Capítulo 02: desafios.

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A expressão no rosto de Austin passa de assustada para preocupada sob meu olhar atencioso. Ele parece me analisar cuidadosamente, tentando entender se eu estou realmente consciente do que estou pedindo. Aumento a pressão dos meus dedos em seu punho esperando que ele tome alguma atitude.

- Austin? - Chamo, para que ele tenha certeza que estou decidida.

- Ambers... - Ele balança a cabeça, assumindo uma expressão que vi poucas vezes no rosto dele. Austin sempre foi o palhaço entre nós, então vê-lo sério daquele jeito é realmente raro - O quanto você bebeu?

Franzo o cenho, me perguntando se ele está brincando comigo. Não parece.

- O que? - Respiro fundo - Eu acabei de chegar aqui. Aquele era meu drink - Aponto para o copo cheio em cima da mesa - Eu nem sequer bebi dele.

- Você tem certeza? - Ele pisca um pouco, usando a mão livre para puxar os cabelos para trás - Eu não sei se essa é a melhor opção.

Eu também não sei. Mas não posso voltar atrás agora. A nova Amber não se intimida com coisas pequenas. Ela não deixa que digam o que ela deve ou não fazer, isso ficou no passado. E por mais que nesse momento eu tenha minha dúvidas sobre o quão precipitada foi essa decisão, eu não posso simplesmente sentar lá e deixar que o sonho do meu amigo - e de alguém que já foi importante para mim - sejam jogados por água abaixo. Não quando eu talvez possa resolver algo.

- Não é - Jade se intromete, balançando a cabeça freneticamente - Amber pelo amor de Deus não é assim que as coisas vão ser resolvidas.

- Que coisas Jade? - Eu me movo para encará-la. Meus olhos passam brevemente por Madson e eu quase sinto pena, ela parece confusa e um pouco culpada, mas não tenho tempo para explicar as coisas para ela agora - Existe algo que eu precise resolver com o Tayler? Ou ele tem algo para resolver comigo? Não fui eu quem fugiu.

- Ambers... - A voz de Julie soa baixa ao meu lado, como se ela tivesse receio da minha reação - Não acho que a melhor saída agora seja brigar.

Reviro os olhos enquanto agarro a mão de Austin novamente, puxando-o alguns passos para fora da roda. Como eu disse, não suporto mais que as pessoas me digam o que fazer. Aguentei minha mãe a vida toda dizendo o que era bom para mim ou não, desde o que eu comia, até o estilo de dança que eu deveria fazer e o que vestir. Depois, deixei que Tayler ditasse o que ele achou que era melhor para o nosso relacionamento e olha onde chegamos agora. Por isso, não, não deixo que as pessoas me digam mais o que fazer.

- Eu não vou brigar - Digo, apesar de não ter certeza sobre isso - Se ele tem um problema comigo aqui, eu espero que ele me diga qual é, se for convincente, então talvez eu possa ir embora. Agora anda Austin, pra onde eles foram?

Ele suspira levemente, tomando alguns segundos antes de se virar na direção oposta me puxando para a lateral do palco, onde o som fica absurdamente alto e há um segurança na frente de uma passagem tapada por uma cortina. O homem vestindo uma camisa social branca e calças jeans escuras apenas acena com a cabeça para ele, antes de liberar nossa passagem puxando o tecido para o lado.

Nós entramos em um corredor de paredes pretas e iluminação amarelada. O cheiro é um pouco forte e não me lembra nada agradável. Parece que derramaram álcool por todas as paredes e esqueceram de limpar. Conforme caminhamos, a música se torna abafada e longínqua, e eu imagino que seja pelo isolamento acústico do local. Há algumas portas fechadas até o fim do corredor, a maioria delas contém pequenas folhas de papel coladas com durex indicando sua função. A última delas tem "camarim" escrito em letras garrafais e meu amigo solta sua mão da minha para empurrar o material pesado de metal.

Wrong OneOnde histórias criam vida. Descubra agora