O Amor no banco dos Réus

De Jure

Capítulo XVII- De Jure

"É impossível dar errado se você decidiu tentar até dar certo."

As motivações que regem as ações de um indivíduo podem ser complexas e sutis. Um olhar mal interpretado, um carinho atencioso, uma palavra dita em um tom equivocado, um desejo avassalador, um toque desmedido, uma ação simples ou direta; seja lá o que o mova, após dado o primeiro passo, concentre-se em seu objetivo final, ele ditará se os passos seguintes valerão a pena e se suas motivações não são meros caprichos de um ego ferido ou de uma mente leviana.

Pois a alavanca que nos faz agir, pode ser somente armadilhas criadas por pessoas cruéis que despertam em nós sentimentos confusos, resultando em uma cegueira inépcia, até um desfiladeiro de pensamentos incoerentes e ações impulsivas.

Conhecer a fonte da sua motivação, é tão importante quanto entender se o seu estopim não passa de um estímulo temporário e se você será capaz de enfrentar todos os percalços que surgirão durante sua procissão até o fim. Pois, do que adianta dar o primeiro passo, e não ter forças para o segundo, terceiro, vigésimo quinto?

Às vezes o prêmio final está logo ali a poucos passos, outros a uma longa e árdua jornada de distância, e manter-se focado, quando todas as circunstâncias lhe apontam para a desistência, é a única coisa que lhe fará, no fim, desfrutar da satisfação de dever cumprido.

Kim Taehyung nunca foi um desistente, suas decisões sempre se basearam em astutos planejamentos. "Hacer o no hacer", não havia espaço para tentativas quando se encara o "tentar" como uma forma de aprender a fazer aquilo do qual ainda não é capaz, e principalmente como um meio de alcançar o impossível, afinal, o impossível só é algo difícil demais de conseguir, o que não significa que não pode ser feito.

Com a motivação certa, o impossível torna-se real.

E ele conhecia bem o gatilho que o levou a se mover quando decidiu dar o primeiro passo, e não pararia até alcançar Sofia, sua principal motivação. De fato, encontrou, no decorrer do percurso, incentivos e incentivadores, mas também, doses potenciais de desencorajamento.

Amigos e aliados que se provaram leais, inimigos inescrupulosos, reencontros inesperados, porém necessários, descobertas pessoais, e um amor improvável. Todos parte de um conjunto de fatores que o levaram a persistir, e o incentivaram a continuar, um passo por vez, e agora em uma das celas do Centro Correcional Metropolitano de Nova Iorque, Taehyung sentia-se pronto para pôr um fim a sua longa caminhada e executar sua última missão.

— Você é bom mesmo, Noel. Achei que não encontraria meu mais novo endereço.

Dividia a cela com um bêbado fantasiado de bom-velhinho, que desmaiou de sono cinco minutos depois que a conversa inusitada tinha se iniciado.

— Eu sei que não fui exemplo de bom garoto, mas valeu, dessa vez o senhor caprichou no presente — Soprou um sorriso, se referindo a finalmente possuir a guarda definitiva da filha, cruzando os braços debaixo da cabeça, deitando o mais confortável que podia na cama dura da prisão — O Jungkook vai me matar.

⚖️

Jimin tentava acalmar o amigo que andava de um lado para outro do apartamento, esforçando-se para não surtar por completo.

Assim que o assistente lhe contou acerca do paradeiro do fotógrafo, ele compreendeu as pretensões de Taehyung, afinal seria uma das alternativas que há dias vinha trabalhando às escondidas dele.

Audiência essa que nunca aconteceria agora com o réu entregue.

Jimin o guiou para a cozinha lhe oferecendo um copo grande de água, Jungkook respirava fundo, sentindo mais uma vez o peso da caixinha com o anel em mãos.