Capítulo 01: reencontros.

8.4K 627 1.7K
                                    

- Amber - Posso ouvir a voz da minha mãe no fundo da minha mente, permeando minha mente sonolenta - AMBER! - Ela grita quando eu não respondo da primeira vez.

Me sento na cama, assustada. Pelas brechas em minha cortina, consigo ver que ainda está escuro lá fora. O relógio em minha mesa de cabeceira marca 03:30 da manhã de uma quinta-feira.

- O que aconteceu? - Eu esfrego os meus olhos, tentando entender o motivo dela estar me acordando naquele horário.

Ela liga a luz e eu praticamente grito pela sensibilidade, cobrindo meus olhos com os braços.

- Levanta! Você está atrasada! Dylan já chegou.

Então a realidade me atinge e eu estou mais desperta que nunca. Porra, eu tive dificuldade para dormir na noite anterior e não devo ter escutado o toque do despertador.

- Merda, sim - Chuto minha coberta para o lado, me levantando - Porra.

- Cuidado com a boca, Amber Eloise - Minha mãe me repreende - Tome um banho rápido, vocês precisam estar em LA até as 10:00, foi o horário que eu marquei com a responsável pelos dormitórios para você receber suas chaves - Eu assinto recolhendo as roupas que deixei separadas para a viagem, minhas malas já estão lá embaixo e só preciso fechar minha mochila depois que usar a escova de dentes e meu perfume - Vou avisar o Dylan que você se atrasou.

Ela se vira, saindo pela porta e me deixando sozinha em meu quarto. Claro que você vai avisá-lo, eu não tenho dúvidas disso.

Levo cerca de vinte cinco minutos para tomar meu banho, me vestir e aplicar um pouco de maquiagem. Olho em volta do meu quarto novamente, me certificando que não estou deixando nada importante para trás. Meus olhos, de forma traidora, recaem sobre a pequena caixa no alto do meu guarda-roupa.

Fico na ponta dos pés para alcançá-la. Há uma fina camada de poeira sobre a tampa e eu tomo cuidado para não me sujar quando puxo, olhando o conteúdo. Um ingresso, um colar, algumas fotos, a bandana. Eu encaro os objetos, sentindo o pequeno nó apertando minha garganta, enquanto me deixo pensar em Tayler, no que ele estaria fazendo nesse exato momento. Em alguma festa talvez? Comemorando o retorno às aulas? Jogando videogame com o Austin enquanto Jade e Julie reclamam ao lado deles? Qualquer uma das opções poderia ser real.

Eu o superei. Sei que sim. Eu amo meu namorado e nada além disso. Porém, algumas vezes eu me pego pensando sobre meu primeiro amor. É lógico que eu ainda sei um pouco da vida dele, afinal, ele está sempre com uma das minhas melhores amigas e com minha prima, mas eu faço de tudo que posso para blindar a presença dele. Por exemplo: não assisto stories de nenhum deles no instagram, sabendo que a qualquer momento posso me deparar com uma foto do garoto de cabelos loiros e braços tatuados. Evito ligar para as meninas em momentos específicos que ele possa estar por perto. Desenvolvi boas técnicas durante esse tempo. Algumas coisas, entretanto, ainda são inevitáveis: sei que ele é padrinho de Emma - porque minha avó resolveu que seria bom me informar sobre isso.

O grito de minha mãe vindo do andar debaixo me desperta, e eu me apresso enquanto resgato o colar do fundo da caixa e escondo-o em um dos bolsos de minha mochila. Algumas coisas têm significado demais para serem deixadas para trás. E na verdade, aquele colar seria sempre a lembrança de que não, ele não cumpriu suas promessas.

Quando eu desço as escadas, sou capaz de ouvir meu pai preparando o café na cozinha enquanto minha mãe conversa com meu namorado na sala. Óbvio que ela está com dois botões do seu roupão aberto e usa uma voz baixa e sussurrada tentando puxar assunto com Dylan. Eu me pergunto se ela se lembra que o marido dela está no cômodo ao lado, aquele com quem ela é casada há mais de vinte anos. Às vezes eu agradeço que ela nunca tenha conhecido o Tayler. Não que ele se compare com o Dylan.

Wrong OneOnde histórias criam vida. Descubra agora