Capítulo 13: recomeços pt. 2

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Parte 2, ansiosos?

Tayler Callahan

Seis anos depois.

Los Angeles.

Molho os pés na água morna que me cerca. O vento sopra em meu rosto, fazendo com que eu consiga sentir o gosto salgado do mar em minha boca. Não há ninguém ao meu redor e a areia cristalina reflete a luz do sol de maneira quase ofuscante. Me agacho para tocar o mar, molhando meu rosto em seguida. É reconfortante, me sinto em paz como em muito tempo não fazia.

De repente, o silêncio prazeroso é interrompido por um som contínuo. O barulho irritante do toque do meu celular penetra em minha mente, fazendo com que, pouco a pouco, eu me torne consciente do meu corpo e do lugar ao meu redor. A contragosto, abro os olhos lentamente, piscando ao tentar me acostumar com a claridade vinda das grandes janelas de vidro. Em que momento as cortinas foram abertas? Podia jurar que havia fechado as mesmas na noite anterior. Ou talvez ache que fechei por causa das três garrafas de vinho tinto ingeridas.

Sinto um peso contra o meu quadril e só então me dou conta da perna de Reese sobre mim e sua presença colada contra meu corpo. Seus cabelos lisos fazem cócegas em meu ombro conforme eu me estico para tentar alcançar o aparelho tocando insistentemente sobre a mesa de cabeceira. Quando me mexo, ela protesta, resmungando algo que não sou capaz de compreender, antes de virar o corpo para o outro lado, me deixando livre para erguer o tronco, encostando-o contra a cabeceira almofadada da cama.

O nome de Sam aparece na tela e eu atendo antes que a ligação caia, pois eu sei que se isso acontecer, vou precisar enfrentar um Samuel bem mais mau humorado após o episódio. Ele de parece muito com a minha mãe quando começa a reclamar sobre o fato de "para quê eu tenho um telefone se não vou atendê-lo?"

- O que houve? - Pergunto, deixando minha cabeça tombar contra o material frio atrás de mim. Fecho os olhos, tentando aliviar a sensação de peso que a domina.

Não era minha intenção beber na noite anterior, mas quando Reese apareceu em minha porta com o jantar em mãos, uma coisa levou a outra e nós fizemos um belo desfalque em minha adega.

- O que houve? - Ele repete a pergunta, enfaticamente - Você por um acaso não esqueceu que temos uma entrevista daqui a uma hora, não é mesmo?

Levanto da cama com um salto, sentindo todo meu corpo protestar em resposta assim que meus pés tocam o chão frio com impacto.  Meu pescoço lateja ligeiramente e eu me amaldiçoo-o por dormir com tantos travesseiros.

- Merda! - Resmungo colocando o aparelho no viva voz enquanto corro para o banheiro - Sim, eu esqueci, mas vou estar aí em vinte minutos, prometo.

Sam ri, debochando do meu desespero.

- Você quem sabe gatinho, dou cinco minutos para as notícias de que você seguiu carreira solo se espalharem depois que viram eu e Austin chegando sozinhos ao estúdio.

No fundo, Austin grita algo que eu entendo como "eu sou o vocalista favorito agora".

- Me livrar de vocês não seria má ideia, estou cogitando fortemente essa possibilidade - Brinco, apoiando o celular sobre a pia enquanto deixo a cueca cair sobre o chão e penduro uma toalha limpa no box - Vejo vocês em vinte minutos, tchau.

- Boa sorte - É tudo que eu ouço antes da ligação ser encerrada.

Então entro no chuveiro, não fazendo questão de mudar a temperatura e deixo a água fria atingir minhas costas com a intenção de que ela me desperte um pouco mais. Preciso me livrar do rosto de sono e da expressão de ressaca se não quiser dar mais assunto ainda para quem quer que seja o fotógrafo da vez me seguindo. 

Wrong OneOnde histórias criam vida. Descubra agora