragem que eu mesmo estou longe de sentir.

   O Dr. Kang finalmente levanta os olhos dos papéis, e seu olhar é indecifrável. Ele é um homem de meia-idade, com cabelos negros e olhos que já viram muitas coisas. Lembro-me de quando o conheci, anos atrás, em uma cozinha italiana cheia de calor e risadas. Agora, ele está aqui, em um papel muito diferente, e a gravidade do momento nos envolve como uma névoa.

   — Petra — diz o Dr. Kang, com uma pausa que parece durar uma eternidade — Você é uma mulher extraordinária. Os resultados são... intrigantes.

   Petra me lança um olhar rápido, e eu sinto sua mão tremer na minha. Ela está se preparando para o pior.

   — Intrigantes? — ela repete, a voz um sussurro de incerteza.

   — Sim — ele continua, e agora há um brilho de algo que parece ser admiração em seus olhos — Você tem uma resiliência incrível. Seu corpo está lutando contra algo muito raro, mas você está vencendo essa batalha — aperto a mão de Petra mais forte.

   — O que isso significa, Dr. Kang? — pergunto, minha voz carregada de ansiedade.

   — Significa — ele diz, fechando o prontuário e nos olhando diretamente — Que Petra é mais forte do que qualquer doença que possa tentar desafiá-la. E isso, meus amigos, é algo que nem a ciência pode explicar completamente — Dr. Kang se levanta e caminha até o negatoscópio que fica na parede próxima. Ele acende o aparelho e coloca um raio-X na luz branca — Este é o raio-x da cabeça de Petra após o incidente da fábrica abandonada e este — ele coloca outro raio-X ao lado — É o que tiramos hoje. Vê aqui! — ele aponta para um pontinho brilhante na imagem. Petra se inclina para frente, franzindo a testa ao examinar o ponto que o Dr. Kang indica.

   — Um tumor — Petra balbucia, cada sílaba carregada de um peso que nenhum de nós queria reconhecer. Respirando fundo, ela se aconchega em meus braços, e eu sinto a fragilidade de seu corpo contra o meu. Encaro Kang, em busca de respostas. 

   — E agora, o que fazemos? — Dr. Kang, com a paciência de quem já passou por muitas tempestades, coloca uma mão no ombro de Petra.

   — Não é um tumor comum — ele começa — É algo que nunca vi antes. Está... está diminuindo, não crescendo. Desde o incidente na fábrica abandonada, tem reduzido em tamanho. Isso é... bem, é milagroso — Petra levanta a cabeça, olhando para o Dr. Kang.

   — Diminuindo? — ela repete, a incredulidade misturada com um vislumbre de alívio.

   — Sim — Dr. Kang confirma, um sorriso cauteloso se formando em seus lábios — E isso pode ser a chave para entender a sua resiliência extraordinária. Petra, você pode estar nos mostrando um caminho para novas descobertas médicas.

   — Isso não pode sair daqui, Kang! — minha voz sai mais firme do que eu pretendia, e vejo o espanto passar pelo rosto de Luca. Ele deixa de lado a postura profissional e me encara, confuso.

The Girl Is MineOnde histórias criam vida. Descubra agora