Capítulo 13: recomeços pt. 1

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Olá :))

Sejam bem-vindos à fase dois de Wrong One.

Porque parte 1, Mari? Pois essa é a visão da Amber sobre a vida dela em Nova York e já já (daqui 1 hora) vocês vão receber a parte 2, que mostra a visão do Tayler no mesmo espaço de tempo. 

Espero que vocês consigam responder todas as perguntas e teorias de vocês hahaha

Não se esqueçam de VOTAR e comentar no capítulo.

Aproveitem!!

Beijos.

Amber Collins

Nova York.

Seis anos depois.

O suor pinga de minha testa diretamente para o chão polido de madeira, se espalhando e infiltrando nas ranhuras do material. Minha respiração ruidosa e acelerada preenche meus ouvidos em conjunto com a música. Meu reflexo no espelho se move mostrando cada pequeno detalhe dos movimentos que realizo. Somos eu e a melodia, meu corpo e o compasso da dança. Tudo está em sincronia. Cada coisa em seu devido lugar. 

Elevo o pé, sentindo os músculos de minha panturrilha queimarem com o esforço e a pressão sobre meus dedos se tornar absurdamente dolorosa. Tenho certeza que, assim que retirar as sapatilhas no final do dia, vou encontrar pelo menos um dos calos sangrando. Faço esforço para me concentrar, impedindo que meu rosto demonstre qualquer expressão de dor. Não posso deixar o público saber o que eu sinto além da interpretação da dança e, muito menos, posso deixar meu parceiro ao menos farejar um sinal de cansaço. Se Hayes chegar a sonhar com a grande quantidade de hematomas que se espalham por baixo das minhas calças leggins que cobrem minhas pernas, ou pelos meus braços escondidos nas mangas compridas do collant, eu estou completamente e irrevogavelmente perdida.

Hayes Prescott.

O cara que tem atormentando meus pensamentos nos últimos meses e não apenas por ser minha dupla em um dos maiores desafios da minha vida, mas também por ser a porra de um príncipe encantado. Desses que está o tempo todo verificando se eu comi - e não porque ele sabe do meu histórico, mas porque ele sabe do histórico de todos os bailarinos no mundo - se eu descansei o suficiente antes do próximo ensaio e se eu não estou machucada por conta de algum salto. O cara que nunca chega para o ensaio sem um chá gelado extra e me leva até o meu apartamento sempre que anoitece, mesmo que ele more do outro lado da cidade.

A nota mais alta do refrão soa e eu preparo meu corpo para um grand jeté. Pego impulso flexionando os músculos da panturrilha e inclino minha coluna até que minha cabeça esteja completamente esticada para o lado contrário de meus braços. Sinto o movimento de subida e de descida muito mais bruscamente do que deveria e antes mesmo de atingir o chão, sei que preciso manter as pernas mais alinhadas e melhorar a altura do salto. Assim que minhas sapatilhas pousam com um baque surdo, perco a estabilidade, precisando me segurar em uma das barras laterais.

Aproveito a interrupção para descansar por um momento. Apoio a cabeça contra um dos braços flexionados, tentando normalizar a respiração acelerada. Minha cabeça lateja levemente e eu sei que está na hora de comer. Acordei tão cedo que sai de casa antes mesmo das cafeterias estarem abertas, mas trouxe algumas frutas e castanhas em minha bolsa por precaução. Sento contra o parapeito largo da janela, observando a vista dos prédios do Lincoln Center enquanto levo uma amora até a boca. O sabor levemente azedo se dissolve em minha língua ao mesmo tempo em que vejo os primeiros raios de sol brilharem sobre a fachada do David H. Koch Theater, lar do New York City Ballet.

Wrong OneOnde histórias criam vida. Descubra agora